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Apócrifos : Morte de Pilatos

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Os Livros apócrifos (grego: απόκρυφος; latim: apócryphus; português: oculto, também conhecidos como Livros Pseudo-canônicos, são os livros escritos por comunidades cristãs e pré-cristãs (ou seja, há livros apócrifos do Antigo Testamento) nos quais os pastores e a primeira comunidade cristã não reconheceram a Pessoa e os ensinamentos de Jesus Cristo e, portanto, não foram incluídos no cânon bíblico. 


O termo "apócrifo" foi criado por Jerônimo, no quinto século, para designar basicamente antigos documentos judaicos escritos no período entre o último livro das escrituras judaicas, Malaquias e a vinda de Jesus Cristo. São livros que, segundo a religião em questão, não foram inspirados por Deus e que não fazem parte de nenhum cânon. São também considerados apócrifos os livros que não fazem parte do cânon da religião que se professa. 


A consideração de um livro como apócrifo varia de acordo com a religião. Por exemplo, alguns livros considerados canônicos pelos católicos são considerados apócrifos pelos judeus e pelos evangélicos (protestantes). Alguns destes livros são os inclusos na Septuaginta por razões históricas ou religiosas. A terminologia teológica católica romana/ortodoxa para os mesmos é deuterocanônicos, isto é, os livros que foram reconhecidos como canônicos em um segundo momento (do grego, deutero significando "outro"). Destes fazem parte os livros de Tobias, Judite, I e II Macabeus, Sabedoria de Salomão, Eclesiástico (também chamado Sirácide ou Ben Sirá), Baruc (ou Baruque) e também as adições em Ester e em Daniel - nomeadamente os episódios da História de Susana e de Bel e o dragão. 


Os apócrifos são cartas, coletâneas de frases, narrativas da criação e profecias apocalípticas. Além dos que abordam a vida de Jesus ou de seus seguidores, cerca de 50 outros contêm narrativas ligadas ao Antigo Testamento.







Apócrifos : Morte de Pilatos que Condenou Jesus


TIBÉRIO CÉSAR, imperador dos romanos, encontrando-se acometido de uma grave doença e tendo-se inteirado de que em Jerusalém havia um médico chamado Jesus, o qual curava todas as doenças somente com a sua palavra, ignorando que os judeus e Pilatos Lhe haviam dado a morte, expediu a seguinte ordem a Volusiano, alguém muito chegado a ele: "Vai o mais cedo possível até o outro lado do mar e diz a Pilatos, meu servidor e amigo, que me envie este médico para que me restitua o estado de saúde no qual me encontrava antes". E Volusiano, ouvindo a ordem do imperador, partiu no mesmo instante e chegou até Pilatos, de acordo com a ordem recebida. E contou ao mencionado Pilatos o que havia sido encarregado por Tibério César, dizendo: "Tibério César, imperador dos romanos, teu senhor, ao tomar conhecimento de que se encontra nesta cidade um médico capaz de curar todas as doenças somente com a sua palavra, roga-te encarecidamente que o envies para que o cure de seu mal. Quando Pilatos ouviu isto, ficou muito atemorizado, descobrindo que O havia feito matar por inveja. Então, assim respondeu Pilatos ao citado mensageiro: "Aquele homem era um malfeitor e levava todo o povo atrás de si. Motivo pelo qual, depois de promover um conselho entre os sábios da cidade, mandei que fosse crucificado". Quando o mensageiro em questão voltava para sua casa, encontrou-se com uma certa mulher chamada Verônica, que havia conhecido Jesus, e disse-lhe: "O mulher, havia um certo médico residente nesta cidade, que somente com a sua palavra curava os doentes, por que os judeus o mataram?" Mas ela começou a chorar, dizendo: "Ai de mim! O senhor, era o meu Deus e meu Senhor, a quem Pilatos por inveja entregou, condenou e mandou crucificar". Então ele, embargado por uma dor profunda, disse: "Sinto-o enormemente, porque não vou poder cumprir a missão que meu senhor me confiou". Verônica disse-lhe: "Quando meu Senhor ia pregar, eu me sentia mal, já que ficava privada da sua presença; então quis que me fizessem um retrato para que, enquanto eu não pudesse desfrutar sua companhia, pudesse ao menos consolar-me com a figura da sua imagem. E, estando eu a caminho para levar o lenço ao pintor para que O desenhasse, meu Senhor veio ao meu encontro e perguntou-me onde ia. Quando manifestei-lhe meu propósito, pediu-me o lenço e mo devolveu com a imagem de seu venerável rosto. Portanto, se teu senhor olhar sua imagem com devoção, ver-se-á imediatamente agraciado com o beneficio da cura", Então ele disse-lhe: "Um tal retrato pode ser adquirido com ouro ou com prata?" Ela respondeu: "Não, tão somente com um piedoso afeto de devoção. Irei contigo e levarei a imagem para que César a veja; depois voltarei". 

Então, veio Volusiano a Roma em companhia de Verônica e disse ao imperador Tibério: "Aquele Jesus, a quem tu já há algum tempo vens desejando ver, foi entregue por Pilatos e pelos judeus a uma morte injusta e por inveja foi pregado no patíbulo da cruz. Porém veio em minha companhia certa senhora que trás consigo um retrato do próprio Jesus; se tu o olhares com devoção, obterás de imediato o benefício da tua cura". Então César fez com que o caminho fosse atapetado com panos de seda e ordenou que a imagem lhe fosse apresentada. E, no instante em que a olhou, recobrou sua antiga saúde. 

Em conseqüência, Pôncio Pilatos foi detido por ordem de César e trazido a Roma. Quando o imperador tomou conhecimento da sua chegada, sentiu-se dominado por uma enorme fúria contra ele e ordenou que o levassem à sua presença. Deve-se esclarecer que Pilatos havia trazido consigo a túnica de Jesus, feita de uma só peça, dádiva que levou à presença do imperador. Assim que o viu, o imperador sentiu-se destituído de toda a sua ira, levantou-se imediatamente diante dele e não ousou dizer uma única palavra dura. E, assim, ele,' que na sua ausência parecia tão feroz e terrível, agora, na sua presença, estava até certo ponto manso. Mas, assim que o despediu, começou a exaltar-se terrivelmente contra ele, chamando-se a si mesmo, aos gritos, de miserável por não lhe haver manifestado a indignação de seu peito. E no mesmo instante fez com que o chamassem novamente, jurando e declarando que era filho da morte e que não era lícito que ele vivesse sobre a terra. Porém, quando o viu de novo, saudou-o imediatamente e sentiu-se destituído de novo de toda a ferocidade de sua alma. Todos, até ele próprio, estavam admirados com o fato de ele encolerizar-se na ausência de Pilatos, enquanto que na sua presença não era capaz de dizer sequer uma palavra áspera. Finalmente, por inspiração divina, ou talvez por conselho de algum cristão, mandou que o despojassem daquela túnica. No mesmo instante recobrou sua antiga ferocidade de alma contra ele. Grandemente admirado com esse fato, o :imperador ficou sabendo que aquela túnica havia pertencido a Jesus. Então ordenou que atirassem Pilatos na cadeia, enquanto o conselho de sábios deliberava o que deveria ser feito com ele. Poucos dias depois ditou-se a sentença contra Pilatos para que fosse levado a uma morte extremamente infamante. Quando isto chegou aos ouvidos de Pilatos, ele próprio suicidou-se com uma faca, e com esta morte pôs fim à sua vida. Ao tomar conhecimento do ocorrido, César disse: "Na verdade morreu ignominiosamente, já que sua própria mão não o perdoou". Então amarraram-no a uma enorme pedra e o atiraram nas profundezas do Tibre. Aconteceu, porém, que alguns espíritos imundos e malignos, aproveitando-se daquele corpo nas suas próprias condições, moviam-se nas águas e atraíam para elas raios e tempestades, trovões e granizo, até o ponto de todos assustarem-se e sentirem um grande temor. Por causa disto os romanos tiraram-no do rio Tibre e levaram-no ao som de galhofas até Viena e o arremessaram nas profundezas do Ródano, já que Viena significa "Caminho para a Gehenna" (inferno), por ser naquele tempo um lugar maldito. Mas também ali os espíritos maus apareceram, fazendo as mesmas coisas, então a população, não suportando uma invasão tão grande de demônios, atirou para longe aquele maldito fardo e diligenciou para que recebesse sepultura no território de Lausane. Os habitantes desta região, sentindo-se excessivamente conturbados pelas invasões, atiraram-no por sua vez longe deles, num poço rodeado de montanhas, lugar que, se dermos crédito ao que algumas pessoas contam, dizem que ainda é agitado por algumas maquinações diabólicas




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