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Mayaro e Oropouche são os dois vírus amazônicos que representam o maior risco para humanos

ilustração vírus mayaro
ilustração vírus mayaro


A Amazônia é o maior reservatório natural de vírus do Brasil ?


 Não há dúvidas, e poucas pessoas sabem disso, mas a Amazônia é o maior reservatório mundial de arbovírus, os vírus transmitidos por insetos hematófagos (que se alimentam de sangue). 

Há uma abundância de artrópodes hematófagos, que funcionam como vetores, e hospedeiros intermediários, principalmente mamíferos e aves, que podem servir como hospedeiros primários para esses vírus. 

No Evandro Chagas, isolamos e descrevemos 220 arbovírus da Amazônia. Uma de nossas linhas de pesquisa é estudar a infecção causada por esses vírus, por meio de experimentos em roedores, para descobrir quais apresentariam risco de causar doenças em humanos.

 Os vírus amazônicos estão em equilíbrio com o meio ambiente e o risco de sua disseminação é pequeno, mas o desmatamento e outras ações humanas no ecossistema podem facilitar a disseminação de vírus para áreas habitadas e a transmissão para humanos. É melhor não mexer com eles.

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Quais arbovírus já foram reconhecidos como potencialmente perigosos para humanos?


 Dois vírus com alto potencial de causar doenças em humanos são Mayaro e Oropouche. 

Quando há desmatamento e as pessoas formam aldeias na floresta, geralmente ocorrem surtos e epidemias, principalmente de Oropouche. Uma colega, Raimunda do Socorro Azevedo, está reunindo dados que mostram um surto silencioso na região metropolitana de Belém, mascarado por epidemias de dengue, zika e chikungunya. 

O vetor de transmissão do Oropouche é o inseto Culicoides paraensis, conhecido como maruim, que foi encontrado na Bahia e aqui no sul, embora não infectado. O perigo é que o vírus seja transportado por um paciente em fase virêmica para uma região com maruim, iniciando uma transmissão local e explodindo ali. Experimentalmente, sabemos que Oropouche pode infectar o mosquito Aedes aegypti. É possível que no futuro a urbanização desse vírus ocorra por vetores clássicos, como Aedes aegypti e A. albopictus, e não por Culicoides. Além do Oropouche, o vírus Mayaro, transmitido pelo mosquito Haemagogus janthinomys, transmissor da febre amarela silvestre, tem causado surtos em áreas recentemente desmatadas. 

Com exceção desses dois vírus, no entanto, a disseminação de vírus amazônicos é limitada. 

Os vírus associados às epidemias são geralmente exóticos, como a febre amarela, que veio da África e, mais recentemente, a dengue, chikungunya e Zika, que também se originaram lá, e foram transportadas de um lado para o outro por pessoas infectadas que viajavam de avião.

 Recentemente, o vírus do Nilo Ocidental foi introduzido no Brasil. 


Em 2015, descrevemos um caso humano de encefalite causada por esse vírus no Piauí, e posteriormente isolamos o vírus de cavalos com encefalite no Espírito Santo. Pessoalmente, acho que o maior potencial do vírus do Nilo Ocidental é causar uma doença veterinária. 

Casos de meningite causada pelo vírus da encefalite de Saint Louis durante a epidemia de dengue


Há também o vírus da encefalite de Saint Louis que ocorre em toda a América do Norte e do Sul, que causou mortes por encefalite nas décadas de 1920 e 1930 durante um surto na cidade de Saint Louis, Missouri, nos Estados Unidos. Fizemos estudos genéticos e descobrimos que seu potencial para causar doenças graves é imenso. No Brasil, não temos relatos de encefalite humana por esse vírus, mas o monitoramento aqui é ruim se comparado aos Estados Unidos e Canadá. Na FAMERP, Maurício Nogueira descreveu casos de meningite causada pelo vírus da encefalite de Saint Louis durante a epidemia de dengue. Os vírus exóticos geraram problemas muito mais sérios do que as variedades amazônicas, mas não acho que estas últimas sejam menos agressivas. Entender como esses vírus agem e se distribuem no ecossistema amazônico são nossas prioridades. Apenas o IEC possui amostras desses vírus, bem como condições para desenvolver estudos em seus ambientes naturais para entender seus ciclos de transmissão e realizar testes laboratoriais com animais para entender como causam doenças.

 
Fonte: Editado Fapesp- Pedro Fernando da Costa Vasconcelos

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