Hospitais deram medicamentos a pacientes durante o parto e depois relataram resultados positivos em testes de drogas
As mães foram denunciadas após receberem medicamentos usados rotineiramente para dor ou em epidurais, para reduzir a ansiedade ou para controlar a pressão arterial durante cesáreas.
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| Victoria Villanueva |
Victoria Villanueva está sentada do lado de fora de sua casa em West Lafayette, Indiana, em novembro de 2024. Durante o parto de seu primeiro filho, em 2017, os médicos lhe administraram morfina para aliviar a dor das contrações. O exame realizado pelo hospital na primeira evacuação de sua filha resultou positivo para opiáceos.
Principais motivos para essa mudança:
Falta de necessidade médica: Muitos médicos perceberam que os testes rotineiros de drogas durante o parto raramente são necessários do ponto de vista médico. A maioria das leis estaduais não exige esses testes, e os médicos geralmente não precisam deles para identificar ou tratar bebês expostos a substâncias no útero. Em vez disso, os sintomas de abstinência ou exposição podem ser identificados por meio da observação clínica e da comunicação com a paciente.
Risco de falsos positivos: Os testes de drogas rotineiros estão sujeitos a erros e podem apresentar falsos positivos devido a fatores como o consumo de sementes de papoula ou certos medicamentos (incluindo aqueles administrados pelo hospital, como o fentanil durante o trabalho de parto). Essas imprecisões podem ter consequências graves para as famílias.
Danos da notificação automática: Um teste positivo geralmente aciona uma notificação automática às autoridades de assistência social, o que pode levar a investigações desnecessárias, separação familiar e trauma, mesmo quando não há evidências de dano ou negligência. Esse processo afeta desproporcionalmente grupos marginalizados, incluindo mães negras e aquelas que dependem do Medicaid, levantando preocupações sobre preconceitos raciais e socioeconômicos.
Nenhum benefício comprovado para a segurança da criança: Evidências de hospitais que reduziram ou eliminaram os testes rotineiros mostram que não houve aumento no retorno de bebês com abstinência não tratada ou problemas de segurança. Por exemplo, após a mudança de política do Yale New Haven Health, as notificações para assistência social caíram quase 50% sem aumento nos resultados adversos para os bebês.
Impacto na confiança e no cuidado ao paciente: Os testes rotineiros e a ameaça de ações punitivas podem minar a confiança entre pacientes e profissionais de saúde. Esse medo pode desencorajar as mulheres a buscar cuidados pré-natais, prejudicando tanto mães quanto bebês.
Alternativas emergentes:
Testes direcionados e comunicação: Hospitais que adotam novas políticas recomendam testes de drogas apenas quando eles realmente influenciam o cuidado médico, frequentemente exigindo o consentimento da paciente. Em vez de testes em massa, os médicos são incentivados a se comunicar abertamente com as pacientes e usar questionários de triagem para avaliar riscos, o que pode ser mais eficaz e menos prejudicial.
Contexto histórico:
A prática dos testes rotineiros durante o parto se tornou comum durante a epidemia de crack dos anos 1980, impulsionada pelo medo dos “bebês crack”. No entanto, evidências e considerações éticas atuais estão levando a uma reavaliação dessas práticas.
Conclusão:
Os médicos que defendem o fim dos testes rotineiros durante o parto são motivados por uma combinação de evidências médicas, preocupações éticas e o desejo de reduzir danos desnecessários às famílias. O movimento está ganhando força à medida que hospitais e legisladores reconsideram o equilíbrio entre a segurança da criança e os direitos e o bem-estar das mães e famílias.