Análise Abrangente da Qualidade dos Cuidados Hospitalares Durante a Pandemia de COVID-19
A pandemia de COVID-19 não apenas desencadeou desafios sem precedentes em todo o sistema de saúde, mas também teve um impacto significativo na qualidade dos cuidados hospitalares, como evidenciado por uma análise recente de mais de 19 milhões de altas hospitalares em 36 estados dos EUA. Esta análise, publicada na JAMA Network Open, revela uma diminuição significativa na qualidade dos cuidados não cirúrgicos para pacientes não-COVID durante os surtos de casos de COVID-19 em 2020.
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Metodologia do Estudo
Pesquisadores da Agência de Pesquisa e Qualidade em Saúde (AHRQ) conduziram uma análise abrangente dos indicadores de qualidade de atendimento, avaliando 19.111.629 liberações de 3.283 hospitais durante os anos de 2019 e 2020. Utilizando bancos de dados estaduais de pacientes internados do projeto de utilização e custos de saúde da AHRQ, eles concentraram-se em pacientes sem diagnóstico de COVID-19 ou pneumonia, mas em risco de várias complicações médicas, como úlceras de pressão, ataques cardíacos, insuficiência cardíaca, acidente vascular cerebral, problemas gastrointestinais, sangramento, fratura de quadril e colocação de stent na artéria coronária.
Impacto da Pandemia nos Cuidados Hospitalares
Durante os surtos de COVID-19, os hospitais enfrentaram uma carga sem precedentes, com volumes crescentes de pacientes gravemente doentes e uma escassez crítica de pessoal, camas e materiais. Surpreendentemente, durante esses períodos, muitos hospitais enfrentaram poucas ou nenhuma admissão por COVID-19, e os níveis de ocupação foram, em média, mais baixos do que em 2019. No entanto, a análise revelou uma correlação significativa entre altas taxas de hospitalização por COVID-19 e uma queda na qualidade dos cuidados não cirúrgicos para pacientes não-COVID.
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Resultados do Estudo
Durante as semanas de alta hospitalização por COVID-19, os indicadores de qualidade para pacientes não-COVID apresentaram um declínio substancial. As taxas de complicações, como úlceras de pressão, morte por insuficiência cardíaca e morte por fratura de quadril, aumentaram em mais de 20% em comparação com as semanas de baixa hospitalização por COVID-19. Especificamente, as taxas de úlceras de pressão aumentaram em 0,09 por 1.000 admissões, morte por insuficiência cardíaca em 0,40 por 100 admissões e morte por fratura de quadril em 0,40 por 100 admissões. Além disso, a média ponderada de mortalidade para os indicadores assistenciais subiu 0,30 por 100 internações.
Estratégias para Melhorar a Qualidade dos Cuidados Hospitalares
Diante dessas descobertas preocupantes, é crucial implementar medidas eficazes para manter e melhorar a qualidade dos cuidados hospitalares durante períodos de crise. Estratégias como a construção de uma cultura organizacional que priorize a segurança dos pacientes e da força de trabalho, juntamente com a manutenção adequada da proporção entre enfermeiros e pacientes, são fundamentais para criar resiliência operacional. Além disso, é essencial monitorar de perto as mudanças no estado do paciente, garantir uma alocação adequada de pessoal treinado e promover políticas de visitantes que não comprometam o apoio familiar e a assistência ao paciente.
A análise abrangente dos dados de altas hospitalares durante a pandemia de COVID-19 destaca a importância crítica de encontrar novas formas de manter e aprimorar a qualidade dos cuidados hospitalares. Mais pesquisas são necessárias para explorar os fatores complexos que contribuem para a diminuição da qualidade dos cuidados durante crises de saúde pública e identificar práticas eficazes para melhorar a resiliência do sistema de saúde. Ao priorizar a segurança dos pacientes, investir em recursos adequados e implementar estratégias proativas, podemos enfrentar os desafios de saúde pública com maior confiança e resiliência.