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No HGE de Alagoas o desespero das vítimas do acidente da Braskem

No maior hospital público, caos e improviso para atender 130 pessoas intoxicadas pelo cloro

Às 19h38 do sábado, 21 de maio de 2011, 130 pessoas sentiram falta de ar, ardência nos olhos, ânsia de vômito. Uma nuvem tóxica da fábrica da Braskem- resultado de um vazamento de cloro- sobrevoou o Trapiche da Barra, em Maceió, chegou a lagoa Mundaú e se dispersou.


Para a assessoria de comunicação da Braskem, foi um susto sem grandes consequências. Para as vítimas- moradores ao redor da fábrica- um dia que dificilmente será esquecido.

Imagens obtidas pelo RA mostram o desespero das vítimas- que foram atendidas no maior hospital público do Estado- o HGE. O caos no hospital, a falta de leitos para atender pacientes mostram que a nuvem de cloro causou efeitos muito piores que a fábrica da Braskem mostrou aos meios de comunicação.

Nas imagens- obtidas com exclusividade- é possivel perceber que as crianças sofrem tanto- ou mais ainda- que os adultos- nos corredores superlotados daquela noite de sábado.


E o quê é pior: ficam sentadas, no colo dos pais, abanadas com pedaços de papelão por causa do calor, algumas tossindo muito.

Nestas imagens, é possivel perceber que o acidente na fábrica gerou um susto muito maior que a fábrica diz ter causado.

Um dos pais de uma das vítimas- que é policial- tenta usar a força para internar o filho. É contido pelos moradores do Trapiche.

Em outra imagem, uma das vítimas tosse bastante. Tenta expulsar, dos pulmões, o gás tóxico. Faz isso sozinho porque não existem nebulizadores suficientes.

Um casal, lado a lado, espera o mesmo aparelho nebulizador.


Para tentar evitar a piora no quadro de superlotação, a Secretaria Estadual de Saúde emite uma nota: apenas quatro pacientes estão em estado grave. Os outros, estão em situação estável.

Pelas imagens, percebe-se um quadro muito pior: crianças tossem no colo dos pais, as pessoas intoxicadas não sabem o quê fazer. Parece que a quantidade de funcionários no dia não é suficiente para ajudar quem precisa de apoio.

Do lado de fora, está a imprensa. E a direção do HGE tenta mostrar que o quadro não é desesperador.

Quase todas as pessoas internadas- menos quatro- foram liberadas no mesmo dia. Muitas voltaram no domingo, 22 de maio. Apresentavam pneumonia.

Isso significa que o atendimento na noite de sábado foi improvisado. Ou mal feito, por falta de condições de se oferecer o melhor.

A permanência da fábrica da Braskem, no Trapiche, vai depender do Ministério Público Federal, que investiga as causas do acidente, e pediu explicações a empresa.

A Câmara de Vereadores abriu uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) para analisar o caso e ouvir os dirigentes da fábrica.

Cerca de 32 horas depois do acidente que vitimou 130 pessoas, uma nova explosão levou ao hospital cinco trabalhadores da Mills, subcontratada da empresa para serviços de reparos e manutenção em suas instalações.

A fábrica, inaugurada em 1976, é a principal fornecedora do cloro usado para a produção de PVC da Braskem.

Os sindicatos que representam os trabalhadores da planta de Maceió a acusam de reduzir os investimentos em segurança. “A Braskem só vinha fazendo manutenções corretivas na fábrica, não realizou nenhum trabalho preventivo”, diz Antonio Freitas, diretor do Sindipetro. “Alertamos que pequenos acidentes estavam ocorrendo, mas ninguém nos deu ouvidos.”

Fonte:Odilon Rios
Do Repórter Alagoas( vídeo do caos no HGE, após o acidente na Brasken)

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