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"Tenho duas características que alguns podem considerar defeitos: sou sincero e transparente " Omar Coelho no artigo : PRAÇA DA VERGONHA


PRAÇA DA VERGONHA

Tenho duas características que alguns podem considerar defeitos: sou sincero e transparente. Além disso, não costumo me calar diante de absurdos como o que tenho presenciado na Praça Sinimbu, ao fazer meu itinerário diário para o trabalho, no Centro de Maceió.

O local é especial para mim. Lembro-me que quando criança meu saudoso e amado avô, Marcial Coêlho, costumava me levar àquela praça – famosa pela presença do “Mijaozinho” – para assistir competições de aeromodelismo, subir e descer nos escorregas, enfim, brincar e deixaro tempo passar. Coisas que muitos pais daquela geração faziam com seus filhos e netos, que marcam em nossas memórias e emocionam, principalmente quando a dor da saudade aumenta, como sinto agora, ao
lembrar daqueles dias e da falta que meu avô faz.

Há muito abandonada, a Praça Visconde de Sinimbu é hoje o retrato da irresponsabilidade das nossas autoridades no trato da coisa pública. Principal acesso ao Centro para quem vem da orla, a praça deixou de ser palco de diversão, para ser o principal ponto de invasão e posterior ocupação pelos integrantes de movimentos sem terra. Em muito breve tempo, se fosse legalmente possível em bens públicos, estariam pleiteando usucapião.

É inaceitável. A Praça Sinimbu ocupada como está, simboliza o descaso e o desrespeito aos mais comezinhos princípios de como se deve gerir a administração pública. No Brasil, e em especial aqui em Alagoas, parece haver nos governantes medo de agir com autoridade, para não ser considerado um ditador desalmado. Uma vez que seus atos estão integralmente submetidos à lei, o que se espera é que simplesmente a faça valer, sem utilizar excessivamente a tolerância diante da ocupação impune de bens de uso comum do povo, como praças, vias e rodovias, constantemente fechadas em protestos que acabam penalizando toda a sociedade.

A Praça Sinimbu tem barracas e barracões, alguns deles chegam ao cúmulo de estar cercados com arame farpado (!). Higiene inexiste, o que é preocupante e configura caso grave de saúde pública, solenemente ignorado pelas autoridades que deveriam atuar nessa área. Está evidente o desrespeito à sociedade maceioense e também àqueles que lá se encontram, inclusive crianças, que já deviam ter sido retirados, sem uso de violência, e levados para local apropriado.

Prefeitura, Estado e União, por meio do Incra, têm responsabilidade e deveriam unir forças para encerrar situações como essa que, na prática, de nada servem para solucionar a questão agrária em Alagoas.

*publicado, em O Jornal, 16.06.2011

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