LUIZ OTAVIO GOMES – secretário de Estado do Desenvolvimento Econômico
Escrevo hoje o meu quinto e último artigo, de uma série que comecei com Angústia, depois Travessia, em seguida Tempo de Esperas e, mais recentemente, Vida Pública. Na verdade, não esperava ir tão longe. Angústia foi escrito sob forte emoção. Já os seguintes aconteceram naturalmente. Fizeram parte de uma conjuntura que vivi nos últimos meses.
Quem me acompanhou, por meio dos textos, entendeu claramente o meu estado de espírito. E mais, entendeu principalmente que um ciclo tinha se completado em minha vida. Mas, como afirmava o quase inigualável John Lennon, “a vida é aquilo que acontece enquanto fazemos planos”. Sim, fiz muitos planos, principalmente no que se refere ao quesito paz de espírito. Mas, no dizer do meu querido amigo e escritor consagrado Milton Hênio, em seu artigo Sonhos de Verão, “para ser feliz, aprenda a ter consciência de sua importante missão. Todo trabalho só é benéfico quando traz felicidade interior, realização pessoal”.
Sim, me realizo profundamente com o que faço, principalmente com o Programa Alagoas Tem Pressa!, que carrega em seu bojo a erradicação da miséria e a diminuição da pobreza em nosso Estado nos próximos 11 anos. Um programa que coordeno, por delegação do governador Teotonio Vilela, mas que é tocado individualmente por cada secretário de Estado. Por isso, volto a citar Milton Hênio, quando ele afirma que “o que encanta a nossa vida é o seu mistério, as surpresas que vão surgindo a cada dia, a cada semana. Portanto, realize os seus sonhos, mas saiba plantar para ter uma boa colheita, no amor completo entre aqueles que lhe cercam”.
Não tenho feito outra coisa em minha vida que não seja plantar e colher os melhores frutos. E o que me aconteceu nos últimos 30 dias me convenceu completamente de que sempre estive no caminho certo. De Antoine de Saint-Exupéry, na obra-prima O Pequeno Príncipe, faço duas citações. A primeira, quando ele diz que “os homens não têm mais tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo já pronto nas lojas. Mas, como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos”. Discordo, pois, para mim, ficou muito claro que os amigos existem, sim, basta que você os cative. E por falar em cativar, cito de novo Exupéry, quando ele afirma “tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”. Tem sido, portanto, acalentador para mim a descoberta de novas amizades.
Tudo isso tenho dito, para quê? Para afirmar que, apesar de tudo o que passei e, mesmo tendo tomado uma decisão que para mim era irreversível, resolvi contrariar o meu cérebro e ficar com o coração. A decisão não foi fácil, afinal, se agrado muitas pessoas, desagrado, e muito, o meu núcleo familiar. Mas, no dizer do doutor Sócrates, morto tão prematuramente neste ano que se despede, que tinha como lema de vida “carpe diem”, viva o momento, aproveite cada hora. Sim, sinto-me motivado a continuar a minha luta, por pequena que seja, por uma Alagoas melhor.
Termino essa série como comecei, isto é, citando Graciliano Ramos. Dessa vez, vou evocar do Mestre Graça a memorável obra Vidas Secas. Cito os personagens principais desse emblemático romance, Fabiano e Sinhá Vitória. Mas me fixo principalmente em Fabiano, que, apesar de todas as agruras, todas as intempéries e todas as dificuldades que enfrentou na vida, jamais desistiu dos seus sonhos. Sim, porque acredito ser impossível viver sem sonhar.
E agora, vou buscar em Sinhá Vitória, que sempre foi o esteio de Fabiano, a minha companheira de 29 anos, minha esposa Perla, que tem sido mais do que o meu esteio. É o Porto Seguro, para que eu possa continuar enfrentando as ondas enormes que, com certeza, não acabaram, mas que juntos continuaremos enfrentando e, com certeza, as vencendo. Vida que segue.
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