No atual mandato, Lula manteve e aprofundou os laços com o Irã
A postura do Brasil em relação ao Irã, especialmente sob a liderança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, suscita uma série de críticas que merecem ser analisadas sob diferentes ângulos.
Histórico de aproximação
Durante seus primeiros mandatos (2003–2010), Lula buscou fortalecer os laços com o Irã, promovendo visitas diplomáticas e acordos comerciais. Em 2010, o Brasil, ao lado da Turquia, mediou a "Declaração de Teerã", um acordo que propunha a troca de urânio iraniano por combustível nuclear enriquecido na Turquia. Embora o acordo tenha sido considerado uma vitória diplomática por Lula, foi recebido com ceticismo por potências ocidentais, que temiam que o Irã continuasse a desenvolver armas nucleares.
1. Autorização de Navios Militares Iranianas no Brasil
A decisão do governo brasileiro de permitir a atracação dos navios de guerra iranianos IRIS Makran e IRIS Dena no porto do Rio de Janeiro, em fevereiro de 2023, foi recebida com preocupação tanto interna quanto externamente. Essa autorização ocorreu em um contexto de pressão dos Estados Unidos, que alertaram sobre as sanções internacionais que recaem sobre o Irã. A postura do Brasil, ao ignorar essas pressões, pode ser vista como uma tentativa de afirmar sua autonomia na política externa, mas também levanta questões sobre a segurança e as implicações geopolíticas dessa decisão. A presença de navios militares iranianos, que já foram associados a atividades de apoio a regimes considerados hostis, pode ser interpretada como um sinal de alinhamento com um país que desafia normas internacionais.
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Uma grande, mas silenciosa, invasão iraniana está se desenrolando na América Latina |
2. Abstenções em Resoluções da ONU sobre Direitos Humanos no Irã
A abstenção do Brasil em votações da ONU que buscavam condenar o Irã por suas violações de direitos humanos, especialmente em relação à repressão de mulheres e minorias, é outro ponto controverso. O Itamaraty justificou essa postura alegando a necessidade de um "diálogo construtivo" e reconhecendo esforços do Irã para melhorar a situação dos direitos humanos. No entanto, essa justificativa é frágil diante da realidade das constantes violações e da repressão brutal que ocorre no país. A falta de uma condenação clara pode ser vista como uma conivência tácita com um regime que não hesita em silenciar vozes dissidentes, o que contrasta com os valores democráticos que o Brasil deveria defender.3. Apoio à Inclusão do Irã no BRICS
Durante a cúpula do BRICS em agosto de 2023, Lula celebrou a inclusão do Irã no bloco, enfatizando sua importância geopolítica. Essa decisão, embora possa ser vista como uma estratégia para fortalecer o Sul Global, também levanta preocupações sobre a legitimidade do bloco e sua capacidade de promover valores democráticos. O apoio ao Irã, um país com um histórico de desrespeito aos direitos humanos e de hostilidade em relação a nações ocidentais, pode prejudicar a imagem do Brasil no cenário internacional e afastar aliados tradicionais.A abordagem do Brasil em relação ao Irã, marcada por uma combinação de autonomia política e pragmatismo econômico, apresenta riscos significativos. A autorização de navios militares, as abstenções em resoluções de direitos humanos e o apoio à inclusão do Irã no BRICS não apenas desafiam as expectativas internacionais, mas também podem comprometer os princípios democráticos que o Brasil deveria defender. A política externa brasileira, ao se alinhar com regimes autocráticos, corre o risco de se tornar uma ferramenta de legitimação de práticas que vão contra os direitos humanos e a segurança global. É fundamental que o Brasil reavalie suas prioridades e busque um equilíbrio que respeite tanto sua autonomia quanto seus compromissos com a democracia e os direitos humanos.
