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Maceió AL - -

A INFÂNCIA DE CRISTO SEGUNDO PEDRO (Evangelho Apócrifo )





A INFÂNCIA DE CRISTO SEGUNDO PEDRO




Este é considerado o quinto Evangelho, escrito por Pedro, segundo relatos feitos por


Nossa Senhora. Publicado pela primeira vez em 1677, conta com versões em grego, latim,


armênio e árabe.






A INFÂNCIA DE CRISTO




Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo, Deus único.




Com o auxílio e a ajuda do Deus todo poderoso, começamos a escrever o livro dos


milagres de nosso Salvador, Mestre e Senhor Jesus Cristo, que se intitula o Evangelho da


Infância, conforme narrado por Maria, sua mãe, na paz do Nosso Senhor e Salvador. Que


assim seja.




I. Palavras de Jesus no Berço


Encontramos no livro do grande sacerdote Josefo que viveu no tempo de Jesus Cristo, e


que alguns chamam de Caifás, que Jesus falou quando estava no berço e que disse a sua


mãe Maria:




— Eu, que nasci de ti, sou Jesus, o filho de Deus, o Verbo, como te anunciou o anjo


Gabriel, e meu Pai me enviou para a salvação do mundo.


II. Viagem a Belém


No ano de 309 da era de Alexandre, Augusto ordenara que todos fossem recenseados em


sua cidade natal. José partiu, então, conduzindo Maria, sua esposa. Vieram a Jerusalém, de


onde se dirigiram a Belém para inscreverem-se no local onde ele havia nascido. Quando


estavam próximos a uma caverna, Maria disse a José que sua hora havia chegado e que não


poderia ir até a cidade.




— Entremos nesta caverna — disse ela.


O sol estava começando a se pôr. José apressou-se em procurar uma mulher que


assistisse Maria no parto e encontrou uma anciã que vinha de Jerusalém.


Saudando-a, disse-lhe:








— Entra na caverna onde encontrarás uma mulher em trabalho de parto.


III. A Parteira de Jerusalém


Após o pôr-do-sol, José chegou com a anciã à caverna e eles entraram. Eis que a caverna


estava resplandecendo com uma claridade que superava a de uma infinidade de labaredas e


brilhava mais do que o sol do meio-dia. A criança, enrolada em fraldas e deitada numa


manjedoura, mamava no seio da mãe. Ambos ficaram surpresos com o aspecto daquela


claridade e a anciã disse a Maria:








— És tu a mãe desta criança?


Ao responder afirmativamente Maria, disse-lhe:


— Não és semelhante às filhas de Eva.


Respondeu Maria respondeu:


— Assim como entre as crianças dos homens não há nenhuma que seja semelhante ao


meu filho, assim também sua mãe não tem par entre todas as mulheres.


A anciã disse então:








— Senhora e ama, vim para receber uma recompensa que perdurará para todo o sempre.






Maria lhe disse, então:








— Põe tuas mãos sobre a criança.


Quando a anciã o fez, foi purificada. Ao sair, ela disse:


— A partir deste momento, eu serei a serva desta criança e quero consagrar-me a seu


serviço, por todos os dias da minha vida.


IV. A Adoração dos Pastores


Em seguida, quando os pastores chegaram e acenderam o fogo, entregando-se à alegria,


as cortes celestes apareceram, louvando e celebrando o Senhor, a caverna parecia-se com


um templo augusto, onde reis celestiais e terrestres celebravam a glória e os louvores de


Deus por causa da natividade do Senhor Jesus Cristo. E esta anciã hebréia, vendo estes


milagres resplandecentes, rendia graças a Deus, dizendo:








— Eu te rendo graças, ó Deus, Deus de Israel, porque os meus olhos viram a natividade


do Salvador do mundo.


V. A Circuncisão


Quando chegou o tempo da circuncisão, isto é, o oitavo dia, época na qual o recém-


nascido deve ser circuncidado segundo a lei, eles o circuncidaram na caverna e a velha


anciã recolheu o prepúcio e colocou-o em um vaso de alabastro, cheio de óleo de nardo


velho. Como tivesse um filho que comercializava perfumes, Maria deu-lhe o vaso, dizendo:








— Muito cuidado para não vender este vaso cheio de perfume de nardo, mesmo que te


ofereçam trezentos dinares.


E este é o vaso que Maria, a pecadora, comprou e derramou sobre a cabeça e sobre os


pés de Nosso Senhor Jesus Cristo, enxugando-os com seus cabelos.


Quando dez dias se haviam passado, eles levaram a criança para Jerusalém e, ao


término da quarentena, eles o apresentaram no templo do Senhor, oferecendo por ele as


oferendas prescritas pela lei de Moisés, que diz:








— Toda criança do sexo masculino que sair de sua mãe será chamada o santo de Deus.


VI. Apresentação no Templo


O velho Simeão viu o menino Jesus resplandecente de claridade como um facho de luz,


quando a Virgem Maria, cheia de alegria, entrou com ele em seus braços. Uma multidão de


anjos rodeava-o, louvando-o e acompanhando-o, assim como os satélites de honra seguem


seu rei. Simeão, pois, aproximando-se rapidamente de Maria e estendendo suas mãos para


ela, disse ao Senhor Jesus:








— Agora, Senhor, teu servo pode retirar-se em paz, segundo tua promessa, pois meus


olhos viram tua misericórdia e o que preparaste para a salvação de todas as nações, luz de


todos os povos e a glória de teu povo de Israel.


A profetisa Ana também estava presente, rendia graças a Deus e celebrava a felicidade


de Maria.








VII. A Adoração dos Magos


Aconteceu que, enquanto o Senhor vinha ao mundo em Belém, cidade da Judéia, Magos


vieram de países do Oriente a Jerusalém, tal como havia predito Zoroastro, e traziam com


eles presentes: ouro, incenso e mirra. Adoraram a criança e renderam-lhe homenagem com


seus presentes. Então Maria pegou uma das faixas, nas quais a criança estava envolvida, e


deu-a aos magos que receberam-na como uma dádiva de valor inestimável. Nesta mesma












hora, apareceu-lhes um anjo sob a forma de uma estrela que já lhes havia servido de guia, e


eles partiram, seguindo sua luz, até que estivessem de volta a sua pátria.








VIII. A Chegada Dos Magos a sua Terra


Os reis e os príncipes apressaram-se em se reunir em torno dos magos, perguntando-lhes


o que haviam visto e o que havia feito, como haviam ido o como haviam voltado e que


companheiros eles haviam tido então durante a viagem. Os magos mostraram-lhes a faixa


que Maria lhes havia dado. Em seguida, celebraram uma festa, acenderam o fogo segundo


seus costumes, adoraram a faixa e a jogaram nas chamas. As chamas envolveram-na.


Ao apagar-se o fogo, eles retiraram o pano e viram que as chamas não haviam deixado


nele nenhum vestígio. Eles se puseram então a beijá-lo e a colocá-lo sobre suas cabeças e


sobre seus olhos, dizendo:








— Eis certamente a verdade! Qual é pois o preço deste objeto que o fogo não pode nem


consumir nem danificar?


E pegando-o, depositaram-no com grande veneração entre seus tesouros.








IX. A Cólera de Herodes


Herodes, vendo que os magos não retornavam a visitá-lo, reuniu os sacerdotes e os


doutores e disse-lhes:








— Mostrai-me onde deve nascer o Cristo.


Quando responderam que era em Belém, cidade da Judéia, Herodes pôs-se a tramar, em


seu espírito, o assassinato do Senhor Jesus. Então um anjo apareceu a José, durante o sono,


e disse-lhe:








— Levanta-te, pegue a criança e sua mãe e foge para o Egito.


Quando o galo cantou, José levantou-se e partiu.


X. Fuga para o Egito


Enquanto ele refletia sobre o caminho que ele devia seguir, a aurora o surpreendeu. A


correia da sela se havia rompido ao se aproximarem de uma grande cidade, onde havia um


ídolo, ao qual os outros ídolos e divindades do Egito rendiam homenagem e ofereciam


presentes. Sempre que Satã falava pela boca do ídolo, os sacerdotes relatavam o que ele


dizia aos habitantes do Egito e de suas margens.








Um sacerdote tinha um filho de trinta anos que estava possuído por um grande número


de demônios. Ele profetizava e anunciava muitas coisas. Quando os demônios se


apossavam dele, rasgavam suas roupas e ele corria nu pela cidade, jogando pedras nos


homens.








A hospedaria dessa cidade ficava perto deste ídolo. Quando José e Maria lá chegaram e


se hospedaram, os habitantes ficaram profundamente perturbados e todos os príncipes e


sacerdotes dos ídolos se reuniram ao redor desse ídolo, perguntando-lhe:








— De onde vem esta agitação universal e qual é a causa deste pavor que se apoderou de


nossos país?


O ídolo respondeu:








— Esse assombro foi trazido por um Deus desconhecido, que é o Deus verdadeiro, eninguém a não ser ele é digno das honras divinas, pois ele é o verdadeiro Filho de Deus. À


sua aproximação, esta região tremeu. Ela se emocionou e se assombrou e nós sentimos um


grande temor por causa do seu poder.


Neste momento, esse ídolo caiu e quebrou-se, tal como os outros ídolos que estavam no












país. Sua queda fez acorrerem todos os habitantes do Egito.








XI. A Cura do Menino Endemoninhado


O filho do sacerdote, acometido do mal que o afligia, entrou no albergue insultando José


e Maria, já que os outros hóspedes haviam fugido. Como Maria havia lavado as fraldas do


Senhor Jesus e as estendera sobre umas madeiras, o menino possuído pegou uma das


fraldas e colocou-a sobre sua cabeça. Imediatamente os demônios fugiram, saindo pela


boca, e foram vistos sob a forma de corvos e serpentes. O menino foi curado


instantaneamente pelo poder de Jesus Cristo e se pôs a louvar o Senhor que o havia


libertado e rendeu-lhe mil ações de graça.








Quando seu pai viu que ele havia recobrado a saúde, exclamou, admirado:








— Meu filho, mas o que te aconteceu e como foste tu curado?"


O filho respondeu:


— No momento em que me atormentavam, eu entrei na hospedaria e lá encontrei uma


mulher de grande beleza, que estava com uma criança. Ela estendia sobre umas madeiras as


fraldas que acabara de lavar. Eu peguei uma delas e coloquei-la sobre minha cabeça e os


demônios fugiram imediatamente e me abandonaram.


O pai, cheio de alegria, exclamou:








— Meu filho, é possível que essa criança seja o Filho do Deus vivo que criou o céu e a


terra e, assim que passou por nós, o ídolo partiu-se, os simulacros de todos os nossos deuses


caíram e uma força superior à deles destruiu-os.


XII. Os Temores da Sagrada Família


Assim se cumpriu a profecia que diz:


— Chamei o meu filho do Egito.


Quando José e Maria souberam que esse ídolo se havia quebrado, foram tomados de


medo e de espanto e diziam:








— Quando estávamos na terra de Israel, Herodes queria que Jesus morresse e, com esta


intenção, ele ordenou o massacre de todas as crianças de Belém e das vizinhanças. É de se


temer que os egípcios nos queimem vivos, se eles souberem que esse ídolo caiu.


XIII. Os Salteadores


Eles partiram e passaram nas proximidades do covil de ladrões, que despojavam de suas


roupas e pertences os viajantes que por ali passavam e, após tê-los amarrado, os arrastavam


pelo deserto. Esses ladrões ouviram um forte ruído, semelhante ao do rei que saiu de sua


capital ao som dos instrumentos musicais, escoltado por grande exército e por uma


numerosa cavalaria. Apavorados, então, deixaram ali todo o seu saque e apressaram-se em


fugir. Os cativos, levantando-se, cortaram as cordas que os prendiam e, tendo retomado sua


bagagem, iam retirar-se, quando viram José e Maria que se aproximavam e perguntaramlhes:














— Onde está este rei cujo cortejo, com seu barulho, assustou os ladrões a ponto de eles


terem e nos libertado?


José respondeu:








— Ele nos segue.


XIV. A Endemoninhada


Chegaram em seguida a outra cidade, onde havia uma mulher endemoninhada. Quando






ela ia buscar água no poço durante a noite, o espírito rebelde e impuro apossava-se dela. Ela


não podia suportar nenhuma roupa, nem morar em uma casa. Todas as vezes que a


amarravam com cordas e correntes, ela as partia e fugia nua para locais desertos. Ficava nas


estradas e perto de sepulturas, perseguindo e apedrejando aqueles que encontrava no


caminho, de forma que ela era, para seus pais, motivo de luto.








Maria viu-a e foi tomada de compaixão. Imediatamente Satã a deixou e fugiu sob a


forma de um jovem rapaz, dizendo:








— Infeliz de mim, por tua causa, Maria, e por causa do teu filho!


Quando essa mulher foi libertada da causa de seu tormento, olhou ao seu redor e,


corando por sua nudez, procurou seus pais, evitando encontrar as pessoas. Após haver


vestido suas roupas, ela contou ao seu pai e aos seus o que lhe havia acontecido. Como eles


fizessem parte dos habitantes mais distintos da cidade, hospedaram em sua casa José e


Maria, demonstrando por eles um grande respeito.








XV. A Jovem Muda


No dia seguinte, José e Maria prosseguiram sua viagem. À noite chegaram a uma cidade


onde estava sendo celebrado um casamento. Mas, em decorrência das ciladas do espírito


maligno e dos encantamentos de alguns feiticeiros, a esposa ficara muda, de forma que ela


não podia mais falar. Quando Maria entrou na cidade, trazendo nos braços o filho, o Senhor


Jesus, aquela que havia perdido o uso da palavra avistou-o e imediatamente pegou-o em


seus braços. Abraçou-o, apertando-o junto ao seu seio e cobrindo-o de carinho.


Imediatamente o laço que travava sua língua partiu-se e seus ouvidos se abriram. Ela


começou a glorificar e a agradecer a Deus que a havia curado. Naquela noite, houve uma


grande alegria entre os habitantes dessa cidade, pois acreditavam todos que Deus e seus


anjos haviam descido no meio deles.








XVI. Outra Endemoninhada


José e Maria passara três dias nesse lugar, onde foram recebidos com grande veneração


e esplendidamente tratados. Munidos de provisões para a viagem, partiram dali e chegaram


a uma outra cidade. Como ela era próspera e seus habitantes tinha boa reputação, eles


pernoitaram lá. Havia nessa cidade uma boa mulher. Um dia em que ela havia descido até o


rio para lavar-se, um espírito maldito, assumindo a forma de uma serpente, havia se jogado


sobre e cingido o seu ventre. Todas as noites estendia-se sobre ela. Quando essa mulher viu


Maria e o Senhor Jesus que ela trazia contra o seio, rogou à Santa Virgem que lhe


permitisse segurar e beijar a criança. Maria consentiu, e assim que a mulher tocou a criança,


Satã abandonou-a e fugiu. Desde então ela não mais o viu. Todos os vizinhos louvaram o


Senhor e a mulher recompensou-os com grande generosidade.








XVII. Uma Leprosa


No dia seguinte, essa mulher preparou água perfumada para lavar o menino Jesus e


após o haver lavado, guardou essa água. Havia lá uma jovem cujo corpo assava, coberto


pela lepra branca. Lavou-se ela com essa água e foi imediatamente curada. O povo dizia


então:








— Não resta dúvida de que José e Maria e essa criança sejam Deuses, pois eles não


podem ser simples mortais.


Quando eles se preparavam para partir, essa jovem, que havia sido curada da lepra,


aproximou-se deles e rogou-lhes que lhe permitissem acompanhá-los.












XVIII. Um Menino Leproso


Eles consentiram e ela foi com eles. Chegaram a uma cidade, onde havia o castelo de


um poderoso príncipe. Foram até lá e se hospedaram nele. A jovem, aproximando-se da


esposa do príncipe, encontrou-a triste e chorando. Perguntou-lhe, então, qual a causa


daquele pesar:








— Não te espantes de me ver entregue à aflição. Estou em meio a uma grande


calamidade, que não ouso contar a ninguém.


A jovem tornou:








— Se me confessares qual é teu mal, talvez encontres remédio junto a mim.


A esposa do príncipe disse-lhe:


— Não revelarás este segredo a ninguém. Casei-me com um príncipe cujo império,


semelhante a um império de um rei, estende-se por vastos estados e, após haver vivido por


muito tempo com ele, ele não teve de mim nenhum descendente. Finalmente, eu concebi,


mas trouxe ao mundo uma criança leprosa. Após havê-lo visto, ele não quis reconhecê-lo


como seu filho e me disse para matar a criança ou entregá-la a uma ama para que a criasse


num local tão afastado, para que não mais ouvíssemos sobre ela. Além disso, ele me


mandou pegar o que é meu, pois não queria me ver mais. Eis porque me entrego à dor,


deplorando a calamidade que sobre mim se abateu. Choro por meu marido e por meu filho.


A jovem respondeu-lhe:








— Pois não te disse que eu tenho para ti o remédio que te havia prometido? Eu também


fui atingida pela lepra, mas fui curada por uma graça de Deus, que é Jesus, o filho de Maria.


A mulher perguntou-lhe, então, onde estava esse Deus do qual falava. A jovem


respondeu-lhe:








— Ele está bem aqui, nesta casa".


Perguntou a princesa:


— Como pode ser isso, onde está ele?


A jovem respondeu:


— Aqui estão José e Maria. A criança que está com eles é Jesus e foi ele quem me curou


dos meus sofrimentos.


— E por que meio pôde ele te curar? Não vais me contar? — quis saber a princesa.


A jovem explicou:


— Recebi de sua mãe a água na qual ele havia sido lavado, espalhei-la então sobre meu


corpo e minha lepra desapareceu.








A esposa do príncipe ergueu-se, então, e recebeu José e Maria.








Preparou para José um magnífico festim, para o qual muitas pessoa foram convidadas.








No dia seguinte, ela pegou água perfumada a fim de lavar o Senhor Jesus e ela lavou, com


essa mesma água, o seu filho, que ela havia trazido consigo, e logo ele se curou da lepra.


Ela se pôs a cantar louvores a Deus e a render-lhe graças, dizendo-lhe:








— Feliz da mãe que te gerou, ó Jesus! A água com a qual o teu corpo foi lavado cura os


homens que têm tua natureza.


Ela ofereceu presentes a Maria e dela despediu-se, tratando-a com grande deferência.








XIX. Um Feitiço


Chegaram a outra cidade onde deviam pernoitar. Foram à casa de um homem recém-


casado que, atingido por um malefício, não podia desfrutar sua esposa. Após haverem eles


passado a noite perto do homem, o encantamento quebrou-se. Quando o dia amanheceu,












preparavam-se para prosseguir a viagem, mas o esposo impediu-os de partir e preparou-lhes


um grande banquete.








XX. A História de um Mulo


No dia seguinte partiram e, ao se aproximarem de uma outra cidade, viram três


mulheres que se afastavam de um túmulo, a verter em lágrimas. Maria, tendo-as visto, disse


à jovem que os acompanhava:








— Pergunta-lhes quem são elas e qual a desgraça que se lhes abateu.


Elas não responderam mas puseram-se a interrogá-la, dizendo:


— Quem sois vós, e para onde ides? Pois o dia está terminando e a noite se aproxima.


A moça respondeu:


— Somos viajantes e procuramos uma hospedaria para passar a noite.


As mulheres disseram:


— Acompanhai-nos e passai a noite em nossa casa.


Eles seguiram essas mulheres e foram levados a uma casa nova, ornada e decorada por


diversos móveis. Era inverno e a jovem moça, tendo entrado no quarto dessas mulheres,


encontrou-as chorando e se lamentando. Ao lado delas, coberta por uma manta de seda,


encontrava-se um mulo com forragem à sua frente. Elas davam-lhe de comer e o beijavam.








A jovem disse então:








— Ó, minha senhora, como é belo este mulo!


Elas responderam chorando:


— Este mulo que estás vendo é nosso irmão, que nasceu de nossa mãe. Nosso pai


deixou-nos com sua morte grandes riquezas e nós só tínhamos este irmão, para quem


tentávamos encontrar um casamento conveniente. Porém, mulheres dominadas pelo espírito


da inveja, lançaram sobre ele, sem que soubéssemos, encantamentos. E uma certa noite, um


pouco antes do amanhecer, estando fechadas as portas da nossa casa, encontramos nosso


irmão transformado em mulo, tal qual o vês hoje. Entregamo-nos à tristeza, visto que não


tínhamos mais nosso pai para consolar-nos. Consultamos todos os sábios do mundo, todos


os magos e os feiticeiros, tentamos de tudo, mas nenhum deles nada pôde fazer por nós. Eis


porque sempre que nosso coração está a ponto de explodir de tristeza. Nós nos levantamos


e vamos, junto com a nossa mãe que aqui está, ao túmulo de meu pai e, após haver chorado,


retornamos para cá.


XXI. Volta a Ser Homem


Ao ouvir tal coisas, a jovem disse:


— Tende coragem e parai de chorar, pois a cura de vossos males está muito próxima,


em vossa morada. Eu era leprosa, mas após haver visto essa mulher e a criança que está


com ela e que se chama Jesus, e após haver derramado sobre meu corpo a água com a qual


a sua mãe o havia lavado, eu me curei. Eu sei que ele pode pôr um fim à vossa desgraça.


Levantai-vos, aproximai-vos de Maria, conduzi-o aos vossos aposentos, revelai-lhe o


segredo que acabais de me contar e suplicai-lhe piedade.


Ao ouvirem tais palavras proferidas pela jovem, elas se apressaram em ter com Maria.


Levaram o multo até o quarto e lhe disseram, chorando:








— Maria, Nossa Senhora, tem compaixão de tuas servas, pois nossa família está


desprovida de seu chefe e não temos um pai ou um irmão que nos proteja. Este mulo que


aqui vês é nosso irmão. Algumas mulheres, com seus encantamentos, reduziram-no a este


estado. Rogamos-te, pois, que tenhas piedade de nós.






Maria, comovida e chorando como as mulheres, ergueu o menino Jesus e colocou-o


sobre o dorso do mulo, dizendo:








— Meu filho, cura este mulo através do teu grande poder e faze com que este homem


recobre a razão, da qual foi privado.


Nem bem essas palavras haviam saído dos lábios de Maria e o mulo já havia retomado a


forma humana, mostrando-se sob os traços de um belo rapaz. Não lhe restava nenhuma


deformidade. Ele, sua mãe e suas irmãs adoraram Maria e, erguendo o menino acima de


suas cabeças, beijaram-no, dizendo:








— Feliz de tua mãe, ó Jesus, Salvador do mundo! Felizes os olhos que gozam da


felicidade da tua presença.


XXII. As Bodas


As duas irmãs disseram à mãe:


— Nosso irmão retomou a forma primitiva, graças à intervenção do Senhor Jesus e aos


bons conselhos dessa jovem, que nos sugeriu recorrer a Maria e ao seu filho. Agora, já que


nosso irmão não está casado, pensamos que seria conveniente que ele desposasse essa


moça.


Após haverem feito este pedido a Maria e haver ela consentido, fizeram para as bodas


preparativos esplêndidos. A dor transformou-se em alegria e o choro cedeu espaço ao riso.


Elas só fizeram cantar e regozijar-se, enfeitadas com magníficas vestimentas e jóias


preciosas. Ao mesmo tempo, entoavam cânticos de louvor a Deus, dizendo:








— Ó, Jesus, Filho de Deus, que transformaste nossa aflição em contentamento e nossas


lamúrias em gritos de alegria!


José e Maria lá permaneceram por dez dias. Ao partirem, receberam demonstrações de


veneração de parte de toda a família, que despediu-se deles chorando muito, principalmente


a moça que se desfazia em lágrimas.








XXIII. Os Salteadores


Chegaram, em seguida, a um deserto. Como lhes haviam dito que era infestado de


ladrões, prepararam-se para atravessá-lo durante a noite. Eis que, de repente, avistaram dois


ladrões que dormiam e, perto deles, muitos outros ladrões, seus companheiros, que também


estavam entregues ao sono. Esses dois ladrões chamavam-se Titus e Dumachus.








O primeiro disse ao outro:








— Eu te peço que deixes estes viajantes irem em paz, para que nossos companheiros não


os vejam.


Tendo Dumachus recusado, Titus disse-lhe:








— Dou-te quarenta dracmas e fica com meu cinto como penhor.


Deu-lhe o cinto e, ao mesmo tempo, pediu que não desse alarme. Maria, vendo esse


ladrão tão disposto a serví-los, disse-lhe:








— Que Deus te proteja com sua mão direita e que ele te conceda a remissão de teus


pecados".


O Senhor Jesus disse a Maria:








— Daqui a trinta anos, ó minha mãe, os judeus me crucificarão em Jerusalém e estes


dois ladrões serão postos na cruz ao meu lado: Titus à minha direita e Dumachus à minha


esquerda. Neste dia, Titus me precederá no Paraíso.


Quando ele assim falou, sua mãe respondeu-lhe:








— Que Deus afaste de ti semelhante desgraça, ó meu filho!






Foram dar, em seguida, em uma cidade, cheia de ídolos. Quando eles se aproximavam,


ela foi transformada em um monte de areia.








XXIV. A Sagrada Família em Mataréia


Foram ter, em seguida, a um sicômoro, que chamam hoje de Mataréia, e o Senhor Jesus


fez surgir neste lugar uma fonte, onde Maria lavou sua túnica. O bálsamo que produz esse


país vem do suor que escorreu pelos membros de Jesus.








XXV. A Sagrada Família em Mênfis


Foram então a Mênfis e, tendo visitado o faraó, permaneceram três anos no Egito, onde


o Senhor Jesus fez muitos milagres, que não estão consignados nem no Evangelho da


Infância, nem no Evangelho Completo.


XXVI. Volta para Nazaré


Depois de três anos, eles deixaram o Egito e voltaram para a Judéia. Quando já estavam


próximos, José teve medo de entrar lá, porque acabara de saber que Herodes estava morto e


que seu filho Arquelaus havia lhe sucedido. Um anjo de Deus apareceu-lhe, porém, e disse-


lhe:








— José, vai para a cidade de Nazaré e estabelece ali tua residência.


XXVII. A Peste em Belém


Quando chegaram a Belém, havia uma proliferação de doenças graves e difíceis de


serem curadas, que atacavam os olhos das crianças e lhes causavam a morte. Uma mulher,


que tinha um filho atacado por esse mal, levou-o a Maria e encontrou-a banhando o Senhor


Jesus.








A mulher disse-lhe:








— Maria, vê meu filho que sofre cruelmente.


Maria, ouvindo-a, disse-lhe:


— Pegue um pouco desta água com a qual eu lavei meu filho e espalha-a sobre o teu.


A mulher fez como lhe havia recomendado Maria e seu filho, depois de uma forte


agitação, adormeceu. Quando acordou, estava completamente curado.


A mulher, cheia de alegria, foi até Maria, que lhe disse:








— Rende graças a Deus por ele haver curado o teu filho.


XXVIII. Outro Menino Agonizante


Essa mulher tinha uma vizinha cujo filho fora atingido pela mesma doença e cujos


olhos estavam quase fechados. Ele gritava e chorava noite e dia. Aquela cujo filho havia


sido curado disse-lhe:








— Por que não levas teu filho a Maria, como eu fiz, quando o meu estava prestes a


morrer e ele foi curado pela água do banho de Jesus?


A mulher foi pegar também daquela água e, assim que ela derramou sobre seu filho, ele


foi curado. Levou então seu filho em perfeita saúde para Maria, que lhe recomendou que


rendesse graças a Deus e que não contasse a ninguém o que havia acontecido.








XXIX. O Menino no Forno


Havia na mesma cidade duas mulheres casadas com um mesmo homem e cada uma


delas tinha um filho doente. Uma se chamava Maria e seu filho, Cleofás. Essa mulher levou












seu filho a Maria, mãe de Jesus, e ofereceu uma bela toalha, dizendo-lhe:








— Maria, recebe de mim essa toalha e, em troca, dá-me uma das tuas fraldas.


Maria consentiu e a mãe de Cleofás confeccionou, com essa fralda, uma túnica, com a


qual vestiu seu filho. Ele ficou curado e o filho de sua rival morreu no mesmo dia, o que


causou profundo ressentimento entre essas duas mulheres.








Elas se encarregavam, em semanas alternadas, dos trabalhos caseiros e, um dia em que


era vez de Maria, a mãe de Cleofás, ela estava ocupada aquecendo o forno para assar pão.


Precisando de farinha, deixou seu filho perto do forno. Sua rival, vendo que a criança


estava sozinha, pegou-a e jogou-a no forno em brasa e fugiu. Maria retornou logo em


seguida, mas qual não foi o seu espanto, quando ela viu seu filho no meio do forno, rindo,


pois ele havia subitamente esfriado, como se jamais houvesse sido aquecido. Ela suspeitou


que sua rival o havia jogado ali. Tirou-o de lá, levou-o até a Virgem Maria e contou-lhe o


que havia acontecido.








Maria disse-lhe:








— Cala-te, pois eu receio por ti se divulgares tais coisas!


Em seguida, a rival foi buscar água no poço e, vendo Cleofás brincando e percebendo


que não havia ninguém por perto, pegou a criança e jogou-a no poço. Alguns homens que


haviam vindo para tirar água viram a criança sentada na água, sem nenhum ferimento, e


por meio de cordas tiraram-na de lá. Ficaram tão admirados com essa criança que


renderam-lhe as mesmas homenagens devidas a um Deus.








Sua mãe, chorando, carregou-o até Maria e disse-lhe:








— Minha senhora, vê o que minha rival fez ao meu filho, jogando-o no poço. Ah, ela


acabará, por certo, causando-lhe a morte!


Maria respondeu-lhe:








— Deus punirá o mal que te foi feito.


Alguns dias depois, a rival foi buscar água no poço e seus pés enroscaram-se na corda e


ela caiu nele. Quando acorreram, acharam-na com a cabeça partida. Ela morreu, portanto,


de uma forma funesta.








A palavra do sábio se cumpre em si:








— Cavaram um poço e jogaram a terra em cima, mas caíram no poço que eles mesmos


haviam preparado.


XXX. Um Futuro Apóstolo


Uma outra mulher da mesma cidade tinha dois filhos, os dois doentes. Um morreu e o


outro estava agonizando. Sua mãe tomou-o nos braços e levou-o até Maria.


Aos prantos, disse-lhe:








— Minha senhora, vem em meu auxílio e tem piedade de mim. Eu tinha dois filhos,


acabo de perder um e vejo o outro a ponto de morrer. Imploro a misericórdia do Senhor.


E pôs-se a gritar:








— Senhor, tu és pleno em clemência e compaixão! Tu me deste dois filhos, me levaste


um deles, pelo menos deixa-me o outro.


Maria, testemunha da sua extrema dor, sentiu pena e disse-lhe:








— Coloca teu filho na cama de meu filho e cobre-o com suas roupas.


Quando a criança foi colocada na cama, ao lado de Jesus, seus olhos já cerrados pela


morte abriram-se e, chamando sua mãe em voz alta, pediu-lhe pão. Quando lhe deram,


comeu-o.








Então sua mãe disse:












— Maria, eu sei que a virtude de Deus habita em ti, a ponto de teu filho curar as crianças


que o tocam.


A criança que assim foi curada é o mesmo Bartolomeu se quem se fala no Evangelho.








XXXI. Uma Leprosa


Havia ainda no mesmo lugar uma leprosa que foi ter com Maria, mãe de Jesus, dizendo-


lhe:








— Minha senhora, tem piedade de mim".


Maria quis saber:


— Que ajuda pedes tu? Queres ouro, prata ou queres te curar da lepra?


A mulher respondeu:


— Que podes fazer por mim?"


Maria disse:


— Espera um pouco, até que eu tenha banhado e posto meu filho na cama.


A mulher esperou e Maria, após o haver deitado, estendeu à mulher um vaso cheio de


água do banho do seu filho e disse-lhe:








— Pega um pouco desta água e espalha-a sobre o teu corpo.


Assim que a doente obedeceu, curou-se e ela rendeu graças a Deus.


XXXII. Outra Leprosa


Ela partiu em seguida, após haver permanecido três dias junto de Maria, e foi para uma


cidade onde morava um príncipe, que havia desposado a filha de um outro príncipe.


Quando ele viu sua esposa, porém, percebeu entre seus olhos as marcas da lepra sob a


forma de uma estrela e o seu casamento foi declarado nulo e não válido.








Essa mulher, vendo o desespero da princesa, perguntou-lhe a causa dessas lágrimas.


A princesa respondeu-lhe:








— Não me interrogues, pois a minha desgraça é tanta que eu não posso revelá-la a


ninguém.


A mulher insistia em saber, dizendo que talvez conhecesse algum remédio.


Ela viu então as marcas da lepra entre os olhos da princesa.








— Eu também fui atingida por essa doença. Fui a Belém para tratar de negócios e lá


entrei numa caverna onde vi uma mulher chamada Maria. Ela carregava uma criança que se


chamava Jesus. Vendo-me atingida pela lepra, ela teve pena de mim e me deu um pouco da


água na qual havia lavado o corpo de seu filho. Eu espalhei essa água sobre meu corpo e fui


imediatamente curada.


A princesa disse-lhe então:








— Levanta-te, vem comigo e mostra-me Maria.


Ela foi, levando ricos presentes. Quando Maria a viu, disse:


— Que a misericórdia do Senhor Jesus esteja sobre ti.


Ela lhe deu um pouco da água na qual havia lavado seu filho. Assim que a princesa


espalhou-a sobre o próprio corpo, ela se viu curada e rendeu graças ao Senhor, assim como


todos os que ali estavam.








O príncipe, ao saber que sua esposa havia sido curada, recebeu-a, celebrou um segundo


casamento, e rendeu graças a Deus.








XXXIII. Uma Jovem Endemoninhada


Havia, no mesmo lugar, uma jovem que Satã atormentava. O espírito maldito aparecia






lhe sob a forma de um dragão, que queria devorá-la. Ele já havia sugado todo o sangue, de


maneira que ela se parecia com um cadáver. Todas as vezes em que ele se jogava sobre ela,


ela gritava e, juntando as mãos sobre a cabeça, dizia:








— Desgraça, desgraça de mim, pois não existe ninguém que possa livrar-me deste


horrível dragão. Seu pai, sua mãe e todos aqueles que a cercavam, testemunhas de sua


infelicidade, entregavam-se à aflição e derramavam lágrimas, principalmente quando a


viam chorar e gritar:


— Irmãos e amigos, não existirá ninguém que possa libertar-me deste monstro?


A princesa, que havia sido curada da lepra, ouvindo a voz dessa infeliz, subiu até o


telhado de seu castelo e viu-a com as mãos unidas acima da cabeça, a verter copiosas


lágrimas. Todos aqueles que a rodeavam estavam desolados.








Ela perguntou se a mãe dessa possuída vivia ainda. Quando lhe responderam que o seu


pai e sua mãe estavam ambos vivos, ela disse:








— Tragam sua mãe até mim.


Quando esta chegou, ela lhe perguntou:


— É tua filha que está assim possuída?


A mãe, tendo respondido que sim, chorou, mas a princesa disse-lhe:


— Não revela o que vou te contar. Eu já fui uma leprosa, mas Maria, a mãe de Jesus


Cristo, me curou. Se queres que tua filha tenha a mesma felicidade, leva-a a Belém e


implora com fé a ajuda de Maria. Eu creio que voltarás cheia de alegria, trazendo tua filha


curada.


Imediatamente a mãe levantou-se e partiu. Foi procurar Maria e expôs-lhe o estado de


sua filha. Maria, após tê-la ouvido, deu-lhe um pouco da água, na qual ela havia lavado seu


filho Jesus, e disse-lhe para derramá-la sobre o corpo da possuída.








Em seguida deu-lhe uma fralda do menino Jesus, acrescentando:








— Pega isto e mostra-o a teu inimigo, todas as vezes em que o vir.


Dizendo isso, despediu-as com suas bênçãos.


XXXIV. Outra Possessa


Após haver deixado Maria, elas retornaram à sua cidade. Quando veio o tempo no qual


Satã costumava atormentá-la, ele lhe apareceu sob a forma de um grande dragão. Ao ver a


sua aparência, a jovem foi tomada pelo pavor, mas sua mãe disse-lhe:








— Não temas, minha filha! Deixa que ele se aproxime mais de ti e mostre-lhe esta fralda


que nos deu Maria e veremos o que ele poderá fazer.


Quando o espírito maligno, que havia tomado a forma de um dragão, estava bem perto, a


doente, tremendo de medo, colocou sobre sua cabeça a fralda e desdobrou-a. De repente,


dela saíram chamas que se dirigiam à cabeça e aos olhos do dragão.








Ouviu-se, então, uma voz que gritava:








— Que há entre ti e mim, ó Jesus, filho de Maria? Onde encontrarei um abrigo que me


livre de ti?


Satã fugiu apavorado, abandonando essa jovem e nunca mais apareceu. Ela se viu


curada e, grata, rendeu graças a Deus, assim como todos os que haviam presenciado esse


milagre.








XXXV. Judas Iscariotes


Havia nessa mesma cidade uma outra mulher cujo filho era atormentado por Satã. Ele se


chamava Judas e sempre que o espírito maligno apoderava-se dele, ele tentava morder












todos os que estavam à sua volta. Se estivesse sozinho, mordia suas próprias mãos e


membros. A mãe desse infeliz, ouvindo falar de Maria e de seu filho Jesus, foi com seu


filho nos braços até Maria.








Nesse meio tempo, Tiago e José haviam trazido o menino Jesus para fora da casa, para


que pudesse brincar com as outras crianças. Eles estavam sentados fora da casa e Jesus com


eles. Judas aproximou-se também e sentou-se à direita de Jesus e, quando Satã começou a


agitá-lo como sempre o fazia, ele tentou morder Jesus. Como não podia alcançá-lo, dava-


lhe socos no lado direito, de forma que Jesus começou a chorar. Nesse momento,


entretanto, Satã saiu dessa criança sob a forma de um cão enraivecido.








Essa criança era Judas Iscariotes, que mais tarde trairia Jesus. O lado em que ele havia


batido foi o lado que os judeus trespassaram com a lança.








XXXVI. AS Estatuazinhas de Barro


Quando o Senhor Jesus havia completado o seu sétimo ano, ele brincava um dia com


outras crianças de sua idade. Para divertir-se, eles faziam com terra molhada diversas


imagens de animais, de lobos, de asnos, de pássaros, cada um elogiando seu próprio


trabalho e esforçando-se para que fosse melhor que o de seus companheiros. Então o


Senhor Jesus disse para as crianças:








— Ordenarei às figuras que eu fiz que andem e elas andarão.


As crianças perguntaram-lhe se ele era o filho do Criador e o Senhor Jesus ordenou às


imagens que andassem e elas imediatamente andaram. Quando ele mandava voltar, elas


voltavam. Ele havia feito figuras de pássaros que voavam, quando ele ordenava que


voassem, e que paravam, quando ele dizia para parar. Quando ele lhes dava bebida e


comida, eles comiam e bebiam.








Quando as crianças foram embora e contaram aos seus pais o que haviam visto, eles


disseram:








— Fugi, daqui em diante, de sua companhia, pois ele é um feiticeiro! Deixai de brincar


com ele!


XXXVII. As Cores do Tintureiro


Certo dia, quando brincava e corria com outras crianças, o Senhor Jesus passou em


frente à loja de um tintureiro, que se chamava Salém. Havia nessa loja tecidos que


pertenciam a um grande número de habitantes da cidade e que Salém se preparava para


tingir de várias cores. Tendo Jesus entrado na loja, pegou todas as fazenda e jogou-as na


caldeira. Salém virou-se e, vendo todas as fazendas perdidas, pôs-se a gritar e a repreender


Jesus, dizendo:








— Que fizeste tu, ó filho de Maria? Prejudicaste a mim e a meus cidadãos.Cada um


pediu uma cor diferente e tu apareceste e puseste tudo a perder.


O Senhor Jesus respondeu:








— Qualquer fazenda que queiras mudar a cor, eu mudo.


Ele se pôs a retirar as fazendas da caldeira e cada uma estava tingida da cor que desejava


o tintureiro. Os judeus, testemunhando esse milagre, celebraram o poder de Deus.


XXXVIII. Jesus na Carpintaria


José ia por toda a cidade, levando com ele o Senhor Jesus. Chamavam-no para que


fizesse portas, arcas e catres e o Senhor Jesus estava sempre com ele. E sempre que a obra


de José precisava ser mais comprida ou mais curta, mais larga ou mais estreita, o Senhor












Jesus estendia a mão e ela ficava exatamente do jeito que queria José, de forma que ele não


precisava retocar nada com sua própria mão, pois ele não era muito hábil no ofício de


marceneiro.








XXXIX. Uma Encomenda do Rei


Um dia, o rei de Jerusalém mandou chamá-lo e disse:


— Eu quero, José, que me faças um trono segundo as dimensões do lugar onde costumo


sentar-me. José obedeceu e, pondo mãos à obra, passou dois anos no palácio para elaborar


esse trono.


Quando ele foi colocado no lugar onde deveria ficar, perceberam que de cada lado


faltavam dois palmos à medida fixada.


Então o rei ficou bravo com José, que temendo a raiva do monarca, não conseguiu


comer e deitou-se em jejum.


O Senhor perguntou-lhe qual era a causa do seu receio e ele respondeu:








— É que a obra na qual trabalhei durante dois anos está perdida.


O Senhor Jesus respondeu-lhe:


— Não tenhas medo e não percas a coragem. Pegue este lado do trono e eu o outro, para


que possamos dar-lhe a medida exata.


José fez o que havia lhe pedido o Senhor Jesus e cada um puxou para um lado. O trono


obedeceu e ficou exatamente com a dimensão desejada.








Os assistentes, vendo esse milagre, ficaram estupefatos e deram graças a Deus.








Esse trono fora feito com uma madeira do tempo de Salomão, filho de Davi, e que era








notável por seus nós, que representavam várias formas de figuras.








XL. Os Meninos


Num outro dia, o Senhor Jesus foi até a praça e vendo as crianças que se haviam reunido


para brincar, juntou-se a elas. Essas, tendo-o visto, esconderam-se e o Senhor Jesus foi até


uma casa e perguntou às mulheres que estavam à porta, onde as crianças haviam ido. Como


elas responderam que não havia nenhuma delas na casa, o Senhor Jesus disse-lhes:








— Que vocês estão vendo sob este arco?


Elas responderam que eram carneiros com três anos de idade e o Senhor Jesus gritou:


— Saí, carneiros, e vinde em direção ao vosso pastor.


Imediatamente as crianças saíram, transformadas em carneiros, e saltavam ao seu redor.


As mulheres, tendo visto isso, foram tomadas de pavor e adoraram o Senhor Jesus,


dizendo:








— Jesus, filho de Maria, nosso Senhor, tu és verdadeiramente o bom Pastor de Israel.


Tem piedade de tuas servas que estão em tua presença e que não duvidam, Senhor, que tu


vieste para curar e não para perder.


O Senhor respondeu que as crianças de Israel estavam entre os povos como os Etíopes.


As mulheres disseram:








— Senhor, conheces as coisas e nada escapa à tua infinita sabedoria. Pedimos e


esperamos a tua misericórdia. Devolve a essas crianças sua antiga forma.


O Senhor Jesus disse, então:








— Vinde, crianças, para que possamos brincar.


Imediatamente, na presença das mulheres, os carneiros retomaram a aparência de


crianças.












XLI. Jesus Rei


No mês do Adar, Jesus reuniu as crianças e colocou-se como o seu rei. Elas haviam


estendido suas roupas no chão para fazê-lo sentar-se sobre elas e haviam colocado sobre


sua cabeça uma coroa de flores. Como os satélites que acompanham um rei, elas se haviam


enfileirado à sua direita e à sua esquerda. Se alguém passava por lá, as crianças faziam


parar à força e diziam-lhe:








— Vem e adora o rei, para que obtenhas uma feliz viagem.


XLII. Simão, o Cananeu


Nisso chegaram alguns homens que carregavam uma criança em uma liteira.


Esse menino havia ido até a montanha com seus colegas para apanhar lenha e, tendo


encontrado um ninho de perdiz, pôs a mão para retirar os ovos. Uma serpente, escondida no


ninho, no entanto, mordeu-o e ele chamou os companheiros para socorrê-lo.








Quando chegaram, eles o encontraram estendido no chão e quase morto. Alguns


familiares vieram e levaram-no à cidade. Ao chegaram ao local onde o Senhor Jesus estava


sentado em seu trono como um rei, com outras crianças à sua volta, como sua corte, essas


foram ao encontro dos que carregavam o moribundo e disseram-lhes:








— Vinde e saudai o rei!


Como eles não queriam aproximar-se por causa da tristeza que sentiam, as crianças


traziam-nas à força. Quando estavam na frente do Senhor Jesus, ele perguntou-lhe por que


estavam carregando aquela criança.








Responderam que uma serpente a havia mordido e o Senhor Jesus disse às crianças:








— Vamos juntos e matemos a serpente!


Os pais da criança que estava prestes a morrer suplicaram para que os deixassem ficar,


mas elas responderam:








— Não ouvistes que o rei disse vamos e matemos a serpente? Devemos seguir suas


ordens.


Apesar da sua oposição, eles retornaram à montanha, carregando a liteira. Quando


chegaram perto do ninho, o Senhor Jesus disse às crianças:








— Não é aqui que se esconde a serpente?


Eles responderam que sim e a serpente, chamada pelo Senhor Jesus, saiu e submeteu-se


a ele.


O Senhor disse-lhe:








— Vai e suga todo o veneno que espalhaste nas veias dessa criança.


A serpente, arrastando-se, sugou todo o veneno que ela havia inoculado e o Senhor, em


seguida, amaldiçoou-a e, fulminada, morreu logo em seguida. Depois o Senhor Jesus tocou


a criança com sua mão e ela foi curada.








Como ela se pusesse a chorar, o Senhor Jesus disse-lhe:








— Não chores, serás meu discípulo!


Essa criança foi Simão de Cananéia, de quem se faz menção no Evangelho.


XLIII. Jesus e Tiago


Num outro dia, José havia mandado seu filho Tiago para apanhar lenha e o Senhor Jesus


se havia juntado a ele para ajudá-lo. Quando chegaram ao lugar onde ficava a lenha, Tiago


começou a apanhá-la e eis que uma víbora mordeu-o e ele se pôs a gritar e a chorar. O


Senhor Jesus, vendo-o naquele estado, aproximou-se e soprou o local da mordida. Tiago foi


imediatamente curado.












XLIV. O Menino que Caiu e Morreu


Um dia, o Senhor Jesus estava brincando com outras crianças em cima de um telhado e


uma delas caiu e morreu na hora. As outras fugiram e o Senhor Jesus ficou sozinho em


cima do telhado. Então os pais do morto chegaram e disseram ao Senhor Jesus: ` — Foste


tu que empurraste nosso filho do alto telhado.








Como ele negasse, eles repetiram mais alto:








— Nosso filho morreu e eis aqui quem o matou.


O Senhor Jesus respondeu:


— Não me acuseis de um crime do qual não tendes nenhuma prova. Perguntemos,


porém, à própria criança o que aconteceu.


O Senhor Jesus desceu, colocou-se perto da cabeça do morto e disse-lhe em voz alta:








— Zeinon, Zeinon, quem foi que te empurrou do alto do telhado?


O morto respondeu:


— Senhor, não foste tu a causa da minha queda, mas foi o terror que me fez cair.


O Senhor recomendou aos presentes que prestassem atenção a essas palavras e todos


eles louvaram a Deus por este milagre.








XLV. O Cântaro Quebrado


Maria havia mandado, um dia, o Senhor Jesus tirar água do poço. Quando ele havia


cumprido a tarefa e colocava sobre a cabeça o cântaro cheio, ele partiu-se. O Senhor Jesus,


tendo estendido o seu manto, levou para sua mãe a água recolhida e ela se admirou e


guardou em seu coração tudo o que havia visto.








XLVI. Brincando com o Barro


Um dia, o Senhor Jesus estava na beira do rio com outras crianças. Haviam cavado


pequenas valas para fazer escorrer a água, formando assim pequenas poças. O Senhor Jesus


havia feito doze passarinhos de barro e os havia colocado ao redor da água, três de cada


lado. Era um dia de Sabbath e o filho de Hanon, o Judeu, veio e vendo-os assim entretidos,


disse-lhes:








— Como podeis, em um dia de Sabbath, fazer figuras com lama?"


Ele se pôs, então, a destruir tudo. Quando o Senhor Jesus estendeu as mãos sobre os


pássaros que havia moldado, eles saíram voando e cantando. Em seguida, o filho de Hanon,








o Judeu, aproximou-se da poça cavada por Jesus para destruí-la, mas a água desapareceu e


o Senhor Jesus disse-lhe:


— Vê como está água secou? Assim será a tua vida.


E a criança secou.


XLVII. Uma Morte Repentina


Certa noite, o Senhor Jesus voltava para casa com José, quando uma criança passou


correndo na sua frente e deu-lhe um golpe tão violente que o Senhor Jesus quase caiu. Ele


disse a essa criança:








— Assim como tu me empurraste, cai e não levantes mais.


No mesmo instante, a criança caiu no chão e morreu.


XLVIII. Jesus e o Professor


Havia, em Jerusalém, um homem, chamado Zaqueu, que instruía os jovens. Ele disse a






José:








— José, por que não me envias Jesus para que ele aprenda as letras?


José concordou e também Maria. Levaram, pois, a criança para o professor e assim que


ele o viu, escreveu o alfabeto e pediu-lhe que pronunciasse Aleph. Quando ele o fez,


pediu-lhe para dizer Beth. O Senhor Jesus disse-lhe:








— Dize-me primeiro o que significa Aleph e aí então eu pronunciarei Beth.


O professor preparava-se para chicoteá-lo, mas o Senhor Jesus pôs-se a explicar o


significado das letras Aleph e Beth, quais as letras de linhas retas, quais as oblíquas, as que


tinhas desenho duplo, as que tinham pontos, aquelas que não tinham e porque tal letra


vinha antes da outra, enfim, ele disse muitas coisas que o professor jamais ouvira e que não


havia lido em livro algum.








O Senhor Jesus disse ao professor:








— Presta atenção ao que vou te dizer!


E pôs-se a recitar clara e distintamente Aleph, Beth, Ghimel, Daleth, até o fim do


alfabeto. O mestre ficou admirado e disse:








— Creio que esta criança nasceu antes de Noé.


Virando-se para José, acrescentou:


— Tu o conduziste para que eu o instruísse, mas esta criança sabe mais que todos os


doutores.


Depois disse a Maria:








— Teu filho não precisa de ensinamentos.


XLIX. O Professor Castigado


Conduziram-no, em seguida, a um professor mais sábio e assim que o viu. ordenou:


— Dize Aleph!


Quando o Senhor Jesus disse Aleph, o professor pediu-lhe que pronunciasse Beth. O


Senhor Jesus respondeu-lhe:








— Dize-me o que significa a letra Aleph e então eu pronunciarei Beth.


O mestre, irritado, levantou a mão para bater nele, mas sua mão secou instantaneamente


e ele morreu. Então José disse a Maria:








— Daqui por diante, não devemos mais deixar o menino sair de casa, pois qualquer um


que se oponha a ele é fulminado pela morte.


L. Jesus, o Mestre


Quando contava doze anos de idade, levaram Jesus a Jerusalém por ocasião da festa e,


quando ele terminou, eles voltaram, mas o Senhor Jesus permaneceu no templo, em meio


aos doutores, aos velhos e aos mais sábios dos filhos de Israel, que ele interrogava sobre


diferentes pontos da ciência, mas também respondia-lhes as perguntas.








Jesus perguntou-lhes:








— De quem é filho o Messias?"


Eles responderam:


— Este é o filho de Davi.


Jesus respondeu:


— Por que então Davi, movido pelo Espírito Santo, chama-o Senhor, quando diz que o


Senhor disse ao meu Senhor: senta-te à minha direita para que coloque teus inimigos aos


teus pés'?"


Um importante rabino interrogou-o, dizendo:












— Leste os livros sagrados?


O Senhor Jesus respondeu:


— Eu li os livros e o que eles contêm.


Dito isso, explicou-lhes as Escrituras, a lei, os preceitos, os estatutos, os mistérios que


estão contidos nos livros das profecias e que a inteligência de nenhuma criatura pode


compreender. E o principal entre os doutores disse:








— Eu jamais vi ou ouvi tamanha instrução. Quem credes que seja essa criança?


LI. Jesus e o Astrônomo


Havia lá um filósofo, astrônomo sábio, que perguntou ao Senhor Jesus se ele havia


estudado a ciência dos astros. Jesus, respondendo-lhe, expôs o número de esferas e de


corpos celestes, sua natureza e sua oposição, seu aspecto trinário, quaternário e sêxtil, sua


progressão e seu movimento de leste para oeste, o cômputo e o prognóstico e outras coisas


que a razão de nenhum homem escrutou.








LII. Jesus e o Médico


Havia entre eles um filósofo muito sábio em medicina e ciências naturais e quando ele


perguntou ao Senhor Jesus se ele havia estudado a medicina, este expôs-lhe a física, a


metafísica, a hiperfísica e a hipofísica, as virtudes do corpo, os humores e seus efeitos, o


número de membros e de ossos, de secreções, de artérias e de nervos, as temperaturas, calor


e seco, frio e úmido e quais as suas influências, quais as atuações da alma no corpo, suas


sensações e suas virtudes, a faculdade da palavra, da raiva, do desejo, sua composição e


dissolução e outras coisas que a inteligência de nenhuma criatura jamais alcançou. Então o


filósofo ergueu-se e adorou o Senhor Jesus, dizendo:








— Senhor, daqui em diante serei teu discípulo e ter servo.


LIII. Jesus É Encontrado


Enquanto Jesus assim falava, Maria apareceu, junto com José, pois fazia três dias que


procuravam por Jesus. Vendo-o sentado entre os doutores, interrogando-os e respondendo-


lhe alternadamente, ela lhe disse:








— Meu filho, por que agiste assim conosco? Teu pai e eu te procuramos e tua ausência


causou-nos muita aflição.


Ele respondeu:








— Por que me procuráveis? Não sabíeis que convinha que eu permanecesse na casa de


meu Pai? Eles não entendiam as palavras que ele lhes dirigia. Então os doutores


perguntaram a Maria se ele era seu filho e tendo ela respondido que sim, eles exclamaram:


— Ó feliz Maria, que deste à luz tal criança.


Ele voltou com os pais para Nazaré e ele lhes era submisso em tudo. Sua mãe


conservava todas as suas palavras em seu coração e o Senhor Jesus crescia em tamanho, em


sabedoria e em graça diante de Deus e diante dos homens.








LIV. Via Oculta


Ele começou desde esse dia a esconder os seus segredos e seus mistérios, até que


completou trinta anos, quando seu Pai, revelando publicamente sua missão às margens do


Jordão, fez soar, do alto do céu, essas palavras:








— É meu filho bem-amado no qual coloquei toda minha complacência.


Foi quando o Espírito Santo apareceu sob a forma de uma pomba branca.






LV. Doxologia


É a ele que humildemente adoramos, pois ele nos deu a existência e a vida. Ele nos fez


sair das entranhas de nossas mães, tomou, por nós, o corpo de homem e nos redimiu,


cobrindo-nos com sua misericórdia eterna e concedendo-nos a graça do seu amor e de sua


bondade.








A ele, portanto, glória, poder, louvores e domínio por todos os séculos. Que assim seja!

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