-->

Boletim epidemiológico do Ministério da Saúde do Brasil - Coronavírus Wuhan 2019-nCoV

Boletim epidemiológico do Ministério da Saúde do Brasil - Coronavírus Wuhan 2019-nCoV - 28 de janeiro de 2020



Infecção Humana pelo Novo Coronavírus

(2019-nCoV)


Centro de Operações de Emergência em Saúde Pública para Infecção Humana pelo Novo Coronavírus (COE-nCoV)* 

Introdução 

Em 22 de janeiro de 2020, foi ativado o Centro de Operações de Emergências em Saúde Pública para o novo Coronavírus (COE-nCoV). A ativação desta estratégia está prevista no Plano Nacional de Resposta às Emergências em Saúde Pública do Ministério da Saúde (http://bit.ly/ planoderespostaemergencia). 

Desde 2005, o Sistema Único de Saúde (SUS) está aprimorando suas capacidades de responder às emergências por síndromes respiratórias, dispondo de planos, protocolos, procedimentos e guias para identificação, monitoramento e resposta às emergências em saúde pública. 


Situação epidemiológica no mundo 

Até 27 de janeiro de 2020, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), foram confirmados 2.798 casos do novo coronavírus (2019-nCoV) no mundo. Destes, 2.761 (98,7%) foram notificados pela China, incluindo as regiões administrativas especiais de Hong Kong (8 casos confirmados), Macau (5 casos confirmados) e Taipei (4 casos confirmados). 

Fora do território Chinês, foram confirmados 37 casos. Destes, 36 apresentam histórico de viagem para China e 34 apresentam histórico de viagem para a cidade de Wuhan/China ou vínculo epidemiológico com um caso confirmado que viajou para Wuhan/China (Tabela 1). 


TABELA 1 Total de casos novos confirmados do novo coronavírus, por país. OMS, 26 de janeiro de 2020
1 China*
44
234
31
262
259
467
668
776
2.761
98,7%
2 Japão

1
1


1

1
4
0,1%
3 Coréia do Sul

1


1


2
4
0,1%
4 Vietnam



1

1


2
0,1%
5 Singapura



1

2
1

4
0,1%
6 Austrália





3
1

4
0,1%
7 Tailândia

2

2


1

5
0,2%
8 Nepal





1


1
0,1%
9 Estados Unidos da América



1

1

3
5
0,2%
10 França





3


3
0,1%
11 Canada







1
1
0,1%
12 Malásia






3
1
4
0,1%
Total
44
238
32
267
260
479
479
784
2.798
100%


Fonte: Organização Mundial da Saúde.

Situação epidemiológica no Brasil


De 03 a 27 de janeiro, o Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde (CIEVS) Nacional analisou 7.063 rumores, sendo que 127 rumores exigiram a verificação de veracidade junto ao Ponto de Contato Regional da OMS para o Regulamento Sanitário Internacional.
TABELA 2 Total de casos notificados para investigação do novo coronavírus. Brasil, 17 a 27 de janeiro de 2020
           ID                   ESTADO      NOTIFICADO      SUSPEITO        PROVÁVEL     CONFIRMADO    DESCARTADO      EXCLUÍDO
1

MG

2
1
0
0
0
1
2

RJ

2
0
0
0
0
2
3

SC

2
0
0
0
0
2
4

SP

2
0
0
0
0
2
5

DF

1
0
0
0
0
1
6

RS

1
0
0
0
0
1

TOTAL


10
1
0
0
0
9
Fonte: Secretaria de Vigilância em Saúde/MS.














Entre 18 e 27 de janeiro de 2020, a Secretaria de Vigilância em Saúde recebeu a notificação de 10 casos para investigação de possível relação com a Infecção Humana pelo novo Coronavírus. Todas as notificações foram recebidas, avaliadas e discutidas, caso a caso, com as autoridades de saúde dos estados e municípios. De 10 casos, somente um (1) caso notificado em 27/01 se enquadra na definição de caso suspeito. Os demais não cumpriram a definição de caso, foram excluídos e apresentaram resultado laboratorial para outros vírus respiratórios como o vírus Influenza A/H1N1, Influenza A/H3 e Rhinovirus (tabela 2).


Segundo a Secretaria de Saúde do Estado de Minas Gerais, o caso suspeito trata-se de uma estudante de 22 anos que viajou para a cidade de Wuhan no período de 29 de agosto a 24 de janeiro de 2020. Relata não ter ido ao mercado, não teve contato com nenhuma pessoa doente e não procurou nenhum serviço de saúde. Em 20 de janeiro apresentou dor de garganta, dor no corpo, tosse seca esporádica e febrícula (37,7 oC). O estado geral da paciente é bom, encontra-se estável e sem complicações.


A paciente foi conduzida para isolamento respiratório no Hospital Eduardo de Menezes, em Belo Horizonte, referência do estado de Minas Gerais para doenças transmissíveis. Desde o primeiro atendimento, a paciente e todos os profissionais utilizaram máscara padrão de segurança N95 e equipamentos de proteção padrão. Os exames laboratoriais estão em curso e todos os 14 contatos próximos estão sendo monitorados diariamente, segundo o Plano Estadual de Contingência para o novo coronavírus. O paciente encontra-se em isolamento hospitalar e os até o momento nenhum contactante apresenta sintomas.


Guia de Vigilância Epidemiológica* 

*Versão preliminar atualizada até 26 de janeiro de 2020, sujeito a alterações. 


Infecção humana pelo novo Coronavírus (2019-nCoV) 

CID 10: B34.2 - Infecção por coronavírus de localização não especificada 


Vigilância epidemiológica

A vigilância epidemiológica de Infecção Humana pelo Novo Coronavírus está sendo construída à medida que a OMS consolida as informações recebidas dos países e novas evidências técnicas e científicas são publicadas. Deste modo, este Guia de Vigilância Epidemiológica está sendo estruturado com base nas ações já existentes para notificação, registro, investigação, manejo e adoção de medidas preventivas, em analogia ao conhecimento acumulado sobre o SARS-CoV, MERS-CoV e 2019-nCoV, que nunca ocorreram no Brasil, além de Planos de vigilância de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) e Síndrome Gripal (SG). 


Os estados e municípios possuem planos de preparação para pandemia de influenza e síndromes respiratórias. A maior parte dos procedimentos recomendados estão previstos no capítulo de influenza do Guia de Vigilância Epidemiológica, além de manuais e planos elaborados para preparação e resposta durante os eventos de massa. Portanto, o SUS possui capacidade e experiência na resposta. Este documento visa ajustar algumas recomendações ao contexto específico desta emergência atual, com base nas informações disponibilizadas pela Organização Mundial da Saúde diariamente e todo procedimento está suscetível às alterações necessárias. 


Os procedimentos para coleta de materiais biológicos, medidas de precaução padrão, organização de centros de operações de emergência e diagnóstico diferencial estão descritos nas publicações abaixo. Antes de se considerar a possibilidade de ser um caso suspeito de Coronavírus, recomenda-se descartar para as doenças respiratórias mais comuns e adotar o protocolo de tratamento de influenza oportunamente para evitar casos graves e óbitos por doenças respiratórias conhecidas, quando indicado. 


Plano Resposta às Emergências em Saúde Pública (http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/ pdf/2014/outubro/07/plano-de-respostaemergencias-saude-publica-2014.pdf) 


Guia de Vigilância em Saúde | Capítulo 1 - Influenza página 09 (http://bvsms.saude.gov.br/bvs/ publicacoes/guia_vigilancia_saude_4ed.pdf) 


Plano Brasileiro de Preparação para Enfrentamento de uma Pandemia de Influenza (http://bvsms. saude.gov.br/bvs/publicacoes/plano_brasileiro_ pandemia_influenza_IV.pdf) 


Guia para a Rede Laboratorial de Vigilância de Influenza no Brasil (http://bvsms.saude.gov.br/bvs/ publicacoes/guia_laboratorial_influenza_vigilancia_ influenza_brasil.pdf) 


Protocolo de Tratamento de Influenza (http:// portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2018/ abril/19/protocolo-influenza-2017.pdf)

    Objetivos da vigilância
    Geral


    Orientar o Sistema Nacional de Vigilância em Saúde e a Rede de Serviços de Atenção à Saúde do SUS para atuação na identificação, notificação e manejo oportuno de casos suspeitos de Infecção Humana pelo Novo Coronavírus de modo a mitigar os riscos de transmissão sustentada no território nacional.
    Específicos

    Atualizar periodicamente o SUS com base nas evidências técnicas e científicas nacionais e/ou internacionais; 

    Evitar transmissão do vírus para profissionais de saúde e contatos próximos;

    Evitar que os casos confirmados evoluam para o óbito, por meio de suporte clínico;


    Orientar sobre a conduta frente aos contatos próximos;


    Acompanhar a tendência da morbidade e da mortalidade associadas à doença;


    Monitorar as cepas dos vírus respiratórios que circulam nas regiões brasileiras;


    Produzir e disseminar informações epidemiológicas.
    Definições operacionais

    Caso suspeito de infecção humana pelo 2019-nCoV


    Situação 1: Febre E pelo menos um sinal ou sintoma respiratório (tosse, dificuldade para respirar, batimento das asas nasais entre outros) E histórico de viagem para área com transmissão local, de acordo com a OMS, nos últimos 14 dias anteriores ao aparecimento dos sinais ou sintomas; OU 


    Situação 2: Febre1 E pelo menos um sinal ou sintoma respiratório (tosse, dificuldade para respirar, batimento das asas nasais entre outros) E histórico de contato próximo de caso suspeito para o coronavírus (2019-nCoV), nos últimos 14 dias 


    anteriores ao aparecimento dos sinais ou sintomas; 


    OU


    Situação 3: Febre1 OU pelo menos um sinal ou sintoma respiratório (tosse, dificuldade para respirar, batimento das asas nasais entre outros) E contato próximo de caso2 confirmado de coronavírus (2019-nCoV) em laboratório, nos últimos 14 dias anteriores ao aparecimento dos sinais ou sintomas. 
    Caso provável de infecção humana pelo 2019-nCoV
    Caso suspeito que apresente resultado laboratorial inconclusivo para 2019-nCoV OU com teste positivo em ensaio de pan-coronavírus.

    Caso confirmado de infecção humana pelo 2019-nCoV


    Indivíduo com confirmação laboratorial conclusiva para o novo Coronavírus (2019-nCoV), independente de sinais e sintomas.
    Caso descartado de infecção humana pelo 2019-nCoV


    Caso que não se enquadre na definição de suspeito e apresente resultado laboratorial negativo para 2019nCoV OU confirmação laboratorial para outro agente etiológico.
    Caso excluído de infecção humana pelo 2019-nCoV


    Caso notificado que não se enquadrar na definição de caso suspeito. Nessa situação, o registro será excluído da base de dados nacional. 
    Terminologias complementares
    Transmissão local


    Definimos como transmissão local, a confirmação laboratorial de transmissão do 2019-nCoV entre pessoas com vínculo epidemiológico comprovado. Os casos que ocorrerem entre familiares próximos ou profissionais de saúde de forma limitada não serão considerados transmissão local. Até o momento, a única área com transmissão local é a China. As áreas com transmissão local serão atualizadas e disponibilizadas no site do Ministério da Saúde, no link: saude.gov.br/listacorona.
    Notificação e registro
    Notificação


    A Infecção Humana pelo Novo Coronavírus (2019-nCoV) é uma potencial Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII), segundo anexo II do Regulamento Sanitário Internacional. Sendo, portanto, um evento de saúde pública de notificação imediata. 
    Como notificar ao CIEVS

    Boletim completo aqui









    Leia outros artigos :

    Postar um comentário

    0 Comentários
    * Por favor, não faça spam aqui. Todos os comentários são revisados ​​pelo administrador.