Sistema de saúde de Cuba entra em colapso com falta de médicos e remédios

Padrão comunista:Com infraestrutura precária e sem medicamentos, saúde cubana entra em colapso

O sistema de saúde em Cuba vive uma profunda crise que vem se agravando rapidamente, forçando as autoridades a reconhecer a situação precária em que se encontra um setor outrora considerado motivo de orgulho pelo regime. A decadência nos cuidados médicos está deixando a população cubana desesperada.

Pacientes na sala de emergência do Hospital Universitário General Calixto García.

Nos hospitais, a infraestrutura se encontra muito danificada, com falta de equipamentos, transporte insuficiente, escassez de medicamentos e insumos básicos. Não há reagentes para exames de laboratório e há desabastecimento de vacinas.

População cubana desesperada com crise e declínio acelerado na saúde

"Você chega a um hospital e não têm o remédio, nem os recursos necessários para cuidar da sua saúde, para que façam exames, para que o examinem!", desabafou o jornalista José Luis Tan, de Camagüey, sobre sua experiência ao procurar atendimento médico no país.

Farmácia do Hospital Clínico Cirúrgico Docente Provincial Manuel Ascunce Domenech de Camagüey.

Nas enfermarias dos hospitais, os banheiros estão entupidos e sem água. Faltam materiais de limpeza e manutenção. Há acúmulo de doentes pela falta de médicos e especialistas. Muitas vezes, apenas dois clínicos precisam atender toda a emergência de um hospital inteiro, com o auxílio de uma ou duas enfermeiras.

"Também há uma crise com os especialistas, não há médicos nas urgências. Não há remédios nos hospitais, as farmácias estão vazias. Além disso, eles não coletam lixo, não fumigam. Os hospitais, as policlínicas não têm especialistas, nem reagentes, nem seringas para fazer testes", acrescentou Tan.

A atenção básica, essencial para a qualidade dos serviços de saúde, também está comprometida pela falta de médicos de família, resultado do êxodo de profissionais do país. "Nos consultórios, quase não há médicos de família e aquele que tem, tem que cobrir duas ou três áreas e, depois de fazer um plantão de 24 horas em um hospital, lidar com a falta de recursos, com noites mal dormidas; eles têm que voltar ao consultório médico para passar o dia inteiro atendendo os pacientes", relatou o jornalista.

Dados do Anuário Estatístico de Cuba 2022 sobre Saúde e Assistência Social, divulgados pelo Escritório Nacional de Estatística e Informação (ONEI), mostram que entre 2021 e 2022 o país perdeu 31.308 profissionais de saúde, sendo 12.065 médicos. Não há, porém, especificação sobre os motivos dessa evasão em massa.

Enquanto isso, o governo cubano segue enviando pessoal médico para o exterior, uma das principais fontes de divisas para o país, como as próprias autoridades admitem. O Ministério de Relações Exteriores de Cuba informou que atualmente 23.792 profissionais trabalham em 56 nações.

"O Sistema Nacional de Saúde cubano está profundamente ressentido. O pessoal médico e assistencial em geral sofreu uma redução substancial: são milhares de profissionais médicos que deixaram o sistema, por diferentes vias", afirmou o médico opositor Eduardo Cardet.

Além da evasão, muitos médicos estão abandonando a prática clínica para exercer outras funções melhor remuneradas. Os salários na área variam de US$120 para enfermeiros até US$280 para especialistas.

A fuga de quadros afeta sobretudo os atendimentos especializados e nos postos de saúde. "Inclusive, existem serviços de atenção secundária com um ou dois especialistas atendendo em um hospital em um determinado serviço. Da mesma forma, é crescente o número de consultórios que não possuem médico, principalmente nas áreas rurais, mesmo no contexto atual onde praticamente não há transporte", destacou Cardet.

A população cubana, portanto, enfrenta o colapso de um sistema de saúde outrora modelo, mas hoje sem recursos humanos e materiais para prover atendimento digno. As autoridades até agora não apresentaram soluções efetivas para remediar a crise que se agrava dia após dia.

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