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Maceió AL - -

Não há como prever a demanda de atendimento em hospitais de urgência e emergência


Não há como prever a demanda de atendimento em hospitais de urgência e emergência - HGE


hge de alagoas

Ilustração : Hospital Geral de Alagoas - Urgência e Emergência -HGE




Não há mecanismo que possa prever com exatidão o fluxo diário de atendimentos,internações e a quantidade de material médico hospitalar que são utilizados principalmente nos hospitais de urgência e emergência, em um determinado período (hora,dia,semana,mês etc). O que existe são modelos matemáticos que nem sempre correspondem a realidade,ante inúmeros fatores influenciadores para uma correta presciência. É quase uma missão impossível para qualquer gestor na presença das inúmeras variáveis complexas e interligadas , determinar o número exato desses parâmetros mutáveis em um determinado período.

Após essa breve introdução vejamos o que relata a literatura sobre o tema :




No artigo , Organization of  hospital emergency  services: integrative research review podemos ler:

"Apesar das dificuldades da rede básica para garantir acesso e resolubilidade, parte substancial da demanda espontânea para serviços hospitalares de urgência/emergência decorre da enorme legitimidade desses serviços perante a população. Devido a maior densidade tecnológica disponível, confiança nos profissionais, expectativa sobre a qualidade da assistência, experiência pessoal e/ou rede social, satisfação com o atendimento, além da acessibilidade geográfica. A inadequação técnica da demanda repercute sobre a qualidade da assistência prestada aqueles que realmente necessitam atendimento de urgência e aquelas cujo atendimento de caráter ambulatorial termina restrito a queixa, comprometendo a integralidade da atenção, pois a contra referencia não é atividade rotineira nesses serviços que não mantém articulação formal com a atenção primária. Para que a hierarquização não seja apenas mais um desejo dos técnicos, precisa-se reconhecer que a organização do sistema de saúde passa pelo questionamento do que são necessidades do ponto de vista assistencial e do usuário. " (6)

"Dois métodos têm sido tradicionalmente utilizados para calcular o número de leitos hospitalares necessários para uma dada população, em determinado período de tempo. O primeiro é baseado em uma relação leito por habitante e o segundo adota uma  fórmula/modelo em que a quantidade de leitos é função do número de internações esperadas, do tempo médio de permanência, considerando-se uma taxa de ocupação de 80-85% (ZERAATI et al, 2005; HARRISON et al, 2005). Ambos os métodos apresentam vantagens e desvantagens.(7)


Conforme Zeraati (2005), existe uma teoria segundo a qual o aumento de oferta de leitos geraria uma demanda adicional através do aumento das taxas de internação, ou do aumento do tempo de permanência, ou de ambos. Duarte (1999) levanta uma série de evidências a este respeito:  Forsyth (1960), em estudo sobre a demanda de serviços de saúde na Inglaterra, concluiu, entre outras coisas, que “o número de leitos ofertados será o número de leitos utilizados”, pois a oferta de leitos (com o devido financiamento de sua ocupação) criará inexoravelmente a demanda pela utilização desses serviços" (7)


Com relação ao número de leitos por habitante, não está estabelecido qual seria o índice ideal. Dados reunidos pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE),  mostram que o número de leitos per capita varia muito entre os países e ao longo do tempo (7)




Fonte: Relatório mensal de atendimentos emergências, janeiro a julho 2016.
A utilização do Serviço Hospitalar de Urgência no Brasil tem sido motivo de inquietação para gestores dos sistemas de saúde, profissionais e a sociedade em geral, pois o seu uso tem se tornado crescente. A maioria desses serviços funciona acima de sua capacidade instalada, excesso de demanda e demanda inadequada (O'DWYER; OLIVEIRA; SETA, 2009).(1)


De acordo com Garlet et al. (2009), ressaltam-se ainda o crescente aumento do atendimento no SHU relacionado ao aumento dos acidentes e da violência urbana, às questões socioeconômicas, à falta de leitos para internação na rede pública, ao aumento da longevidade da população, assim como à falta de agilidade e de resolutividade dos serviços de saúde (VALENTIM; SANTOS, 2009). A crise no SHU é agravada, também, pela procura por pessoas em situação de urgência, juntamente com aquelas em condições de saúde não graves, dificultando o estabelecimento de prioridades (MARQUES; LIMA, 2008-MARQUES, G. Q.; LIMA, M.A.D.S. Technological organization of labor in an emergency service and nursing worker´s autonomy. Revista da Escola de Enfermagem da USP, São Paulo, n. 42, v. 1, p. 41-47, 2008. ). (1)



Motivo do atendimento emergencial



"O motivo do atendimento emergencial, segundo a classificação dos enfermeiros, envolveu em 31,02% dos casos a dor; 5,58% trauma; 1,35% picadura de aranha, inseto e cobra; 1,8% queda no domicílio; 0,51% queixas relacionada ao diabetes; 0,64% atendimento à gestante; 2,82% alterações do aparelho cardiocirculatório; 17,82% alterações do aparelho gastrointestinal; 15,9% alterações do aparelho respiratório; 4,36% alterações do aparelho neurológico; 2,37% alterações da pele; 2,05% alterações do aparelho urinário; 7,82% febre e 2,69% outros sintomas; 3,27% alterações mentais.(2)


A análise da organização do trabalho de uma unidade hospitalar de atendimento a usuários em situações de urgência e emergência evidenciou três momentos principais de atuação da equipe de saúde. (3)

A)Os profissionais atendem urgências e emergências em que o risco à vida é iminente, prestam assistência aos pacientes na sala de observação e recebem pacientes com demandas de saúde não urgentes. 

B)A procura por atendimento nos serviços de urgência hospitalar tem inúmeras causas que podem estas associadas ao aumento da violência, das questões socioeconômicas, assim como pela falta de resolutividade de ações e serviços. 

C)Os profissionais são interpelados por uma demanda que ultrapassa o que os serviços estão organizados para reconhecer e intervir. 


"A crise do atendimento no Serviço Hospitalar de Urgência e Emergência no Brasil talvez seja o lado mais perverso do caos que assola a saúde pública no país. Na cadeia de atenção à saúde o Serviço Hospitalar de Urgência e Emergência é o segmento mais exposto e visível para a população e a precariedade de seu atendimento, agravada por tratar de pacientes graves que exigem cuidados imediatos, faz com que os problemas do setor causem choque e indignação na população. Quando analisamos a crise no Serviço Hospitalar de Urgência e Emergência, enfocamos principalmente o componente hospitalar, porém não resolveremos os problemas neste segmento se não houver políticas públicas voltadas a toda a Rede de Atenção às Urgências, formada pelos seguintes componentes: 

1. Promoção, prevenção e vigilância; 
2. Salas de estabilização; 
3. Força Nacional - SUS;
 4. SAMU 192; 
5. UPA 24h; 
6. Hospitalar; 
7. Atenção domiciliar. "



O gestor , imbuído das prerrogativas de gerenciamento hospitalar(  responsável pela instituição que dá suporte aos atendimentos emergenciais) costuma ser responsabilizado por falhas existentes e não pontuais ,  imprevisíveis e contidas nesta longa teia de aranha chamada de saúde , as quais  não dependem da  sua vontade própria ou mesmo em virtude do cargo exercido.

 Ademais não devemos olvidar o que exprime em nossa Carta Magna .

 Art. 196.  A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. 

Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços de saúde, cabendo ao Poder Público dispor, nos termos da lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita diretamente ou através de terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica de direito privado.

 Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes:

 I - descentralização, com direção única em cada esfera de governo; 
II - atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais; 
III - participação da comunidade.

 Portanto urge que tenhamos consciência cidadã instando o Ministério da Saúde do Brasil,responsável por todo organograma da hierarquização da saúde,além dos conselhos de classe,ministério público,sindicatos, e a população em geral com propósito de estabelecer uma saúde não em papel,mas uma realidade palpável e de todos.



Por hoje é só!

Mário Augusto
Maceió 12 de fevereiro de 2020


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Não gosto de política partidária, mas de política como ciência do governo e dos povos, direcionada a governabilidade com toda sua organização esperada em um estado democrático.(Mário Augusto)


Fontes:

1-Analysis of the demand in urgency with risk classification - https://www.scielosp.org/article/sdeb/2015.v39n106/627-636/

2-Artigo Baseado em Monografia Pós-graduação Especialização em Assistência de Enfermagem em Urgência e Emergência - http://portalatlanticaeditora.com.br/index.php/enfermagembrasil/article/view/629/html

3- ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO DE UMA EQUIPE DE SAÚDE NO ATENDIMENTO AO USUÁRIO EM SITUAÇÕES DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA - http://www.scielo.br/pdf/tce/v18n2/09.pdf

4-Shaping the Future NHS: Long Term Planning for Hospitals and Related Services - http://www.nhshistory.net/nationalbeds.pdf

5- RESOLUÇÃO CFM nº 2.077/14 Dispõe sobre a normatização do funcionamento dos Serviços Hospitalares de Urgência e Emergência, bem como do dimensionamento da equipe médica e do sistema de trabalho. - https://portal.cfm.org.br/images/PDF/resolucao2077.pdf

6- Organization of hospital emergency services: integrative research review -https://www.fen.ufg.br/revista/v12/n4/v12n4a20.htm






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