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Seja feliz ! : O lado direito do cérebro

O cérebro


Vídeo com a palestra de Jill Bolte Taylor 


A neurocientista americana Jill Bolte Taylor acordou na manhã de 10 de dezembro de 1996 com uma forte dor de cabeça. Uma veia havia estourado no lado esquerdo de seu cérebro. O enorme coágulo que se formou, do tamanho de uma bola de pingue-pongue, interrompeu as capacidades associadas a esse hemisfério, como a linguagem e o pensamento lógico. Aos 37 anos, Jill não conseguia falar nem reconhecer a mãe, com quem vivia. O derrame também afetou seus movimentos. Um amigo a levou a tempo para o hospital.

Esse relato assemelha-se, até aqui, a outros casos de derrame causados por hemorragia. A experiência vivida pela então pesquisadora da Universidade Harvard tem, no entanto, características únicas. Jill faz uma descrição impressionante do que passou em My Stroke of Insight ("O derrame da percepção"), lançado nos Estados Unidos. Conta que, durante o derrame, desapareceram suas preocupações. Uma intensa alegria a dominou. A percepção do mundo físico se transformou. Não distinguia mais os limites de seu corpo nem do que estava à sua volta - era como se as moléculas de todas as coisas se misturassem. Havia apenas um fulgurante campo de energia. Sua mente havia se desconectado do corpo, "como se fosse um gênio deixando a garrafa". Era o nirvana.

A sensação de bem-aventurança continuou nos anos seguintes, mas graças aos oito anos de tratamento recuperou as antigas capacidades intelectuais - e também os movimentos. Por que se esforçar para voltar a ter aptidões mentais que pouco contribuíram para sua felicidade? No livro ela conta que sua principal motivação foi a possibilidade de ensinar às pessoas que não é preciso obedecer às vontades do hemisfério esquerdo do cérebro. A felicidade reside no lado direito. É ele que deve assumir o comando. Jill acredita que faz parte de sua missão divulgar ao mundo a boa-nova.

A neurocientista ganhou notoriedade ainda antes de lançar o seu livro. Em fevereiro contou sua experiência no TED, o fórum de tecnologia realizado anualmente nos Estados Unidos. O vídeo com sua palestra, divulgado no site do evento, já foi assistido por mais de 2 milhões de pessoas . Versões de sua apresentação colocadas no YouTube tiveram quase 400 mil visitas.

Aprender coisas novas estimula o hemisfério direito do cérebro e nos faz mais criativos, afirma estudo


A enorme repercussão de seu relato explica-se em boa parte pelo fato de Jill ser uma estudiosa da mente, não uma mística amalucada. Até sofrer o derrame, trabalhava no centro de pesquisas do cérebro de Harvard. Havia escolhido a profissão para tentar ajudar o irmão, que sofre de esquizofrenia. Um de seus campos de estudo era justamente as diferenças dos dois hemisférios do cérebro. Desde o início do século passado, a ciência reconhece essas diferenças. A contribuição de Jill foi tê-las vivenciado e afirmado que o lado direito não é apenas o território onde vicejam a criatividade e a intuição, o que já se sabia, mas onde reside a própria salvação.

Hoje ela dá aulas na Universidade de Indiana. Diz vivenciar um estado de compaixão por todos os seres que a impede de realizar pesquisas com ratos, antes comuns na sua vida. Até aqui se recusou a participar de programas de rádio e TV conduzidos por místicos e religiosos. "A religião é uma história que o lado esquerdo do cérebro conta para o lado direito", afirmou ao The New York Times. Diz que consegue viver no hemisfério direito e que usa o esquerdo quando necessário. Mas desenvolve a parte boa da mente exercitando suas paixões - o violão, o esqui aquático e a criação de vitrais.

Um estudo publicado na revista Harvard Business Review confirma a capacidade de expansão do lado direito do nosso cérebro. De acordo com os psiquiatras e professores da Emory University Roderick Gilkey e Clint Kilts, essa é a parte exploratória da mente, aquela que nos permite adquirir novos conhecimentos. Quando uma criança aprende uma nova língua ou um adulto começa a pintar quadros, é o lado direito que trabalha. O novo conhecimento migra depois para o lado esquerdo, que o organiza e o disponibiliza para o nosso dia-a-dia. Quanto mais coisas uma pessoa se dedica a aprender, mais exercita o hemisfério direito, dizem os autores.

Os objetivos dos professores são, é claro, muito diferentes dos de Jill. Estão preocupados apenas com a eficiência dos homens de negócio. Para isso, dizem que eles devem também desenvolver o lado esquerdo do cérebro, responsável pelas funções executivas. Recomendam que ouçam sempre vários pontos de vista e procurem conhecer todos os cantos de sua organização, o que aumentará a sua perspectiva geral e capacidade de decisão.


TED – Sigla em inglês para tecnologia, entretenimento e design. É uma conferência anual que se realiza em Long Beach, nos Estados Unidos, e reúne representantes de diferentes campos do conhecimento. Cada palestra dura exatos 18 minutos

Fonte:http://www.ted.com/talks/ e época

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