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Estudo confirma que povo japonês antigo moldava propositadamente seus crânios

O crânio deformado de um indivíduo encontrado no sítio de Hirota. (The Kyushu University Museum/Noriko Seguchi/Seguchi et al., PLOS ONE, 2023)

Crânios de sítio arqueológico japonês revelam moldagem cultural e não acidental

A modificação intencional da forma dos crânios é uma prática corporal fascinante adotada por diversas culturas humanas ao longo da história. Em todo o mundo, muitas sociedades alteraram artificialmente a morfologia de suas cabeças por motivos culturais e rituais. No Japão, porém, as evidências de indivíduos deformando seus crânios de propósito são muito raras, havendo indícios apenas na ilha de Tanegashima, entre os séculos III e VII.

As possíveis alterações nos crânios encontrados eram sutis, não permitindo descartar fatores não intencionais. Uma nova análise aprofundada realizada por pesquisadores da Universidade de Kyushu confirmou que os habitantes do sítio arqueológico de Hirota, na ilha de Tanegashima, modificavam propositadamente a forma de seus crânios, tanto homens quanto mulheres.

Pesquisa comprova deformação craniana intencional em comunidade do Japão antigo

O sítio de Hirota é um extenso cemitério do povo Hirota, que viveu na ilha entre o final do período Yayoi e o início do período Kofun, aproximadamente dos séculos III aos VII. Foram descobertos centenas de esqueletos completos e parciais, além de milhares de objetos funerários, fornecendo um rico material para estudar aquela comunidade.

Alguns crânios exibiam possível deformação, caracterizada por cabeças curtas e parte traseira achatada, especificamente nos ossos occipital e parietais. Porém, não estava claro se essas formas resultavam de modificação intencional ou de fatores acidentais.

Para resolver esse mistério, os pesquisadores da Universidade de Kyushu realizaram uma análise comparativa abrangente utilizando imagens 2D e digitalizações 3D. Foram incluídos crânios do povo Jomon, anterior aos Hirota, e de um povo contemporâneo de outra ilha, os Yayoi Doigahama. Ao todo, foram analisados 19 crânios de Hirota, 9 de Jomon e 28 de Doigahama.

Inicialmente, foi feita uma comparação visual das características morfológicas entre os grupos, complementada por uma análise estatística das formas e contornos cranianos. Os resultados revelaram distinções claras nos crânios de Hirota, com achatamento na parte posterior e outras singularidades, indicando que a forma não havia ocorrido naturalmente.

Os crânios de Hirota apresentavam depressões e assimetrias em suturas, além de protuberâncias ósseas, fortes indícios de que foram intencionalmente moldados. Essas alterações não estavam presentes nos crânios Jomon nem nos Doigahama. Portanto, a explicação mais provável, segundo os pesquisadores, é que representam uma modificação cultural realizada exclusivamente pelo povo Hirota.

Os resultados morfológicos e variabilidade estatística significativa entre os Hirota e os outros grupos analisados confirmam essa hipótese. O achatamento na parte traseira do crânio, com modificações específicas nos ossos occipital e parietais, juntamente com depressões em suturas cranianas, sugerem enfaticamente uma deformação intencional, conforme os autores.

Não se sabe ao certo os motivos pelos quais os Hirota se envolveram nessa prática de moldar os crânios, presente tanto em homens quanto em mulheres na comunidade. Uma possibilidade é que tinha o objetivo de reforçar a identidade cultural do grupo, distinguindo-os de outros povos próximos da ilha.

De toda forma, o estudo representa uma contribuição significativa para o entendimento das modificações cranianas intencionais em sociedades antigas, prática que tinha diversos significados culturais nas civilizações passadas. Os pesquisadores esperam que novas investigações na região tragam mais informações sobre o contexto e propósitos dessa alteração corporal entre os Hirota e povos do leste asiático.


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O caso dos Hirota representa um raro exemplo de deformação craniana proposital no Japão, ao contrário de outras partes da Ásia onde era mais difundida. Apesar das alterações sutis, a análise meticulosa permitiu confirmar que a forma singular dos crânios tinha origem intencional, descartando explicações acidentais.

O estudo expande o conhecimento sobre esse tipo de modificação corporal praticada em determinadas sociedades e períodos históricos. Ainda resta desvendar com mais profundidade o contexto cultural e o significado dessas alterações especificamente para os Hirota. Mas, por ora, foi possível provar que o formato distinto dos crânios naquela comunidade japonesa remota decorria de uma intenção de moldar a própria cabeça.

A deformação craniana era uma expressão corporal e ritual importante para muitos povos antigos. Embora não fosse comum no Japão, o caso dos Hirota vem confirmar essa prática também naquela região, ainda que de forma mais discreta. O estudo abre caminho para mais investigações sobre as motivações e o contexto sociocultural por trás dessas modificações físicas em comunidades passadas.

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Com Agências :
A pesquisa foi publicada no PLOS ONE .

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