Parasitas: vilões ou reguladores ecológicos? Estudo prova importância

Daphnia magna pulgas d'água.

Estudo mostra que parasitas são vitais para a sobrevivência de algumas espécies

Parasitas ajudam espécies a coexistirem ao mediar competição

Um novo estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Tel Aviv, em Israel, demonstra que parasitas podem ser essenciais para a sobrevivência de algumas espécies em determinados habitats, ao ajudar a mediar a competição entre espécies muito similares. A pesquisa, publicada na revista Frontiers in Microbiology, focou no efeito de parasitas em duas espécies de microcrustáceos aquáticos do gênero Daphnia, conhecidos como pulgas d'água.

Os cientistas utilizaram duas espécies de Daphnia com perfis distintos de suscetibilidade a parasitas. Uma delas, a Daphnia magna, é altamente vulnerável à infecção por uma variedade de parasitas. Já a outra espécie, apelidada pelos pesquisadores de "Super Daphnia", possui resistência quase completa contra os parasitas.

Os experimentos compararam a dinâmica ecológica entre as duas espécies quando mantidas juntas, tanto na presença quanto na ausência de parasitas. Em tanques sem a presença de parasitas, a espécie suscetível, Daphnia magna, acabou dominando completamente o habitat compartilhado e eliminando as populações da espécie resistente. Porém, em tanques contendo parasitas, as duas espécies conseguiram coexistir side-a-side.

Isso ocorreu porque os parasitas afetavam mais fortemente a Daphnia magna, diminuindo sua capacidade competitiva e permitindo que a "Super Daphnia" resistente também se estabelecesse no habitat, apesar de sua desvantagem em capacidade competitiva geral.

Os autores do estudo concluem que os parasitas podem contribuir para a biodiversidade ao mediar as interações ecológicas entre espécies muito similares, permitindo uma coexistência estável que normalmente seria excluída pela competição direta baseada unicamente na capacidade competitiva geral de cada espécie.

Dessa forma, ao limitar as espécies mais adaptadas e dominantes, os parasitas acabam abrindo espaço de nicho ecológico que possibilita a permanência de outras espécies mais sensíveis e menos aptas à competição em condições livres do efeito parasitário. Isso influencia a composição da comunidade biológica como um todo.

Os autores explicam que as espécies de Daphnia do estudo estão adaptadas a piscinas rochosas pequenas e relativamente fechadas. Nesses habitats, a competição entre as espécies é muito acirrada, pois há pouca possibilidade de migração ou dispersão. Assim, qualquer fator que possa diminuir ligeiramente a capacidade competitiva de uma espécie dominante já pode fazer diferença na sobrevivência de outras.

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Longe de serem ruins, parasitas equilibram ecossistemas

Ao demonstrar o efeito dos parasitas na mediação das interações ecológicas entre as duas espécies de Daphnia testadas, o estudo ajuda a elucidar o papel chave que os parasitas podem exercer na regulação da biodiversidade de certos ambientes.

Muitas vezes vistos de forma negativa por causa dos danos que podem causar a organismos individuais, os parasitas parecem, na verdade, desempenhar funções ecológicas complexas e sutis ao influenciar o equilíbrio dinâmico entre diferentes organismos em um ecossistema. Eles moldam de forma crucial a estrutura e diversidade da comunidade biológica.

Os insights do estudo podem ser particularmente valiosos para estratégias de conservação, no controle de espécies invasoras ou proteção de espécies ameaçadas. Ao compreender os efeitos dos parasitas na ecologia de habitats fragilizados, podemos obter novas ferramentas de gestão ambiental para garantir a rica biodiversidade desses ecossistemas.

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