INTRODUÇÃO
A existência de famílias tradicionais na política brasileira não é um fenômeno desconhecido na Ciência Política brasileira. Autores como Ames (2003) e Abrucio (1998) já haviam chamado atenção para a relevância de famílias tradicionais em algumas regiões do Brasil, especialmente no nordeste. Também não é novo o debate histórico sobre a origem dessas famílias e sua dominação em diversas regiões do Brasil. Carvalho (1997) pontua que conceitos como mandonismo, coronelismo e clientelismo são usados para explicar parte do comportamento das elites políticas e como esse comportamento se estabelece historicamente, no entanto, estes são conceitos datados e o uso deles sem a devida atenção metodológica gera a diminuição da capacidade heurística e o poder explicativo destas categorias.
Outra vertente da literatura, representada por Holanda (2006), chama atenção para o “espírito de fidalguia” presente nas elites rurais cuja origem reside no assenhoramento do território pela incapacidade do império de controlar todo o território nacional, fazendo emergir famílias com poder de mando ou com sentimentos de fidalguia que atribuíam a si próprias o caráter de cidadania e o “decoro aristocrático” suficiente para controlar o poder público.
Apesar das análises sobre o tema, ainda não há um modelo que explique a manutenção destas famílias políticas. Ames (2003) argumenta que o caciquismo político segue a tendência declinante de dominância que caracteriza o sistema político brasileiro. Abrucio (1998) afirma que o processo de centralização e descentralização ocorrido nas ultimas décadas gera incentivos para o fortalecimento da arena estadual, criando uma lógica para cada estado. A distribuição federativa da autoridade política e da transferência de recursos criou efeitos perversos no sistema político brasileiro (ARRETCHE, 2004), tais efeitos são analisados a partir da distribuição de recursos através das transferências constitucionais e sub-representação de algumas unidades em detrimento da super-representação de outras. Apesar deste debate, os clãs políticos regionais ainda não despertam atenção da Ciência Política brasileira. Compreender este fenômeno será o objetivo deste trabalho que enfatizará a estrutura dos clãs políticos e em quais condições eles se mantêm.
Vanuccio Pimentel
Mestre e Doutorando em Ciência Política pela Universidade Federal e Pernambuco, Professor Assistente de Ciência Política no curso de Administração Pública da Faculdade ASCES. Leia o artigo completo