O ambiente hospitalar : Algumas curiosidades sobre a "vida" do acinetobacter,e de outros patógenos !

O ambiente hospitalar é inevitavelmente um grande reservatório de patógenos virulentos e oportunistas, de modo que as infecções hospitalares podem ser adquiridas não apenas por pacientes, que apresentam maior susceptibilidade, mas também, embora menos freqüentemente, por visitantes e funcionários do próprio hospital.

Os patógenos implicados nas infecções hospitalares são transmitidos ao indivíduo tanto via endógena, ou seja, pela própria flora do paciente quanto pela via exógena. Esta última inclui veículos como mãos, secreção salivar, fluidos corpóreos, ar e materiais contaminados, como por exemplo, equipamentos e instrumentos utilizados em procedimentos médicos. Muitos destes procedimentos são invasivos, isto é, penetram as barreiras de proteção do corpo humano, de modo a elevar o risco de infecção

Os principais fatores que influenciam a aquisição de uma infecção são:

 status imunológico
 idade (recém-nascidos e idosos são mais vulneráveis)
 uso abusivo de antibióticos
 procedimentos médicos, em particular, os invasivos
 immunosupressão
 falhas nos procedimentos de controle de infecção



As bactérias gram-negativas raramente são associadas a episódios de transmissão aérea porque elas geralmente demandam ambientes úmidos para persistência e crescimento. A principal exceção é a Acinetobacter spp., que pode suportar os efeitos inativadores da secura. Em uma investigação epidemiológica de infecções na corrente sanguínea entre pacientes pediátricos, Acinetobacter spp. idênticas foram coletadas dos pacientes, do ar e dos aparelhos de ar condicionados das salas de um berçário.

Dois patógenos bacteriais gram-negativos adicionais que podem proliferar em ambientes úmidos são o Acinetobacter spp. e o Enterobacter spp. Os membros dos dois gêneros são responsáveis por episódios de colonização, infecções na corrente sanguínea, pneumonia e infecções do trato urinário associados ao tratamento médico entre pacientes medicamente comprometidos, especialmente aqueles em UTIs e unidades de terapia de queimados. As infecções causadas pelo Acinetobacter spp. representam um problema clínico significativo. Os índices médios de infecção são maiores de julho a outubro, em comparação com os índices de novembro a junho. Os índices de mortalidade associados com a bacteremia Acinetobacter são de 17% a 52%, e índices tão altos quanto 71% foram relatados para pneumonia causada por infecção por Acinetobacter spp. ou Pseudomonas spp. A resistência a vários medicamentos, especialmente os cefalosporino da terceira geração para a Enterobacter spp., contribui para o aumento da morbidade e mortalidade.


Os pacientes e profissionais da área de saúde contribuem significativamente para a contaminação de superfícies ambientais e equipamentos com a Acinetobacter spp. e a Enterobacter spp., especialmente em áreas de tratamento intensivo, devido à natureza do equipamento médico (ex.: ventiladores) e da umidade associada a esses equipamentos. O transporte e transferência pelas mãos estão comumente associados à transmissão desses organismos e da S. marcescens. associada ao tratamento médico. As Enterobacter spp. são inicialmente disseminadas dessa maneira entre pacientes, pelas mãos do profissional da saúde.A Acinetobacter spp. foi isolada das mãos de 4% a 33% dos profissionais da saúde em alguns estudos, e a transferência de uma variedade epidêmica de Acinetobacter da pele de pacientes para as mãos de profissionais da saúde foi demonstrada experimentalmente. Infecções por Acinetobacter e surtos também foram atribuídos a equipamentos e materiais médicos (ex.: ventiladores, umidificadores de vapor frio, vaporizadores e tendas de vapor) que podem ter contato com água de qualidade incerta (ex.: assepsia de um circuito de ventilador em água da torneira). A aderência rígida à higiene das mãos ajuda a evitar a disseminação de Acinetobacter spp. e de Enterobacter spp.


A Acinetobacter spp. também foi detectada em superfícies secas do ambiente (ex.: grades de camas, contadores, pias, criados-mudos , roupas de cama, pisos, telefones e prontuários médicos) nas proximidades de pacientes colonizados ou infectados. Tal contaminação é especialmente problemática para superfícies que são frequentemente tocadas. Em dois estudos, o período de sobrevivência da Acinetobacter baumannii e Acinetobacter calcoaceticus sobre superfícies secas se aproximou daquele da S. aureus (ex.: 26 a 27 dias). Pelo fato de a Acinetobacter spp. poder vir de inúmeras fontes a qualquer momento, as investigações laboratoriais de infecções por Acinetobacter associadas ao tratamento médico devem envolver técnicas para determinar o biotipo, o antibiotipo, o perfil plasmático e as impressões digitais genômicas (ex.: análise de macrorestrição) para identificar precisamente as fontes e modos de transmissão do(s) organismo(s).


Um estudo recente averigüou a contaminação microbiana nos jalecos de estudantes de medicina, e constatou que os estudantes consideravam que os jalecos estavam limpos, contanto que não estivessem visivelmente contaminados por substâncias corporais, mesmo após usá-los por várias semanas. A maior carga bacteriana foi encontrada nas mangas e nos bolsos dos jalecos; os organismos mais isolados foram Staphylococcus aureus, difteróide, e Acinetobacter spp. Supostamente, as mangas do jaleco podem ter contato com o paciente, e servem como transferência ambiental de microorganismos estáveis entre os pacientes. Nesse estudo, a vigilância não se estendeu a pacientes para detectar novas infecções ou colônias. No entanto, os alunos relataram que trocariam de jaleco com mais freqüência e regularidade se houvesse mais jalecos limpos. Além desse estudo, que documenta a presença de bactérias patogênicas nas roupas de instituições de saúde, relatos de infecções atribuídas ao contato com essas roupas ou roupas lavadas em casa são raros.


Colchões e travesseiros padronizados podem ser contaminados com substâncias corporais durante o atendimento ao paciente se a integridade das capas desses itens for comprometida. A prática de colocar agulhas nos colchões deve ser evitada. Uma capa de colchão geralmente é feita de material protetor, que tem o objetivo de evitar que o colchão se contamine com fluidos e substâncias corporais. Um lençol de linho colocado nos colchões não é considerado uma cobertura de colchão. Remendos de buracos nos colchões não oferecem uma superfície impermeável sobre o colchão. As capas de colchões devem ser substituídas caso estejam visivelmente manchadas. Colchões molhados, em particular, são fontes significativas de microorganismos. Infecções e colônias causadas por Acinetobacter spp., MRSA, e Pseudomonas aeruginosa já foram constatadas, especialmente entre pacientes queimados. Nesses relatórios, a remoção de colchões molhados foi uma medida eficiente de controle de infecções. Foram feitas tentativas para garantir que almofadas e capas fossem lavadas e desinfetadas entre um paciente e outro com produtos desinfetantes compatíveis com os materiais das capas dos colchões para garantir que elas permanecessem impermeáveis. Travesseiros e fronhas devem ser fáceis de limpar, preferencialmente em ciclos de água quente. Devem ser lavados entre o uso de um paciente e outro ou caso sejam contaminados com substâncias corporais.


Insetos no ambiente Hospitalar que transportam patógenos ajudando na transmissão de doenças




Inseto
Categoria do microorganismo
Microorganismos















Baratas




Bactéria gram-negativa
Acinebacter sp.; Citrobacter freundii; Enterobacter sp.; E. cloacae; Escherichia coli; Flavobacterium sp.; Klebsiella sp.;
Proteus sp.; Pseudomonas sp.;
P.aeruginosa, P. fluorescens, P. putida; Salmonella sp.; Serratia sp., S. marcescens; Shigella boydii.



Bactéria gram-positiva
Bacillus sp.; Enterococcus faecalis; Micrococcus sp.; Staphylococcus aureus, S. epidermidis;
Streptococcus sp., S. viridans

Bactérias ácido-resistentes
Mycobacterium tuberculosis

Fungos
Aspergillus niger; Mucor sp.; Rhizopus sp.
Parasitas
Endolimax nana; Entamoeba coli





Moscas domésticas
Bactéria gram-negativa







Acinetobacter sp.;
Campulobacter fetus subsp. Jejuni; Chlamydia sp.; Citrobacter fruendii; Enterobacter sp.; Escherichia coli;
Helicobacter pylori; Klebsiella sp.; Proteus sp.; Pseudomonas aeruginosa; Serratia marcescens; Shigella sp.
Bactéria gram-positiva
Bacillus sp.; Enterococcus faecalis; Micrococcus sp.; Staphylococcus sp. (coagulase-negativa), S. aureus; Streptococcus sp; S. viridans.

Fungos/leveduras
Candida sp.; Geotrichum sp.

Parasitas
Endolimax nana; Entamoeba coli

Vírus

Rotavírus








Formigas
Bactéria gram-negativa


Acinetobacter sp; Escherichia coli; Klebsiella sp.; Neisseria sicca; Proteus sp.; Providencia sp.; Pseudomonas aeruginosa, P. fluorescens

Bactéria gram-positiva


Bacillus sp., B. cereus, B. pumilis; Clostridium cochlearium, C. welchii; Enterococcus faecalis; Staphylococcus sp. (coagulase-negativa), S. aureus; Streptococcus pyrogenes



Aranhas

Bactéria gram-negativa


Acinetobacter sp.; Citrobacter freundii; Enterobacteraerogenes; Morganella morganii

Bactéria gram-positiva


Staphylococcus sp. (coagulase-negativa)







Ácaros, maruins
Bactéria gram-negativa


Acinetobacter sp.; Burkholderia cepacia; Enterbacter agglomerans, E. aerogenes; Hafnia alvei; Pseudomonas aeruginosa

Bactéria gram-positiva


Staphylococcus sp. (coagulase-negativa)



Mosquitos
Bactéria gram-negativa

Acinetobacter calcoaceticus; Enteobacter cloacae

Bactéria gram-positiva

Enterococcus sp.; Staphylococcus sp. (coagulase-negativa)



Fonte;CDC-Anvisa-OMS

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