Fraude no Panamericano - Sandoval Conta tudo |
Em entrevista exclusiva à Revista AméricaEconomia, Luiz Sebastião Sandoval critica Silvio Santos, contesta as transações que salvaram o PanAmericano e acusa Rafael Palladino de ser o responsável pelas fraudes cometidas no banco
“Querem me prejudicar. Até porque eu sou um arquivo vivo. Eu não estou falando tudo o que eu sei”. A frase é de Luiz Sebastião Sandoval, ex-presidente do Grupo Silvio Santos, recentemente inocentado da acusação de fraude cometida no Banco PanAmericano, no escândalo que eclodiu no final de 2010. A entrevista exclusiva está na edição de abril da Revista AméricaEconomia, da Spring Editora.
Sandoval afirma que os maiores beneficiados do esquema foram o ex-presidente do banco, Rafael Palladino (cunhado de Silvio Santos), e o ex-diretor financeiro, Wilson de Aro. “Segundo as investigações da PF, o patrimônio de Rafael Palladino e de Wilson de Aro é fantástico. Já eu, moro nesse apartamento aqui há 35 anos [em Perdizes, na zona oeste de São Paulo]”, conta.
O ex-presidente do Grupo Silvio Santos diz também que todos os executivos do banco tiraram vantagem do lucro irreal presentado nos balanços maquiados. “Os outros diretores, os da holding, inclusive eu, também tivemos um ganho sobre o lucro irreal, assim como o Silvio e os acionistas minoritários”. Ele revela que ninguém devolveu nada até hoje. “Não, porque não se sabe até hoje qual foi o resultado do banco. A consultora PwC [PricewaterhouseCoopers] chegou à conclusão de que tumultuaram tanto a contabilidade, que ninguém conseguiu apurar”.
Outro assunto polêmico abordado por Sandoval foram as transações realizadas para salvar o PanAmericano, inclusive a ajuda do Fundo Garantidor de Créditos (FGC). “O FGC existe para garantir investidores e para socorrer instituições financeiras em dificuldades, não aquelas que tenham sofrido fraude”. Ele também contesta o valor de R$ 540 milhões que o banqueiro André Esteves – que assumiu o banco – deu como garantia para a dívida avaliada em R$ 4,3 bilhões. “Se para tomar R$ 2,5 bilhões o Silvio teve de dar todas as empresas, avaliadas em cerca de R$ 5 bilhões, como é que, para um empréstimo de R$ 4,3 bilhões, prorrogados para 20 anos, o valor foi esse? Muito estranho”, conclui.
Por fim, o executivo acusa Silvio Santos de não participar da administração de suas empresas, ficando apenas com os lucros que elas obtinham. “O Silvio é assim. Ele sempre se colocou como um ente à parte, mas recebia 10% dos lucros das empresas. Ele é um artista que tem empresas. No caso do banco, ele recebia as informações como eram apresentadas”, diz. Ele garante que aos poucos o Grupo Silvio Santos está se desfazendo. “O grupo está acabando. O Silvio Santos está fazendo o que disse que faria. Já vendeu o Baú, já mandou fechar a Sisan, de empreendimentos imobiliários. Tudo o que eu ajudei a construir está sendo destruído agora”.
Sandoval ainda está sendo investigado pela Polícia Federal por suspeita de formação de quadrilha e pagamento ilegal de bônus.
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