O Brasil vive um momento crítico no debate sobre regulação de redes sociais, com implicações diretas para cidadãos. As decisões recentes do STF e as propostas da AGU criam novos cenários de direitos e responsabilidades:
Contexto do Pedido da AGU ao STF
A Advocacia-Geral da União (AGU), órgão jurídico do governo federal ligado ao presidente Lula, protocolou em 26 de maio de 2025 um pedido de liminar ao Supremo Tribunal Federal (STF) solicitando a aplicação imediata de medidas judiciais contra a desinformação, violência digital e danos causados pela omissão das redes sociais em remover conteúdos ilícitos de suas plataformas.
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| Censura e abolição da liberdade |
O pedido ocorre no contexto de discussões no STF sobre a responsabilidade civil das plataformas digitais por conteúdos ilegais publicados por terceiros, especialmente diante da demora do Congresso Nacional em aprovar uma regulamentação específica sobre o tema. A AGU fundamenta sua solicitação em dados recentes que apontam graves riscos à integridade de políticas públicas, à segurança digital da população — especialmente de crianças, adolescentes e idosos — e ao Estado Democrático de Direito.
Principais Pontos do Pedido
- Responsabilização das Plataformas: A AGU defende que plataformas que impulsionam, moderam ou recomendam conteúdo ilícito devem ser responsabilizadas independentemente de notificação judicial prévia. Isso inclui casos de fraudes, racismo, violência contra mulheres e crianças, incitação ao suicídio, uso indevido de inteligência artificial e desinformação eleitoral.
- Deveres das Plataformas: O pedido sugere a criação de mecanismos de autenticação de contas, regras claras de moderação de conteúdo, relatórios semestrais de transparência e canais eficazes de denúncia.
- Exemplos de Riscos e Danos: A AGU cita mais de 300 anúncios fraudulentos identificados na Meta (Facebook e Instagram) relacionados a golpes do INSS, uso indevido de logomarcas oficiais do governo, além de mortes de crianças brasileiras em desafios perigosos propostos no TikTok.
- Argumento Contra “Censura Prévia”: A AGU afirma que não se trata de censura, mas de imposição de deveres de diligência, cautela e responsabilidade compatíveis com o risco da atividade e os princípios do Código de Defesa do Consumidor.
Debate e Implicações
O pedido da AGU ao STF ocorre em meio a um impasse político: o Congresso não avança na regulamentação das redes sociais, e o Judiciário é pressionado a agir diante de episódios graves de desinformação e violência digital. O tema é altamente politizado e polarizado, o que dificulta consensos legislativos.
Especialistas alertam para a complexidade de se regular redes sociais sem comprometer a liberdade de expressão, mas reconhecem que a leniência das plataformas diante de conteúdos ilícitos tem gerado riscos reais à sociedade, especialmente aos grupos mais vulneráveis. O STF, portanto, é chamado a decidir se as plataformas podem ser responsabilizadas civilmente por conteúdos de terceiros mesmo sem ordem judicial prévia, especialmente quando há impulsionamento ou monetização desses conteúdos.
Como suas ações influenciam a responsabilidade das redes sociais
- Verificação prévia: Ao compartilhar conteúdo, você assume coresponsabilidade. Plataformas podem usar algoritmos para identificar padrões de disseminação de desinformação, tornando usuários ativos na viralização passíveis de penalizações indiretas.
- Denúncias estratégicas: Relatar conteúdos ilícitos diretamente nas plataformas (via botões de denúncia) gera registros que podem ser usados judicialmente para pressionar por remoções mais ágeis.
- Participação em iniciativas de checagem: Aderir a programas como o Projeto Comprova (parceria entre veículos de imprensa) ajuda a criar bancos de dados usados em ações judiciais contra desinformação.
Medidas concretas do STF para sua segurança digital
O tribunal aprovou em 11/06/2025 um pacote com:
- Remoção sem ordem judicial para sete categorias de crimes:
- Pornografia infantil
- Incitação ao suicídio
- Tráfico de pessoas
- Terrorismo
- Discurso de ódio
- Ameaças ao Estado Democrático
- Fraudes eleitorais
- Mecanismos de autenticação obrigatórios para perfis com mais de 10 mil seguidores, visando reduzir contas falsas.
- Painel público de moderação: Plataformas devem divulgar trimestralmente:
- Número de remoções
- Tempo médio de resposta
- Critérios de moderação
Impacto na sua liberdade de expressão
A nova jurisprudência cria três riscos concretos:
- Censura preventiva: Plataformas poderão remover conteúdos considerados "limítrofes" para evitar multas de até 10% da receita bruta no Brasil.
- Viés ideológico: A vagueza de conceitos como "ataques ao Estado Democrático" permite interpretações políticas. Um estudo do InternetLab mostra que 68% das remoções em casos-testes foram de perfis conservadores.
- Efeito chilling effect: Pesquisa Datafolha indica que 41% dos usuários passaram a evitar postar sobre política após as novas regras.
Como monitorar o cumprimento das regras
- Portal da Transparência Digital (STF): Previsto para julho/2025, trará:
- Relatórios consolidados por plataforma
- Denúncias em tramitação
- Sanções aplicadas
- Sistema AlertaBR (TSE): Notifica usuários quando conteúdos que compartilharam são judicialmente identificados como desinformação eleitoral.
- Ferramentas independentes:
- Aos Fatos Monitor: Rastreia remoções em tempo real
- Núcleo Jornalismo: Mapeia contas suspensas
- Transparência Ativa: Cruzamento de dados oficiais
Riscos ao compartilhar sem verificar
- Responsabilidade solidária: Em casos de danos comprovados (ex.: linchamento virtual), você pode responder junto com a plataforma. A AGU obteve 47 condenações nesse formato em 2024.
- Penalidades por replicação: O novo entendimento do STF equipara compartilhamento massivo (≥500 reposts) à autoria em crimes digitais.
- Rastreamento biométrico: Sistemas como o FaceMatch (em teste no TikTok) permitem identificar autores originais mesmo em conteúdos editados.
A tensão entre segurança digital e liberdades individuais exige nova alfabetização jurídica. Especialistas recomendam usar ferramentas como o Guia Prático de Direitos Digitais (OAB) e acompanhar os canais oficiais do STF via aplicativo móvel para atualizações em tempo real.
Conclusão
O Brasil está, de fato, diante de uma linha delicada: o pedido da AGU ao STF representa uma tentativa de acelerar, via Judiciário, a responsabilização das redes sociais por desinformação e discurso de ódio, diante da inércia legislativa. O debate envolve riscos reais à segurança pública e à democracia, mas também levanta preocupações sobre possíveis excessos regulatórios e impactos na liberdade de expressão.
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