Estado intensificará treinamento de profissionais para evitar mais mortes
A dengue continua matando — e cada vez mais. A taxa de letalidade da doença no estado do Rio chegou a 3% este ano, muito superior ao tolerado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que admite no máximo 1% de mortes nos casos graves. Com 99 óbitos até 11 de junho — mais do que os registrados em 2010 e 2009 inteiros (55) —, o estado amarga também a taxa mais alta dos últimos tempos. Em 2008, ela foi de 1,7%; no ano seguinte, de 2,6%; e em 2010, de 1,8%.
Para especialistas, o aumento da taxa pode ser sinónimo de falhas no atendimento. Segundo o epidemiologista Roberto Medronho, da UFRJ, não há nenhuma evidência de que as cepas que estejam circulando este ano sejam mais virulentas, o que poderia provocar mais óbitos.
— Excluindo uma virulência maior, temos que ver se não houve problemas de diagnóstico, se os pacientes foram devidamente instruídos sobre os sintomas de agravamento e consequente retorno ao hospital — diz Medronho, preocupado com 2012. — Esta taxa de 3% é um alerta para o ano que vem, que pode ter uma epidemia devido à chegada do vírus 4. Como toda a população é suscetível, quem já teve dengue 1, 2 ou 3, pode desenvolver, ao contrair o vírus 4, formas mais graves da doença. E aí teremos mais mortes.
Diante das evidências de que se continua perdendo muitas vidas para o mosquito, a Secretaria estadual de Saúde já estuda mudanças para evitar o caos em 2012. Uma das medidas seria fazer aulas de treinamento em vídeo e exibi-las nos centros de estudos de hospitais. Segundo Andrea Mello, coordenadora de Educação em Saúde e Gestão da secretaria, esta seria uma forma de atingir a rede privada, que normalmente não adere aos treinamentos sobre a doença. Este ano, por exemplo, foram capacitados cerca de 1.500 profissionais da rede pública. Da particular, pouquíssimos.
— Tivemos um treinamento específico para a rede particular, para 150 convidados, mas só apareceram 70. No interior, convocamos hospitais privados, mas poucos profissionais vão.
Infelizmente, os equívocos de atendimento ainda acontecem.
Para Alexandre Chieppe, superintendente de Vigilância Epidemiológica e Ambiental da secretaria, a letalidade alta ainda é um mistério:
— Em 2007, quando a taxa também foi alta, a questão assistencial foi tardia. Mas neste ano não houve problemas. Nós montamos centros de hidratação, garantimos atendimento prioritário aos pacientes com dengue. Estamos investigando cada um dos óbitos para ver onde se errou. (Maria Elisa Alves - O Dia Online)