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Regional do Baixo Amazonas ainda não decolou


Duas inaugurações, uma no final do governo Jatene e outra no início do governo Ana Júlia, três greves de médicos, serviços que nunca funcionaram e falta de leitos. Essas são algumas das peculiaridades do Hospital Regional do Baixo Amazonas (HRBA), localizado em Santarém, no Oeste do Pará. Uma obra do governo do estado que nunca funcionou plenamente e que já foi motivo de frustração e revolta para a população dos 19 municípios da região.

Em pouco mais de três anos de existência, o HRBA conheceu duas administrações, sendo que a primeira, escolhida pelo governo Jatene, foi posta para fora da casa logo no início do governo Ana Júlia. O atual governo culpa o anterior pelos problemas que ocorrem no hospital, pois na primeira inauguração, ocorrida em dezembro de 2006, não havia equipamentos e apenas o prédio foi entregue à população.

Apesar de ainda jovem, o HRBA já passou por três greves de médicos, todas por causa de salários atrasados. A primeira ocorreu em abril de 2008, a segunda em agosto de 2009 e a terceira e mais recente em dezembro, também do ano passado. Durante essas paralisações, centenas de pessoas deixaram de ser atendidas e pacientes de outros municípios foram obrigados a retornar para casa sem atendimento. E até mesmo quem estava com cirurgia marcada foi obrigado a esperar o fim das greves.

E mesmo em tempos de calmaria o atendimento do HRBA deixa a desejar: faltam leitos e muitos pacientes estão na fila de espera para fazer uma simples cirurgia de vesícula.

A reportagem do DIÁRIO, mais de uma vez, tentou ter acesso ao interior do hospital, mas o pedido foi negado pela direção da casa. O argumento para negar a permissão é que há risco de contaminação tanto para os pacientes que estão internados quanto para a equipe de reportagem.

Atualmente o HRBA é administrado pela Pró-Saúde (Associação Beneficente de Assistência Social e Hospitalar), que assumiu o órgão em maio de 2008. Desde então a entidade já enfrentou duas greves de médicos e constantemente é alvo de reclamações por parte de parentes de pacientes que aguardam por atendimento no hospital. Esse é o caso da senhora Raimunda Céris de Oliveira que desde o final do ano passado luta para conseguir uma cirurgia de garganta para seu irmão Manuel Ricardo de Oliveira que residente no município de Terra Santa.

A mulher só aceitou falar com a reportagem depois de muita insistência, pois no seu entender, qualquer tipo de depoimento contra o hospital pode atrasar ainda mais o tratamento do irmão. “O pessoal do hospital pode não gostar e pensar que eu estou falando coisa ruim deles”, declarou. Ela conta que seu irmão era pescador no município de Terra Santa, onde contraiu uma doença grave (tumor na garganta) e precisou ser trazido para Santarém a fim de buscar tratamento no HRBA: acabou entrando numa fila de espera que já dura dois meses.

Com base nas informações repassadas pela irmã do paciente, a reportagem buscou esclarecimentos junto ao hospital e recebeu a notícia de que Manuel Ricardo será submetido a cirurgia ainda este mês e que seu estado de saúde não é grave como afirmam seus parentes.

O DIÁRIO também procurou o corpo clínico do hospital para que algum médico pudesse falar se houve melhorias no atendimento da casa depois da terceira greve, mas ninguém quis dar depoimento, pois há um acordo com a direção da casa para que todos os assuntos referentes ao funcionamento do hospital sejam tratados pela entidade que administra o órgão.

No HRBA existem 100 leitos de enfermaria e 21 de UTI, sendo sete para adultos, sete pediátricos e sete neonatais. De acordo com funcionários do hospital, todos esses leitos estão lotados e com pacientes na fila de espera. Atualmente o Município de Santarém possui pouco mais de 500 leitos, o que representa 1,25 leito para cada mil habitantes, enquanto que o mínimo recomendado pelo Ministério da Saúde é de três leitos para cada mil. (Diário do Pará)Domingo, 14/02/2010, 08:37h

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