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Maceió AL - -

Pedro Montenegro um baluarte dos Direitos Humanos


* Qual o preço de se defender os Direitos Humanos?

Ontem ouvi entre muitas outras considerações sobre a saída de Pedro Montenegro da Secretaria de Direitos Humanos, uma que me despertou o olhar e me fez pensar na saga que é ser cidadão em Alagoas. 

"Ele batia muito de frente! Isso não pode ser feito." 

Rebobinei a fita da minha memória. 

Voltei a Matriz de Camaragibe, em agosto de 2007, quando meu filho Alexystaine largava brutalmente a infância feliz para entrar na adolescência traumatizada pela tortura que viveu nas mãos de agentes públicos de segurança. 

O Conselho Tutelar estava lá. Acompanhou as arbitrariedades, fotografou a criança algemada, mas o registro da ocorrência ganhou ares sutis de generecidade, sem apontar de fato para os criminosos (tortura no Brasil é crime!). Quase caí de costas quando li o documento posto sobre a mesa do promotor. Parecia falar de outro fato, não daquele ocorrido com meu filho! 

Claro que protestei! Mas o rio corria para o mar, ou seja, ninguém mais, além de mim estava disposto a bater de frente! 

Quando a ação envolve homens públicos, vinculados aos conchavos políticos, o medo de bater de frente generaliza a omissão. 

Quem bate de frente? Aquele que cumpre seu dever de cidadão. Mas a rasteira é coisa certa, inclusive, abençoada pela sociedade que sempre lhe diz amém! 

Solicitei as fotos ao Conselho Tutelar, enviei o cd virgem, e até hoje não recebi nada. 

Quem queria bater de frente? O próprio Ministério Público eximiu das acusações um delegado e de um crime previsto no ECA, dois policiais civis. 

Não adiantará erguer discursos fisiologistas dizendo que o Brasil tem uma legislação admirável quando não há seriedade nos critérios para eleição de Conselheiros Tutelares, pois sendo a maioria vinculada a políticos locais, não estão prontos para bater de frente. 

Enquanto a mentira servir para barganhar empregos e cargos, nossas crianças e adolescentes ficarão à mercê do mal institucionalizado que nada nem ninguém pune ou contém. 

O martírio de Alexystaine me ensinou tudo o que não sabia ainda sobre Alagoas e sobre o Brasil. 

Aquela criança que tremia em convulsão nos meus braços na madrugada fatídica da tortura foi a mesma que tombou no chão marginal de Matriz de Camaragibe. Para ele não houve reparação, compensação, justiça ou ao menos compreensão. 

A sociedade fria traumatiza e mata. 

Conheço Doutor Pedro Montenegro, o preço de bater de frente e aproveito o ensejo para reforçar o quanto Alagoas precisa da sua militância na defesa dos Direitos Humanos, afinal, desde sempre, sua proposta é essa. 

Com a camisa de meu filho sobre o peito, sigo qual viajante em busca da pátria livre que garantiria a ele e a milhares de outros seus direitos como crianças e adolescentes, mas até agora só elaborou discursos e não suportou os que bateram de frente como cidadãos. 

Será tudo uma farsa?

*Ana Cláudia Laurindo- Cientista Social
http://www.reporteralagoas.com.br/noticia_cidades.php?cd_secao=801


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