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Diretrizes do COVID-19 no Brasil: sequestro político da saúde pública - The Lancet

Ilustração : Bolsonaro, antivaxx  adepto do Kit Covid
Ilustração : Bolsonaro, antivaxx  adepto do Kit Covid



Em 20 de janeiro de 2022, em uma ação sem precedentes, a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do Brasil derrubou a diretriz brasileira para tratamento ambulatorial da COVID-19. 

A diretriz foi originalmente exigida pelo Ministério da Saúde, elaborada por uma equipe de acadêmicos, especialistas e analistas de tecnologia em saúde, segundo a metodologia a diretriz, que recomendava contra o uso de medicamentos sem comprovação científica de eficácia, como hidroxicloroquina e ivermectina,foi finalmente aprovada pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologia em Saúde (CONITEC) em dezembro de 2021. 

No sistema público de saúde brasileiro, a CONITEC tem papel central na avaliação e recomendação da implementação de tecnologia com base nos paradigmas científicos de eficácia, efetividade e custo-benefício.

Desde o início da pandemia de COVID-19, tem havido um debate interminável e polarizado sobre o uso de terapias não comprovadas para COVID-19 no Brasil, que, combinadas, são conhecidas como Kit COVID. 

O COVID Kit foi popularizado por um governo federal populista e, infelizmente, foi adotado por alguns membros da comunidade médica que não conseguiram reconhecer os princípios do raciocínio científico na tomada de decisões médicas.


Paradoxalmente, a decisão anticientífica contra a diretriz foi tomada por um secretário de ciência.

 A decisão foi acompanhada de uma longa nota de justificativa, que utilizou o jargão epidemiológico para definir uma lógica que violava claramente princípios científicos básicos. Primeiro, sugeriu que a significância estatística não deveria ser uma condição necessária para estabelecer a eficácia do medicamento; segundo, propôs os critérios de Bradford Hill como meio de reivindicar a eficácia do medicamento na ausência de observações empíricas controladas, como ensaios clínicos de grande e baixo risco de viés; e, por fim, concluiu pela eficácia da hidroxicloroquina, alegando que a vacinação não tem eficácia demonstrada.
É natural que os humanos sofram de preconceitos intrínsecos no processo de julgamento. No entanto, a situação atual parece ser o resultado de um ambiente fortemente polarizado que levou a essa infeliz conspiração para substituir critérios científicos por interesses políticos.

O Brasil tem sido um exemplo de dois fenômenos opostos: a tendência de um governo populista de minar a ciência e a resistência dos cientistas sob um forte regime democrático que defende a liberdade de expressão. Acreditamos que com o apoio da comunidade científica internacional, esta prevalecerá.

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