O Alienista : Contos e recordações Machadianas no HGE de Alagoas


Na opinião do gerente geral do HGE, os médicos e o Sinmed são os responsáveis pela imagem negativa da instituição.

NO MUNDO DA LUA

2010-01-29 - 15:25:05
Fonte:Sinmed-Al



O gerente disse em entrevista a uma emissora de televisão a cabo de Maceió que quando há necessidade de se colocar macas com doentes nos corredores ou de atender um paciente no chão, os médicos chamam o Sindicato para fazer fotografias e que as imagens são divulgadas com o propósito de denegrir a diretoria e o hospital.

O gerente disse também que os médicos falam inverdades sobre o HGE (como quando denunciam falta de condições éticas de trabalho), e que fazem isso porque não querem trabalhar. Para isso, segundo o gerente, contam com o apoio do Sinmed, que se ocupa de divulgar informações mentirosas, plantando boatos sobre falta de médicos, equipamentos quebrados, desabastecimento, falta de leitos e outros probleminhas que acontecem raramente no HGE, mas que, quando ocorrem, tanto os médicos como o Sinmed dão a eles uma dimensão exagerada. A intenção ao se divulgar uma imagem distorcida da realidade do HGE seria fazer a sociedade pensar que o hospital vive mergulhado no caos.

Figura decorativa no cargo, o gerente geral do HGE perdeu uma ótima oportunidade de ficar calado. “Quem não tem competência e nem autonomia para administrar e assume um cargo desses tem que encontrar culpados para atribuir o caos que não consegue nem mesmo minimizar, por absolutas apatia e inoperância”, afirma o presidente do Sinmed, Wellington Galvão. Segundo ele, só quem não entende nada do que se passa a sua volta pode abrir a boca para dizer que os problemas do HGE são invenção dos médicos e do Sinmed.

O HGE poderia ter gestores capacitados, que sensibilizassem o governo quanto à necessidade e à importância de manter o hospital bem aparelhado, abastecido, com quadro médico suficiente para atender à demanda e remunerado dignamente. Mas um gestor que não respeita os médicos nem a população, fazendo vistas grossas às graves deficiências do hospital, e que ainda acusa a categoria de mentir, quando reclama da falta de condições de trabalho, termina virando piada de mau gosto.

Bem no estilo da propaganda que o governo faz do HGE na mídia, onde o hospital surge bem aparelhado, abastecido, com doentes tratados dignamente, leitos forrados, corredores livres, quadros completos de médicos e auxiliares, e todos sempre sorrindo (como na hora em que alguém fala “aqui tem Prohosp!”).

Aquilo é que é mentira deslavada, bancada com dinheiro público que deveria ser investido na Saúde e na Segurança Pública. O gerente do HGE precisa voltar à terra e enfrentar a realidade do hospital que deveria administrar, e não ir para a televisão chamar os médicos de mentirosos e indolentes. Ficou feio para ele.

Para complementar o artigo do SINMED , o Blog Alagoas Real faz uma sugestão para leitura de uma grande obra de Machado de Assis ,o Alienista.


Resumo da trama

Simão Bacamarte é o protagonista, médico conceituado em Portugal e na Espanha, decide enveredar-se pelo campo da psiquiatria e inicia um estudo sobre a loucura e seus graus, classificando-os. Funda a Casa Verde, um hospício na vila de Itaguaí e abastece-o de cobaias humanas. Passa a internar todas as pessoas da cidade que ele julgue loucas; o vaidoso, o bajulador, a supersticiosa, a indecisa etc. Costa, rapaz pródigo que dissipou seus bens em empréstimos infelizes, foi preso por mentecapto. A tia de Costa que intercedeu pelo sobrinho também foi trancafiada. O mesmo acontece com o poeta Martim Brito, amante das metáforas, internado por que se referiu ao Marquês de Pombal como o dragão aspérrimo do Nada. Nem D. Evarista, esposa do Alienista escapou: indecisa entre ir a uma festa com o colar de granada ou o de safira. O boticário,os inocentes aficcionados em enigmas e charadas, todos eram loucos. No começo a vila de Itaguaí aplaudiu a atuação do Alienista, mas os exageros de Simão Bacamarte ocasionaram um motim popular, a rebelião das canjicas, liderados pelo ambicioso barbeiro Porfírio. Porfírio acaba vitorioso, mas em seguida compreende a necessidade da Casa Verde e alia-se a Simão Bacamarte. Há uma intervenção militar e os revoltosos são trancafiados no hospício e o alienista recupera seu prestígio. Entretanto Simão Bacamarte chega á conclusão de que quatro quintos da população internada eram casos a repensar. Inverte o critério de reclusão psiquiátrico e recolhe a minoria: os simples, os leais, os desprendidos e os sinceros. O alienista contudo, imbuído de seu rigor científico percebe que os germes do desequilíbrio prosperam porque já estavam latentes em todos. Analisando bem, Bacamarte verifica que ele próprio é o único sadio e reto. Por isso o sábio internou-se no casarão da Casa Verde, onde morreu dezessete meses depois. Apesar do boato de que ele seria o único louco de Itaguaí, recebeu honras póstumas.

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