Bujumbura - O Burundi faz face há dez meses a mais longa epidemia de cólera da sua história, que já contaminou cerca de mil pessoas e pelo menos 17 mortos, indicou hoje (segunda-feira) à AFP um responsável sanitário.
"O Burundi está afectada desde Outubro por uma epidemia de cólera?, explicou o director geral de Saúde pública, Dr Liboire Ngirigi.
"A epidemia já causou pelo menos 17 vítimas dos 936 casos registados nos hospitais. É a primeira vez que uma epidemia dura assim tanto tempo no nosso país?, precisou o Dr. Ngirigi.
Esta epidemia "apareceu nos bairros norte de Bujumbura (a capital), mas sobretudo ao longo do lago Tanganyika (oeste ) e nas províncias de Cibitoke e Bubanza (nordoeste), antes de se expandir às províncias de Rutana (sudeste) e às zonas de Makamba (sul), afectadas pela primeira vez", prosseguiu o responsável sanitário.
Só nessas duas últimas províncias, "14 pessoas sucumbiram " à doença desde Junho, lamentou, sublinhando que a população, por falta de informação, não foi tratada a tempo.
A cólera apareceu essencialmente porque "a população tem falta de água potável, não tem latrinas em quantidade suficiente", continuou o responsável, denunciando a "falta de higiene tanto doméstica como pública".
Nesses bairros de Bujumbura por exemplo, as montanhas de lixo se acumulam e as fontes de recolha não funcionam por desacordo entre a rede de distribuição de água e a administração, constatou a AFP.
O agente da cólera, o vibrio colerare, é uma minúscula bactéria que se transmite por via digestiva, por ingestão de água, bebidas ou alimentos contaminados por fezes ou mão sujas.
Após uma incubação curta, de dois a cinco dias, a doença inicia brutalmente por violentas diarreias enfraquecendo literalmente o organismo. Na ausência de cuidados imediatos baseados numa desidratação, essa perda gravíssima de líquidos conduz a morte .
O Burundi é um dos países mais pobres do planeta, que vive sob uma infusão de ajuda estrangeira.