Os médicos da rede estadual vão entrar em greve no final do mês de novembro. O Sinmed já iniciou a mobilização da categoria, que aproveitou os eventos comemorativos ao Dia do Médico - entre os dias 17 e 20 deste mês – para cobrar das entidades médicas estaduais uma ação mais radical em relação ao governo do Estado. As principais queixas dos médicos são: a sobrecarga de trabalho devida à falta de médicos na rede estadual; a falta de condições de trabalho nos hospitais e ambulatórios subdimensionados para a demanda, desestruturados, desabestecidos e desaparelhados; e os péssimos salários.
Nos últimos cinco anos, 40% dos médicos da rede estadual de saúde pediram demissão. A maioria fez concurso para trabalhar em estados vizinhos; outros, simplesmente, deixaram o serviço público. O número de aposentadorias também aumentou, principalmente depois que o Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu o direito à aposentadoria especial aos 25 anos de trabalho de mais de 100 médicos dos serviços de urgência e emergência da rede estadual.
Para a categoria, a situação hoje nos hospitais e ambulatórios do Estado é insustentável. “Ninguém aguenta mais. O governo tem que implantar o PCCV o mais rápido possível e realizar concurso público. Vínhamos tentando negociar, mas o governador não quer resolver esse assunto de forma negociada. Estão nos empurrando para uma greve. Pelo gosto da categoria, a greve já teria sido deflagrada. Estamos recebendo cobranças para fazer a paralisação e estamos nos preparando para isso. No final de novembro, vamos parar a rede pública estadual”, avisou o presidente do Sinmed, Wellington Galvão.
Segundo ele, o governador tem usado a Lei de Responsabilidade Fiscal para justificar a não implantação do PCCV dos médicos. Mas o que ocorre de fato é um total desrespeito de Teotonio Vilela Filho à classe médica, além do mais completo descaso de sua gestão em relação aos serviços de saúde e assistência médica à população. Wellington Galvão disse que o Sindicato está preparando os médicos para a greve, porque sabe que vai haver pressão.
“Vai ser uma guerra. Vamos enfrentar todo tipo de pressão e de represálias, mas não adianta tentar dialogar com esse governo. Tentamos isso, em vão, nos últimos seis anos. Agora, não tem jeito; vai ser greve e todo mundo tem que estar preparado”, disse o presidente do Sinmed. No Piauí, o governo do Estado acaba de reformular o PCCV dos médicos tomando como base o piso salarial nacional da Fenam. Alagoas disputava com o Piauí o título do Estado que pagava piores salários aos médicos. Agora, está vencendo a disputa.