Cícero Melo
A cidade dos homens
Esta cidade foi imenso matadouro.
E, de cabeças baixas, fomos como gado
Para a demência, todos. Ora, só ruínas
Revestem nosso sangue em cal e ervas mortas.
As plantas ressequidas trazem a saliva
Gosmenta dos tiranos, seus galhos dessangram
O olhar do visitante, mas, somente as cinzas
Dos mortos e seus gritos de terror laceram
Nossas frontes, sem eco, fechadas em nós
Cegos: ninguém desata; a mente muda esfola
O brilho obscuro da paisagem, o machado
Permanece amolado e nu para a degola.
-----------------------------------------Há alguma semelhança com a nossa Maceió ?
Cicero Melo é alagoano, mas reside no Recife/PE.Escreveu os livros "O Verbo Sitiado", "Poemas da Escuridão" e "O Poema da Danação". Participou de várias antologias. É, também, ensaísta e crítico literário.Visitem o Blog
Mário,
ResponderExcluireste é dos poemas que mais gosto. Obrigado.
Cicero Melo