Vida pública : LUIZ OTAVIO GOMES SILVA

LUIZ OTAVIO GOMES - secretário de Planejamento e Desenvolvimento de Alagoas.

De acordo com um conceituado e polêmico jornalista, estou me despedindo do governo de Alagoas em capítulos. Interessante a sua observação. Não tinha pensado nisso, mas é mais ou menos o que está acontecendo. Afinal, foi a partir dos três artigos anteriores que de fato acabei por construir, interiormente, a real necessidade de deixar a vida pública.

Mas não tem sido fácil. Apesar de determinado, estou muito surpreso com as inúmeras, e são inúmeras mesmo, manifestações para que eu não deixe o governo. Elas vêm de todos os segmentos, o que me deixa impressionado. Sinceramente, não sabia o quanto o meu trabalho é admirado por uma parcela significativa da sociedade alagoana. Mas não sou uma unanimidade. E é bom que não seja, até porque “toda unanimidade é burra”, no dizer do inesquecível jornalista e escritor consagrado Nelson Rodrigues.

No final de outubro participei, em São Paulo, do Seminário Brasil 2022 – Ordem e Progresso? – evento promovido pela conceituada revista inglesa The Economist. Durante dois dias, debatemos com especialistas de boa parte do mundo, temas como economia, meio ambiente, educação, saúde, segurança, pobreza, vida pública, dentre outros assuntos.

Mas me chamou atenção a resposta da empresária Luiza Trajano, presidente do Magazine Luiza, uma das maiores redes varejistas do Brasil, justificando porque não tinha aceito o convite da presidente Dilma para assumir um Ministério. Disse ela: “ir para o governo significa se expor, ter a vida devassada, ter prejuízo financeiro e prejudicar o meu negócio. Qual a vantagem?”, indagou para responder em seguida: “uma: servir ao meu País”. Bem, o governo Dilma Rousseff está completando um ano e ela ainda não se decidiu. Com certeza, não quer perder sua paz.

Por isso é que tenho pensado constantemente em voltar à iniciativa privada. Quero ter menos preocupações, menos obrigações e, principalmente, menos estresse. Quero, afinal, ter mais tempo para ser feliz. E por falar em felicidade, vou buscar um ensinamento de dona Lenita Vilela, esposa do inesquecível Menestrel das Alagoas, o “velho” senador Teotonio Vilela, que dizia sempre para os seus filhos, quando de suas contendas, “você quer ter razão ou ser feliz?”

Cito, em seguida, o escritor brasileiro de maior sucesso editorial em todos os tempos e já publicado em mais de 70 países, o “mago” Paulo Coelho, quando dá sua receita de felicidade. Diz ele: “ter saúde, ter a companhia da mulher amada e fazer o que gosta”. No meu caso, ainda na vida pública, consigo ter dois dos três conselhos do escritor, mas pretendo em breve, com certeza, ter a trinca necessária para dizer, sim, encontrei a felicidade plena.

A vida pública é como um pêndulo, alterna momentos de alegrias e tristezas. E no quesito tristeza, no dizer da cronista Danuza Leão, no seu livro de memórias - Quase Tudo, “certas dores o tempo não cura”. E, mais adiante, ela recomenda: “pensar muito e raciocinar muito podem impedir, às vezes, que a vida aconteça”. Eu, no limiar dos sessenta anos, não tenho feito outra coisa no governo. Pensar e raciocinar para que, auxiliando o sério e abnegado governador Teotonio Vilela, transformemos a nossa Alagoas. Mas estou pronto para seguir o sábio conselho de Danuza Leão. Só não decidi ainda se será agora ou um pouco mais adiante.

Poderá gostar:
A ANGÚSTIA E A TRAVESSIA: CRÔNICAS DO SECRETÁRIO LUIZ OTAVIO GOMES



VIDA QUE SEGUE : LUIZ OTAVIO GOMES SILVA 

Tags

Postar um comentário

0 Comentários
* Por favor, não faça spam aqui. Todos os comentários são revisados ​​pelo administrador.