Líbia em crise: inundações devastadoras e a ameaça da febre do Vale do Rift

Desastres climáticos na Líbia: inundações e a emergência da FVR

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As recentes inundações devastadoras causadas pela tempestade Daniel lançaram a Líbia em uma crise sem precedentes. Essa catástrofe ressalta a vulnerabilidade do país às mudanças climáticas, destacando as consequências desastrosas das inundações e secas associadas a esses fenômenos climáticos. Além dos danos materiais, esses eventos climáticos extremos também aumentam significativamente os riscos à saúde da população, incluindo ameaças como doenças transmitidas por vetores, pela água e por alimentos.

Um dos principais desafios de saúde que a Líbia enfrenta nesse contexto é a febre do Vale do Rift (FVR), uma doença viral zoonótica transmitida por vetores que afeta tanto animais quanto seres humanos. A FVR representa uma ameaça significativa não apenas à saúde pública, mas também à economia, devido aos impactos negativos que pode causar na pecuária.

Os surtos de FVR estão diretamente relacionados às condições ambientais favoráveis, como as inundações que ocorrem após fortes chuvas. Essas enchentes criam um ambiente propício para a proliferação de mosquitos, que atuam como vetores da doença, espalhando o vírus de animais para seres humanos. Entre dezembro de 2019 e junho de 2021, a Líbia notificou oficialmente 12 surtos de FVR à Organização Mundial de Saúde Animal (WOAH), demonstrando a magnitude do problema.

O ciclo epidemiológico da FVR envolve tanto ciclos enzoóticos (envolvendo animais) quanto ciclos enzoóticos-epidêmicos (envolvendo surtos em humanos). Mosquitos dos gêneros Aedes e Culex desempenham um papel crucial como reservatórios e vetores do vírus da FVR, transmitindo-o transovarianamente para suas crias. Após períodos de chuvas intensas e inundações, mais mosquitos infectados eclodem, aumentando o risco de transmissão do vírus para seres humanos e animais, desencadeando surtos de doenças.

Além da transmissão por mosquito, os seres humanos também podem ser infectados por meio do contato direto com animais ou seus tecidos infectados, especialmente durante atividades como abate e procedimentos veterinários. É importante ressaltar que, até o momento, não há evidências de transmissão de humano para humano do vírus da FVR.

Portanto, diante das recentes inundações e das condições propícias à proliferação de mosquitos vetores na Líbia, a vigilância epidemiológica, o controle de mosquitos, a educação pública e medidas de biossegurança são cruciais para conter a propagação da febre do Vale do Rift e proteger a saúde da população e a economia do país.

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