Caso Hugo Carvajal: julgamento por narcoterrorismo está marcado para 30 de junho nos EUA

Advogado de ex-chefe de espionagem da Venezuela alega imunidade soberana em caso de narcotráfico nos EUA

Um advogado do ex-chefe de espionagem da Venezuela pretende argumentar em um tribunal dos Estados Unidos que seu cliente não pode ser processado por suposto envolvimento em um cartel de drogas apoiado pelo governo, alegando imunidade soberana como representante de um Estado estrangeiro.

30 de junho: começa o julgamento de El Pollo, acusado de chefiar cartel de drogas

30 de junho: começa o julgamento de El Pollo, acusado de chefiar cartel de drogas

O ex-funcionário, Hugo Carvajal Barrios, conhecido como “El Pollo” ou “O Frango”, foi diretor de inteligência militar durante os governos de Hugo Chávez e de seu sucessor, Nicolás Maduro. Segundo promotores norte-americanos, ele ajudou a liderar o Cartel de los Soles, grupo acusado de traficar cocaína com apoio do governo venezuelano. O nome do cartel faz referência às insígnias dos oficiais militares de alta patente.

O advogado Robert Feitel afirmou ao Tribunal Distrital de Nova York que planeja apresentar uma moção para contestar a extradição de Carvajal, ocorrida em 2023, e outra para alegar imunidade soberana. As declarações constam de uma transcrição judicial de novembro que só agora veio a público.

Embora Carvajal não ocupasse mais cargo no governo quando foi preso, os supostos crimes teriam ocorrido enquanto chefiava a inteligência militar. O tribunal estipulou o prazo de 17 de janeiro para as petições e 21 de fevereiro para respostas. O desfecho do processo não foi divulgado, já que os documentos permanecem sob sigilo.

A trajetória de Carvajal até os EUA começou em 2014, quando ele era cônsul da Venezuela em Aruba. Na época, os EUA pediram sua extradição, mas um tribunal holandês reconheceu sua imunidade diplomática, e ele retornou a Caracas.

Expulso das Forças Armadas em 2019 e acusado de traição por apoiar o opositor Juan Guaidó, Carvajal fugiu para a Espanha com identidade falsa. Preso em abril de 2019 a pedido da Interpol, conseguiu escapar da prisão domiciliar e ficou foragido por mais de um ano, até ser recapturado em Madri, em 2021.

Extraditado em 2023, Carvajal responde nos EUA por conspiração para narcoterrorismo, tráfico de armas e drogas. Os promotores destacam uma tentativa, em 2006, de enviar 5,6 toneladas de cocaína da Venezuela aos EUA em um jato particular, apreendido no México durante uma escala.

Segundo a acusação, Carvajal fazia parte do Cartel de los Soles desde 1999, com o objetivo de “inundar os Estados Unidos com cocaína” e ampliar os danos causados pela droga no país.

O julgamento de Carvajal está marcado para começar em 30 de junho. O advogado não respondeu a pedidos de comentário.

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