'Tragédia anunciada': Os fatores que levaram o Sul do Brasil ao colapso com mortes por COVID-19

 

Enterro de Paulo Carletti, 76 anos, vítima de covid-19 em Porto Alegre (RS); ocupação de leitos na capital já ultrapassa os 100%
Enterro de Paulo Carletti, 76 anos, vítima de covid-19 em Porto Alegre (RS); ocupação de leitos na capital já ultrapassa os 100%


Via BBC News Brasil:

Em 2 de março, o Rio Grande do Sul bateu seu recorde de mortes por covid-19 desde o início da pandemia: 184 pessoas morreram em 24 horas. Um dia depois, houve mais 179 vítimas, o segundo pior dia desde março do ano passado. 

Em Santa Catarina, 86 pessoas morreram de covid-19 no dia 2. No dia seguinte, ocorreram 94 mortes - as piores 24 horas desde outubro. 

O dia 2 de março também marcou o segundo pior dia da pandemia em todo o Sul, incluindo o Paraná. Houve 504 mortes. 

A região vive um cenário catastrófico nas últimas semanas: além da explosão das transmissões do coronavírus e dos óbitos pela doença, as populações do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina enfrentam a falta de vagas em unidades de terapia intensiva (UTIs) em várias cidades. 

A ocupação de leitos em Porto Alegre, por exemplo, já ultrapassa 100%. De acordo com levantamento realizado pela campanha "Unidos pela Saúde Contra o Colapso", até a última quinta-feira (04/03) os hospitais operavam com 103,7% de sua capacidade. Em alguns deles, como Hospital São Lucas e Hospital Moinhos de Vento, o índice está acima de 130%.

Segundo dados apurados até 5 de fevereiro pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), o Rio Grande do Sul tem 676 mil casos confirmados e 13.188 mortes causadas pelo covid-19. 

Já Santa Catarina foi responsável por 7.816 mortes e 700 mil casos. 

No Paraná, 12.196 pessoas morreram de covid-19, e 672 mil infecções foram registradas. 

O que explica esse cenário? 

Para pesquisadores que estudam a disseminação do covid-19 pelo país, desde o final do ano passado já havia evidências de que os três estados enfrentariam um aumento exponencial do covid-19. 

“É uma tragédia anunciada. Desde novembro, os cientistas já avisavam que o Sul passaria por uma onda devastadora de cobiça. Mas nada foi feito, houve total descaso com os avisos que estávamos dando”, diz Domingos Alves, professor de Social Medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto.

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