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Nos confins dos oceanos, os recifes de corais desdobram-se em um papel vital, conferindo não apenas beleza, mas sustentando intrincados ecossistemas marinhos. São como as espinhas dorsais de um vasto edifício, onde os corais, como tijolos e vigas, criam a estrutura física dos recifes. Mais do que meros componentes da paisagem, esses seres vivos são berçários para uma miríade de outras espécies marinhas. Eles oferecem refúgio e alimento a uma variada fauna marinha, desde peixes coloridos até polvos astutos, criando um ecossistema complexo e interdependente.
A tragédia iminente que paira sobre esses recifes se desenha nas mudanças climáticas, uma ameaça cada vez mais incontornável. O aumento nas temperaturas dos oceanos desencadeou um fenômeno terrível: o branqueamento dos corais. Este é um estresse que obriga os corais a expelirem suas simbióticas microalgas, vital para sua nutrição. Contudo, com o aumento da temperatura, essas microalgas se tornam tóxicas, forçando os corais a se desfazer delas e assumir uma coloração esbranquiçada.
Nos últimos anos, os recifes costeiros de Alagoas têm sido vítimas particularmente ferrenhas desse branqueamento. Um declínio drástico está à vista, ameaçando não apenas a vida marinha, mas também os setores econômicos que dependem desses ecossistemas para sobreviver.
A resposta a essa crise emerge na forma de uma expedição científica liderada pelos eminentes professores e pesquisadores Robson Santos e Ricardo Miranda, da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Sua missão é monitorar de perto os recifes da Área de Proteção Ambiental (APA) Costa dos Corais, abrangendo a costa alagoana, desde os populares destinos turísticos de Maragogi até Maceió.
Neste período crítico, de setembro a novembro de 2023, eles estarão observando atentamente o comportamento dos corais durante e após o verão de 2023/2024, previsto para ser marcado por um episódio climático do El Niño, elevando drasticamente as temperaturas médias da água do mar e, por conseguinte, o risco de branqueamento.
As instituições internacionais de monitoramento climático soaram o alarme, prevendo um aumento significativo nas temperaturas do mar. Isso acendeu uma luz de alerta para a inevitabilidade do branqueamento dos corais. O projeto de pesquisa não apenas registra a reação dos corais a esse aumento de temperatura, mas também avalia o impacto diferenciado em áreas protegidas e não protegidas ao longo da costa de Alagoas.
As atividades da pesquisa já estão em andamento, com expedições meticulosas na APA Costa dos Corais, realizadas entre os dias 11 e 15 de setembro. Durante essas incursões, os pesquisadores da Ufal coletaram dados minuciosos, monitoraram a temperatura da água por meio de sensores térmicos de alta precisão, capturaram imagens subaquáticas em resolução excepcional dos corais e realizaram censos visuais para estimar as populações de espécies de peixes residentes nesses ambientes marinhos. Além disso, mapearam a complexidade estrutural dos recifes utilizando equipamentos tecnologicamente avançados.
A pesquisa também se concentra em mapear a estrutura física do substrato dos recifes com uma sonda de rugosidade digital. Isso permitirá compreender como o habitat físico dos recifes pode ser afetado caso ocorram mortes em larga escala dos corais devido ao branqueamento. O projeto visa avaliar as consequências das mudanças climáticas na saúde dos ecossistemas recifais, vitais para as comunidades costeiras, cuja subsistência e sustento dependem da pesca e do turismo.
Essa missão científica é uma parte intrínseca de um projeto mais amplo que examina o impacto das áreas marinhas protegidas na conservação dos corais e peixes ao longo da costa de Alagoas, em face dos desafios impostos pelas mudanças climáticas. Novas expedições estão planejadas para os próximos meses, graças ao apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), em colaboração com o Programa de Pesquisas Ecológicas de Longa Duração (PELD) Costa dos Corais.
À medida que o mundo se confronta com as complexidades do aquecimento global, esta pesquisa não apenas ilumina a intrincada interação entre humanos e recifes de corais, mas também ressalta a urgência de ações concretas para preservar esses tesouros marinhos, cruciais para o equilíbrio e a sustentabilidade dos nossos ecossistemas marinhos.
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Editado:https://ufal.br/ufal/noticias/2023/10/pesquisa-da-ufal-monitora-branqueamento-dos-corais-na-costa-alagoana
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