Alagoas é o 5º estado em morte de crianças no trânsito brasileiro e o 2 no NE
Pesquisa feita pela ONG Criança Segura, baseada em dados do Ministério da Saúde, conclui: acidentes de trânsito é a principal causa de morte de crianças e adolescentes no Brasil. No ranking nacional Alagoas está em quinto lugar e em nível de nordeste, no 2º, em vítimas fatais de até 14 anos.
Destes acidentes, 38% correspondem a atropelamentos. De acordo com a coordenadora da ONG, Alessandra Françoa, as crianças estão mais vulneráveis por não terem noção do perigo ao atravessar uma rua, por exemplo, por isso precisam estar sempre acompanhadas. Além disso, as crianças são incapazes de diferenciar a velocidade e distância dos veículos e, devido à estatura, nem sempre podem ser vistas pelos motoristas.
O objetivo da ONG é divulgar os dados para prevenir acidentes com criança. “O resultado desse estudo deve nortear a política de educação no trânsito e a questão da velocidade próximo a escolas. As crianças sempre precisam de um adulto andando com elas”, aconselhou.
Em Alagoas, a taxa de morte de crianças por atropelamento é de 2,20 por cem mil habitantes, o que coloca o Estado em quinto lugar no Brasil. Alagoas perde para os estados de Sergipe, com um índice de 2,88; Tocantins, com 2,76; Goiás, com 2,5 e Santa Catarina com 2,28. No Nordeste, Alagoas é o segundo colocado, atrás apenas de Sergipe. Em terceiro vem o Piauí, com 2,7; Rio Grande do Norte com 1,78; Pernambuco com 1,64; Maranhão com 1,52; Ceará com 1,46; Bahia com 1,36 e Paraíba com 0,94, em penúltimo lugar no Brasil. O último no ranking do País é Amapá com 0,9 mortes por cem mil habitantes.
No ano de 2010, no Brasil, foram 1.895 mortes de crianças de 0 a 14 anos, 711 na condição de pedestre. No mesmo período, 7.392 crianças foram internadas devido a atropelamentos.
O gerente acadêmico do Hospital Geral do Estado (HGE) e cirurgião geral Amaury Clemente destacou que os acidentes de trânsito com crianças vêm aumentando consideravelmente. “Felizmente, grande parte desses acidentes não é tão grave”, disse.
A maioria dos acidentes ocorre em locais pouco sinalizados e que possuem veículos trafegando em alta velocidade. Mas para o cirurgião, os principais fatores são: a falta de cuidados dos pais e falta de atenção dos condutores. “Eu percebo que muitos atropelamentos ocorrem por moto”, concluiu.
Pesquisa
Meninos e mais velhos são as principais vítimas dos acidentes
Na pesquisa da ONG Criança Segura, as mortes com crianças de 10 a 14 anos representam 35% do total. Com crianças de cinco a nove anos, são 34%. De um a quatro anos, elas são 28%, e 3% é o total no caso das crianças com menos de um ano. Os meninos foram vítimas quase duas vezes mais que as meninas, sendo 65% das mortes por atropelamentos com garotos e 35% envolvendo garotas.
Cuidados
Thamyres Couto, que é mãe de Cauã Gabriel, de um ano e cinco meses, disse que não o solta quando está caminhando pela rua. “Eu sempre pego na mão dele e ensino que ele não pode atravessar sem mim”.
Hugo Fidelis, que é morador da Avenida Monte Castelo, no bairro do Vergel do Lago, contou que ano passado viu uma menina de cinco anos morrer atropelada. “Foi no carnaval do ano passado. A criança foi fugir das brincadeiras que os foliões faziam e terminou acontecendo a fatalidade”. Hugo afirmou que sempre fica na calçada de sua residência com a sobrinha. “Mas fico de olho e nunca deixo ela sair de perto”, colocou.
Marilene Gouveia, que é moradora da mesma avenida, afirma que seu neto estuda próximo a sua residência, mas não deixa que ele vá à escola sozinho. “Não deixo ele sair sozinho da escola de jeito nenhum. Aqui é muito movimentado e os motoristas não respeitam”, finalizou.
Luciana Oliveira, que é mãe de Evelin, de cinco anos, contou que anda sempre segurando a mão da filha. “Ela sempre quer soltar da nossa mão e sair correndo, mas eu tenho muito cuidado”, pontuou.
Fonte:CREMAL