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Alagoas sob risco de apagão de médicos do PSF



Cinquenta cidades sob risco de apagão de médicos do PSF 


Odilon Rios 

Cinquenta cidades de Alagoas podem enfrentar, nos próximos meses, uma situação inédita- e inusitada- no Brasil. Por falta de entendimento entre Ministério Público Federal e Sindicato dos Médicos, os profissionais do Programa Saúde da Família (PSF) vão pedir demissão coletiva. 

Problema é a carga horária. A lei diz que o médico tem de trabalhar 40 horas. Mas, no correr dos anos, o valor dos salários caiu: de 30 para atuais 10 salários mínimos. 

O MPF- diz o Sindicato- quer o cumprimento da carga horária. 

"Os médicos aceitam, se houver o pagamento do salário- os 30 que nos diz a lei", diz o presidente do Sinmed, Welington Galvão. 

Sem dinheiro, as prefeituras flexibizaram o pagamento: os médicos não trabalham as 40 horas, mas bem menos. E pagam o salário dentro deste acordo. 

"Não é uma situação local, mas criada pelo Governo Federal. Falta de investimentos faz com que se jogue aos municípios. O Brasil pariu o PSF. Quem balança, são as cidades", disse Galvão. 

O MPF quer o cumprimento da carga horária- do contrário, move-se uma ação penal contra o profissional e o prefeito. 

"Claro, respeitamos o MPF, mas os procuradores ou os juizes recebem um salário que dá para trabalhar em um lugar. Os médicos não. Ficam em três ou quatro empregos, às vezes 60 horas. Juizes ou procuradores trabalham assim?", pergunta Galvão. 

"Assim, todos colocam os médicos como os vilões", disse. 

Na segunda-feira, em Palmeira dos Índios, os médicos- sem acordo com o MPF- decidiram pela demissão coletiva. A Prefeitura não tem como pagar as 40 horas; os médicos não aceitam o salário; e o MPF quer o cumprimento da lei. 

"Vinte e dois médicos vão pedir demissão", diz o presidente do sindicato. 

Nesta terça-feira, será a vez de Cajueiro. 

Lagoa da Canoa e Quebrangulo aceitaram o acordo. E os médicos do PSF verão aumento nos salários. 

"Como cada vez mais a União não assume a própria responsabilidade, passa aos municípios, que não assumem o PSF. Mais de 50 cidades em Alagoas vão acabar com o PSF. Então, para onde vai esse pessoal? Para o Hospital Geral do Estado- que vive o caos- e vai ficar pior", disse o presidente do Sinmed. 

Sem atrativos, a carreira médica passa por uma crise de falta de pessoal em Alagoas. 

A cada 10 médicos que se formam, apenas um trabalha no Estado. Os outros vão para estados vizinhos- ou lugares com salários maiores. 

O Estado forma 130 médicos, por ano. 

Sem profissionais para substituição, a média de idade de um médico, pelos dados do sindicato, é de 50 anos, em Alagoas. E já faltam pediatras. 

No Sudeste, os salários são melhores e os médicos se concentram mais por lá. Média de idade: 30 anos. 

"O PSF tem uma proposta ótima. Funciona em Cuba, no Reino Unido, é exemplo de atendimento no mundo. Mas, o médico em Alagoas não pode ser escravo- ganhando pouco. Tivemos três audiências públicas com o Ministério Público Federal. E não houve acordo. Resultado: demissão coletiva", disse Galvão.

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1Comentários
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  1. Essa greve tem 3 vértices e não dois, como dá a entender o início da reportagem. O impasse é entre médicos, PREFEITOS e MPF. Nenhum destes concordaram entre si. Inclusive alguns prefeitos já disseram que não aceitam aumentar o salário. Logo como vão aumentar a carga horária, sendo que já pagam uma miséria.

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