Setor de Pronto Atendimento do HDT
Era um sábado, 12 de junho de 2010. O calor escaldante de uma cidade litorânea e uma fila para atendimento que aumentava vertiginosamente a proporção que ambulâncias chegavam com pacientes apresentando quadro clínico sugestivo principalmente de DENGUE. O teatro operacional era nada mais e nada menos que o ambulatório do Hospital de Doenças Transmissíveis ,o atual Hospital Escola Dr. Hélvio Auto. Enquanto do lado de fora o cidadão padecia com as dores no corpo e com a febre , mais um vilão evitável fazia parte do cenário infernal: O calor insuportável que fazia e faz no indigno setor de espera para atendimento do HDT.Os raios do sol penetram no ambiente com facilidade.As paredes que isolam a pequena área impedem ,a circulação do ar. A sensação térmica era semelhante a sentida ao entrar em um carro fechado em pleno meio dia ! Era de cortar o coração ouvir os lamentos daqueles que esperavam o atendimento médico por mais de 2 horas. O único local climatizado era no interior do setor ambulatorial logo após a porta de entrada ,no segundo consultório localizado a esquerda .
A "sala" de Espera do HDT !
No consultório modesto, uma maca e um bureau. Uma médica de voz mansa e serena atendia gentilmente com um misto de resignação e angústia. Me dizia que era humanamente impossível e inaceitável presenciar diariamente situações que se tornaram rotineiras no hospital, principalmente nos finais de semana quando na escala só existe um profissional para todo o atendimento a nível ambulatorial,internamento, e intercorrências internas etc).Prosseguindo ainda me mostrou as salas de observação onde os pacientes recebem medicações,e aguardam exames até a definição do seu destino.Mais calor e um ambiente totalmente insalubre, principalmente naquela tarde de grande fluxo.Foi nesse exato momento que tive a sensação de me encontrar na Sucursal do Inferno !
Mário Augusto
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Meu Caro Mário,
ResponderExcluirA estrutura do nosso Pronto Atendimento preocupa a todos os que fazem o Hélvio Auto.
Os nossos pacientes apresentam doenças que, por suas peculiaridades, exigem uma área ampla e confortável, que garanta bem estar, segurança e conforto enquanto aguardam atendimento.
Há algo, um sentimento que não sei definir precisamente, que faz com que muitos pensem que a assistência a esses pacientes é simples, bastando um médico com estetóscopio, uma equipe mínima de enfermagem e alguns medicamentos sintomáticos. Hoje, as cãs permitem-me afirmar que essa é uma posição que depõe contra os que a defendem - no mínimo faltaram as aulas, não lêem ou têm interesses outros que não o bem estar da população. O nosso atraso é tamanho que periodicamente alguem sugere o fechamento do hospital, apesar das doenças infecciosas responderem por perdas na economia mundial de duzentos bilhões de dólares nos últimos 10 anos, de acordo com o U.S. Institute of Medicine.
As demandas do nosso Estado são praticamente infinitas e, no que tange à saúde e mais especificamente ao dengue, reduzindo a abrangência da discussão, nós ainda não conseguimos por em funcionamento o SUS. A SESAU elaborou um Plano Diretor de Regionalização, um Plano de Contingência e desenvolveu um programa de capacitação para médicos e enfermeiros, o que permitiria racionalizar a assistência aos casos suspeitos, mas isso ainda não ocorreu, pois a maioria dos Serviços de Saúde, do Interior e da Capital, continua encaminhando desnecessariamente pacientes para o Hospital Hélvio Auto, como se nós dispuséssemos de uma boa estrutura física e uma numerosa equipe multiprofissional.
Só posso lastimar por tudo o que esse paciente e todos os outros passam nesse Calvário que é buscar respostas para uma febre que põe em pânico a família e os amigos.
Um abraço,
Celso Tavares