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BUROCRACIA IMPEDE ACESSO DE DOENTES A MEDICAMENTOS



Pacientes do SUS que precisam de remédios distribuídos pela Farmácia de Medicamentos Excepcionais (FARMEX) estão ficando sem tratamento por causa da burocracia do sistema público de saúde. Além de tomar o tempo dos médicos, o preenchimento de até quatro vias de pelo menos seis formulários diferentes, além do receituário, nem sempre garante que o medicamento seja entregue ao paciente. “Muitas vezes eles retornam com alegação de que os formulários estão incompletos”, relata o neurologista Fernando Tenório Gameleira. Ele disse que há mais de um ano recorreu aos órgãos competentes pedindo que a burocracia diminua, mas nada foi feito. O médico teme também pela sua segurança e dos colegas que enfrentam o mesmo tipo de problema, porque alguns pacientes ou familiares culpam os médicos quando não conseguem os remédios e ficam violentos, partindo para ameaças e agressões.

“Essa burocracia prejudica de todas as formas. O médico do SUS hoje passa mais tempo preenchendo formulários do que atendendo os doentes. E com tanta papelada para preencher, muitas vezes repetindo as mesmas informações à exaustão – muitas delas, desnecessárias – o risco de o médico cometer um erro é muito grande”, afirma. O médico citou como exemplo a dificuldade de se liberar medicamentos para pacientes vítimas do Mal de Alhzeimer. Os formulários, em quatro vias, exigem informações muito detalhadas que tomam o tempo do médico e são desnecessárias.

O médico disse que até medicação para quem tem colesterol alto e corre o risco de sofrer um AVC tem burocracia para ser liberado, colocando em risco a vida do doente. Segundo ele, tanto na FARMAX, da Secretaria Estadual de Saúde, quanto na Secretaria Municipal de Saúde de Maceió as dificuldades se repetem. Até cópias de exames dos doentes precisam ser anexadas às receitas e formulários, havendo ainda a exigência de repetição de toda a burocracia a cada três meses. “Do ponto de vista técnico isso está errado. São exigências desnecessárias, que só prejudicam os médicos e, principalmente, os pacientes. Tem formulário onde o médico tem que repetir dados como seu nome, endereço e CRM quatro vezes, além de carimbar e assinar”, critica. Se o médico deixar de preencher uma única informação de um formulário, por mais inútil que seja, e mesmo que já conste em outro local do formulário, a FARMEX recusa, e manda o paciente de volta para o médico “corrigir o erro”. E é nessas horas que o doente fica com raiva e agride ou ameaça o médico.

Para o neurologista Fernando Gameleira, os órgãos que deveriam normatizar e fiscalizar esses protocolos, além de defender os interesses da população usuária do SUS, estão sendo omissos. “É preciso que se faça alguma coisa, antes que aconteça uma tragédia”, alerta.

Fonte: Coluna Sinmed de 15 de agosto 2010

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