Recentemente , o Conselho Federal de Psicologia apontou problemas éticos na prática da Constelação Familiar
O documento (Nota Técnica CFP nº 1/2023)foi elaborado por um grupo de trabalho instituído no âmbito da Assembleia de Políticas, da Administração e das Finanças (Apaf), composto pelo CFP e por representantes dos Conselhos Regionais de Psicologia (CRPs) das cinco regiões do país.
Nesse texto , iremos analisar os pontos principais contidos na Nota Técnica do Conselho Federal de Psicologia
Alguns dos principais problemas éticos são:
- Violação de privacidade - A Constelação Familiar pode expor informações confidenciais sobre terceiros sem o consentimento deles, o que fere a ética profissional.
- Interpretações não fundamentadas - O facilitador pode fazer interpretações sobre a dinâmica familiar sem evidências suficientes, o que extrapola seus limites de competência.
- Risco de danos - Abordar conflitos familiares complexos sem treinamento adequado em terapia familiar sistêmica pode causar maiores danos aos envolvidos.
- Embasamento questionável - A falta de fundamentação científica da Constelação Familiar vai contra o princípio do CFP de que intervenções psicológicas devem ser baseadas em evidências.
- Simulações problemáticas - Representar e interpretar membros da família pode levar a simulações imprecisas e antiéticas.
- Risco de reforçar estereótipos ao representar membros da família e suas supostas dinâmicas.
- Possibilidade de promover culpa ou julgamentos sobre comportamentos familiares do passado.
- Perigo de rotular membros da família com papeis limitantes ou depreciativos.
- Falta de sigilo sobre informações obtidas em sessões grupais com múltiplos clientes.
- Conflito de interesses ao misturar terapia com crenças espirituais/religiosas.
- Dependência do cliente na figura do facilitador, prejudicando autonomia.
- Risco de iatrogenia ao lidar com traumas sem treinamento adequado.
- Promover falsas memórias ou distorções sobre lembranças familiares.
- Banalizar questões complexas intrafamiliares e transgeracionais.
- Desrespeito à intimidade e vida privada de membros da família ausentes.
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- Falta de formação adequada em psicoterapia familiar sistêmica.
- Risco de atuar como psicólogo sem ter esta qualificação profissional.
- Possibilidade de se aproveitar da vulnerabilidade emocional dos clientes.
- Criar falsas expectativas sobre os benefícios da abordagem.
- Interpretar dinâmicas familiares complexas sem conhecimento suficiente.
- Ausência de supervisão profissional para seus casos clínicos.
- Falhas em obter consentimento informado dos participantes.
- Quebra de sigilo profissional sobre casos individuais em sessões grupais.
- Desrespeito a divergências culturais e crenças dos clientes.
- Risco de abuso de poder e manipulação da transferência do cliente.
O Conselho Federal de Psicologia, ainda menciona que "as bases teóricas usa da violência como mecanismo para restabelecimento de hierarquia violada – inclusive atribuindo a meninas e mulheres a responsabilidade pela violência sofrida".
O uso da violência para restabelecer hierarquias violadas ou atribuir a culpa às vítimas de violência é totalmente antiético e inaceitável.
Alguns pontos importantes:
- A violência nunca deve ser justificada como mecanismo educativo ou punitivo, independente do contexto. É uma grave violação de direitos humanos.
- Atribuir às vítimas a culpa pela violência sofrida é revitimizante e reforça a cultura da violência e da impunidade.
- Nenhuma pessoa "provoca" ou é responsável pela violência que sofre. A culpa é sempre do agressor.
- Hierarquias familiares ou sociais não justificam violência contra grupos subordinados como crianças, mulheres e minorias.
- Meninas e mulheres têm direito à integridade física, psicológica e moral. Violência de gênero é crime.
- Cabe aos psicólogos combater essas noções distorcidas sobre violência e papéis de gênero com informação e educação.
- Os direitos humanos devem ser defendidos incondicionalmente. Hierarquias não estão acima da ética e da lei.
- Portanto, atribuir culpa às vítimas e usar violência para disciplinar são totalmente contrários à ética profissional e aos valores dos direitos humanos.
No texto do Conselho Federal de psicologia , há um alerta : "a sessão de Constelação Familiar pode suscitar a abrupta emergência de estados de sofrimento ou desorganização psíquica, e que o método não abarca conhecimento técnico suficiente para o manejo desses estados – o que conflita com a previsão do Código de Ética Profissional do Psicólogo."
Essa observação do Conselho Federal de Psicologia sobre os riscos da Constelação Familiar é pertinente. De fato, abordar conflitos familiares complexos pode suscitar sofrimento e desorganização psíquica, como:
- Reviver traumas e abusos do passado
- Entrar em contato com sentimentos reprimidos, como raiva e mágoa
- Desestruturar percepções sobre histórias e relacionamentos familiares
Realizar sessões de Constelação Familiar com transmissão aberta, seja presencialmente ou online, fere gravemente o sigilo profissional previsto no Código de Ética do Psicólogo.Essa crítica do CFP é extremamente válida.
Alguns problemas com essa prática:
- Expõe informações confidenciais dos clientes a pessoas não autorizadas.
- Viola a privacidade e intimidade dos envolvidos na constelação.
- Impede que os clientes se sintam seguros para expor vulnerabilidades.
- Desrespeita a imagem e a história de membros da família retratados.
- Banaliza questões delicadas e complexas de dinâmica familiar.
- Pode gerar reconhecimento público não desejado pelos participantes.
- Transmite a mensagem de que o sigilo profissional é flexível.
De fato, algumas premissas da Constelação Familiar parecem desconsiderar os direitos de crianças e jovens, indo contra resoluções do sistema de conselhos de psicologia e o ECA.
- A visão de que hierarquias familiares são naturais pode justificar abusos de poder e violência contra grupos vulneráveis como crianças.
- A ênfase em obedecer e se submeter aos pais ignora o direito da criança e do adolescente à proteção integral.
- Interpretar problemas atuais como consequências de transgressões passadas dentro da dinâmica familiar (within family dynamics) pode revitimizar e culpar indevidamente crianças e jovens por abusos sofridos.
- Desconsiderar as necessidades evolutivas e a progressiva autonomia de crianças e adolescentes conforme preconiza o ECA.
- Naturalizar a violência psicológica, física ou sexual dentro de famílias.
Os princípios da Constelação Familiar muitas vezes entram em conflito com as normativas sobre gênero e sexualidade da psicologia:
- Ao ressaltar papéis tradicionais de gênero, pode patologizar identidades e orientações que fogem da cis-heteronormatividade.
- Interpretar a homossexualidade como "desordem" na hierarquia familiar é preconceituoso e viola diretrizes do CFP.
- Culpar mães por problemas dos filhos ou atribuir a elas todos os cuidados parentais é sexista e reducionista.
- Desconsiderar novos arranjos familiares e multiplicidade de modelos parentais é limitante.
- Sugerir complementaridade rígida entre masculino e feminino reforça estereótipos de gênero.
- Ignorar questões de poder, privilégio e violência de gênero dentro de famílias.
É papel do psicólogo romper com noções limitantes e preconceituosas sobre gênero e sexualidade em seu mister, sempre respeitando a diversidade e garantindo direitos de todos.
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