Regime de Maduro reprime oposição na Venezuela seguindo passos da ditadura nicaragüense
Em 25 de julho, o regime de Nicolás Maduro na Venezuela retirou ilegalmente o passaporte do líder da oposição Freddy Superlano, um candidato declarado do partido de oposição às primárias presidenciais de 22 de outubro do país e um candidato esperançoso nas eleições presidenciais de 2024 na Venezuela. A ocorrência foi denunciada no Twitter pelo partido Voluntad Popular, ao qual pertence o Superlano.
Passaporte de líder opositor venezuelano é retido ilegalmente em eco a repressão nicaragüense
O incidente do passaporte ocorreu quando Superlano estava indo para Bogotá, na Colômbia, para participar de uma atividade. De acordo com a declaração de seu partido no Twitter, as autoridades de imigração da Venezuela alegaram que o passaporte de Superlano apresentava “certas inconsistências”. O Partido descartou a possibilidade, garantindo que o documento é “absolutamente legal”.
“Esta ação do regime não só representa um ataque e perseguição contra o candidato Freddy Superlano, mas também uma violação de seu direito à identidade. É mais uma artimanha da ditadura, para tentar prender um cidadão que está disposto a lutar pela Venezuela”, denunciou a organização política.
Apesar do transtorno, Superlano conseguiu comparecer ao evento, mesmo depois de ter seu passaporte roubado na Ponte Internacional Atanasio Girardot, popularmente conhecida como “Tienditas” que liga os dois países sul-americanos. O regime de Maduro também impôs restrições à possibilidade de outros líderes da oposição deixarem o país, por exemplo, no caso de Maria Corina Machado, do partido Vente Venezuela.
Ecoando as táticas eleitorais de Daniel Ortega
Na Nicarágua, o regime de Daniel Ortega reteve e cancelou passaportes e impôs restrições à entrada e saída de seus críticos e opositores políticos. Essas e outras táticas mais brutais acabaram permitindo que ele “ganhasse” uma eleição presidencial, na qual concorreu praticamente sem oposição.
Na véspera das eleições nicaragüenses de 2021, o regime cancelou o passaporte de Kitty Monterrey, presidente do Partido Ciudadanos por la Libertad (CxL); então, em 6 de agosto, o Conselho Eleitoral Supremo da Nicarágua, dominado pelos sandinistas, baniu totalmente o Partido CxL. Alguns meses antes, eles também haviam cancelado o status legal de outro partido, o Partido de Restauração Democrática. Esses dois cancelamentos foram apenas algumas das muitas medidas repressivas tomadas contra aspirantes a candidatos à eleição.
Nesse mesmo ano, Mauricio Diaz foi impedido de deixar o país para a Costa Rica, junto com sua esposa. Seus passaportes foram retirados e Diaz foi posteriormente preso. Ele foi solto em fevereiro deste ano e banido para os Estados Unidos, junto com outros 221 presos políticos.
Outros casos conhecidos de retenção de passaportes na Nicarágua incluem o chefe de notícias do Canal 10, Mauricio Madrigal, e o diretor-executivo da Comissão Permanente de Direitos Humanos da Nicarágua, Marcos Carmona. Este último fugiu com sucesso do país no ano passado por passagens de fronteira não marcadas e agora está exilado nos EUA.
Evitar que os oponentes corram
Seguindo o roteiro de Ortega para esmagar a oposição, no dia 30 de junho a Assembleia Nacional venezuelana, dominada pelos chavistas [seguidores do já falecido Hugo Chávez, e de Maduro], votou pela desqualificação de Maria Corina Machado para qualquer cargo público pelos próximos 15 anos, com a justificativa de uma “investigação de seu patrimônio”.
Embora essa inelegibilidade não a impeça de participar das eleições deste ano – por serem primárias e, portanto, eleições internas para a oposição, ela não poderia concorrer às eleições nacionais de 2024.Após a desqualificação de Maria Machado, o líder da oposição Juan Guaidó – que cerca de cinquenta países consideraram o legítimo presidente interino da Venezuela de 2019 a 2022 – exortou o mundo a não “olhar para o outro lado” enquanto Maduro segue “o caminho da Nicarágua”.
"Desta forma, o ditador planeja se apegar ao poder, perseguindo e desqualificando a alternativa democrática", alertou o líder da oposição venezuelana, que chegou a Miami em abril passado depois que as autoridades colombianas o expulsaram do país.
Em 2021, a ditadura de Ortega bloqueou a candidatura e depois prendeu todos os sérios candidatos presidenciais: Cristiana Chamorro, Arturo Cruz, Felix Maradiaga, Juan Sebastian Chamorro, Miguel Mora, Medardo Mairena e Noel Vidaurre. Por fim, Ortega declarou-se o "vencedor" nas eleições de novembro de 2021, onde concorreu praticamente sem competição.
Atualmente, Superlano diz que disputará as primárias internas de seu partido em outubro, mesmo que o governo o impeça de ocupar cargos públicos. Essas eleições partidárias são um assunto que está fora da autoridade do governo venezuelano, mas se ele foi oficialmente impedido de se registrar no Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela, então ele não poderia concorrer legalmente à presidência ou a qualquer outro cargo eleitoral.
O contexto histórico e político da Venezuela
Para entender melhor o significado desses eventos recentes, é importante conhecer o contexto histórico e político da Venezuela nas últimas décadas.
O falecido presidente Hugo Chávez foi eleito democraticamente em 1998, mas gradualmente concentrou mais poder em suas mãos, enfraquecendo as instituições democráticas do país. Ele governou com base em um forte culto de personalidade e uma ideologia socialista que ele chamou de "Socialismo do século XXI".
Chávez faleceu em 2013 e seu vice-presidente Nicolás Maduro assumiu o poder. Maduro manteve as políticas socialistas de Chávez, mas sem seu carisma e habilidade política. Com a queda dos preços do petróleo depois de 2014, a economia da Venezuela entrou em colapso, levando a escassez generalizada de alimentos e medicamentos, hiperinflação e uma onda de migração.
A oposição acusou Maduro de fraude eleitoral em 2013 e nos anos seguintes. Protestos em massa eclodiram em 2014 e 2017, mas Maduro conseguiu mantê-los sob controle com o apoio das forças armadas. Em 2018, Maduro foi reeleito em uma eleição boicotada pela oposição e considerada ilegítima pela comunidade internacional.
Em janeiro de 2019, o presidente da Assembleia Nacional controlada pela oposição, Juan Guaidó, declarou-se presidente interino com apoio dos EUA e muitos países latino-americanos. Mas Maduro manteve o controle das instituições estatais e das forças armadas.
Desde então, a Venezuela permanece em um impasse político, com Maduro no controle de fato, mas com a oposição tentando tirá-lo do poder por meios democráticos e pacíficos. Mas Maduro vem reprimindo cada vez mais duramente os opositores, prendendo ou exilando-os, enquanto tenta controlar e manipular o processo eleitoral.
Crise política e humanitária sem precedentes
A Venezuela está passando pela pior crise política, econômica e social de sua história moderna. Desde que Hugo Chávez chegou ao poder em 1999, o país adotou políticas socialistas que levaram à nacionalização e expropriação em massa de empresas privadas, controles rígidos de preços e câmbio, e enormes gastos públicos financiados pelo boom das commodities, especialmente do petróleo, daqueles anos.
Quando os preços do petróleo despencaram a partir de 2014, o modelo econômico de Chávez entrou em colapso. Seu sucessor, Nicolás Maduro, dobrou as políticas socialistas mesmo com a queda da receita petrolífera. O resultado foi uma hiperinflação superior a 1 milhão por cento ao ano, escassez generalizada de alimentos e remédios, falência dos serviços públicos como água, eletricidade e transporte, e o empobrecimento de mais de dois terços da população.
Mais de 7 milhões de venezuelanos, quase 25% da população, migraram do país nos últimos anos, fugindo da crise. Os que ficaram sofrem com a fome, doenças, violência e repressão política. A expectativa de vida caiu mais de 5 anos durante a crise. 90% da população hoje vive na pobreza.
A economia venezuelana encolheu em mais de 75% desde 2013. A produção de petróleo, responsável por 90% das exportações do país, despencou para menos da metade. As sanções econômicas impostas pelos Estados Unidos a partir de 2017 agravaram a crise, mas os analistas concordam que as políticas econômicas falidas de Maduro são a causa principal do colapso.
Politicamente, Maduro concentrou todo o poder em suas mãos, por meio de eleições fraudulentas, controle dos outros poderes e repressão brutal contra os protestos populares. Mais de 15 mil pessoas foram assassinadas em operações policiais nos últimos anos, e centenas de opositores foram presos por motivos políticos. A democracia venezuelana foi esvaziada por dentro pelo regime chavista.
Apesar da enorme pressão interna e externa, Maduro se mantém no poder principalmente graças ao apoio das forças armadas. Os militares controlam parte significativa da economia, incluindo a empresa petrolífera estatal PDVSA e o comércio de ouro e outros recursos naturais. Oficiais corruptos lucram com o contrabando e outros esquemas ilegais que florescem na crise.
Os Estados Unidos e outros 50 países reconheceram o líder opositor Juan Guaidó como presidente interino em 2019, mas ele não conseguiu obter apoio militar suficiente para assumir o poder de fato. A oposição permanece dividida sobre como tirar Maduro democraticamente. Enquanto isso, a população sofre sem esperança de uma solução a curto prazo.
A crise venezuelana se tornou um dos maiores desastres humanitários do mundo. A fome e a falta de serviços básicos geraram ondas de refugiados comparáveis às guerras do Oriente Médio. Sem uma transição política e econômica, a agonia do povo venezuelano tende a se prolongar indefinidamente.
As táticas de Maduro para sufocar a oposição
O regime de Nicolás Maduro vem adotando táticas cada vez mais repressivas para calar a oposição política e se manter no poder a qualquer custo. Além da violência direta contra protestos, Maduro vem usando o aparato legal e institucional para asfixiar as vozes críticas.
Uma das principais ferramentas é o controle do Tribunal Supremo de Justiça, cujos magistrados são abertamente aliados do governo. O TSJ já barrou ou prendeu vários líderes opositores, sob acusações falsas de corrupção, traição e outros crimes. O partido de oposição Primeira Justiça foi alvo de perseguição especial, com muitos de seus dirigentes presos ou forçados ao exílio.
Outra tática comum é impedir que determinados candidatos e partidos participem das eleições. Em 2018, os principais candidatos opositores foram banidos das eleições presidenciais, garantindo a reeleição fácil de Maduro. Nas eleições regionais e municipais desde 2017, dezenas de candidatos tiveram suas candidaturas canceladas e alguns até foram presos.
O Conselho Nacional Eleitoral, que organiza as votações, também está sob controle do governo. Em todas as eleições recentes, acusações de fraude, compra de votos, interferência ilegal e outros abusos mancharam o processo, segundo observadores independentes. A oposição venceu o pleito parlamentar de 2015, mas depois disso o governo criou uma Assembleia Nacional paralela e retirou os poderes do legislativo eleito.
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Outra frente de ataque é o assédio contra ativistas e organizações de direitos humanos. ONGs são constantemente alvo de intimidação, multas e ameaças. Muitas fecharam as portas ou deixaram o país. Prisões arbitrárias e tortura de dissidentes são comuns, causando um clima de medo constante. A imprensa independente está praticamente extinta na Venezuela hoje.
Mais recentemente, o regime passou a aumentar as restrições à liberação de passaportes e outras medidas que limitam a liberdade de locomoção dos opositores, aparentemente inspirado no modelo nicaragüense. Essas táticas impedem que os críticos busquem apoio ou asilo político no exterior.
A mensagem de Maduro é clara: a dissidência não será tolerada. Seus opositores devem se calar, se exilar ou ser presos. Poucos ditadores na história recente da América Latina chegaram a tal nível de controle autoritário sobre a política e a sociedade civil. Enquanto a comunidade internacional assiste sem agir, a democracia venezuelana caminha para uma possível morte silenciosa.
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A crise política prejudica a economia e o povo
A grave crise política na Venezuela tem consequências muito negativas para a economia e o povo. A instabilidade e incerteza política minam a confiança de consumidores e investidores, agravando a recessão. As sanções econômicas impostas por muitos países também pioram a situação.
A hiperinflação resultante do colapso econômico corroeu o poder de compra e padrão de vida da população. Serviços básicos como água, eletricidade e transporte entraram em colapso pela falta de investimentos, corrupção e má gestão. A escassez de alimentos, remédios e outros bens essenciais gera enormes filas e sofrimento.
Sem perspectiva de melhora, milhões de venezuelanos deixaram o país, causando uma "diáspora" de proporções históricas e afetando famílias inteiras. Os que ficam muitas vezes dependem de doações e ajuda humanitária para sobreviver. A desnutrição e a volta de doenças erradicadas estão ceifando vidas.
A produção agrícola e industrial despencou em mais de 50% em poucos anos. Com a queda da renda petrolífera, o governo imprime dinheiro sem respaldo, alimentando a hiperinflação. O bolívar, a moeda nacional, perdeu todo o valor. O país precisa urgentemente de dólares, e até os serviços públicos custam em moeda estrangeira.
O empobrecimento e a deterioração dos serviços públicos, especialmente saúde, educação e segurança, terão efeitos sociais negativos por décadas. Uma geração inteira de jovens está perdendo chance de estudar e se desenvolver. A criminalidade cresce em meio à pobreza e impunidade.
Não haverá recuperação econômica e alívio ao sofrimento do povo venezuelano enquanto a crise política se
📙 GLOSSÁRIO:
🖥️ FONTES :
Com Agências :
Editado do Havana Times.
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