CAOS NA SAÚDE VAI PIORAR



CAOS NA SAÚDE VAI PIORAR



Sempre que o Sindicato dos Médicos vai à imprensa externar sua preocupação com as condições de funcionamento da rede estadual de saúde, sobretudo com os serviços de urgência e emergência, os gestores identificam propósitos terroristas. Ou seja: os médicos que estão no comando do Sindicato, na falta do que fazer, se socorrem dos meios de comunicação para divulgar inverdades, acusar injustamente o governo e meter medo na população.



Quem se der ao trabalho de ler as notas oficiais e assistir às entrevistas dos comandantes da saúde pública estadual nas respostas às reiteradas denúncias do Sinmed fica sujeito a duas reações: 
 
 
1. Indignação com a leviandade dos denunciantes – afinal, “aqui tem Pro-Hosp” e, como mostra a cara propaganda institucional do governo, não existem problemas na saúde estadual: sobram leitos, as farmácias e almoxarifados estão sempre bem abastecidos, os equipamentos (de última geração) nunca quebram (logo, não precisam de conserto) e os médicos só não trabalham felizes por conta de preocupação com os investimentos que devem fazer com o salário, já que sobra dinheiro depois que pagam todas as contas do mês (a remuneração é muito boa!).
 
2. Perplexidade com a cara de pau dos gestores, que ousam rebater fatos que são inegáveis: o total e mais irresponsável abandono da saúde pública de Alagoas, de onde os médicos estão se evadindo por falta de condições de trabalho e por serem desrespeitados com salários indignos e sobrecarga desumana de trabalho.



Aqueles que precisam do HGE, dos ambulatórios 24 horas, da UE do Agreste, da Santa Mônica, do Hospital Hélvio Auto e das demais unidades da rede estadual sabem que as denúncias do Sinmed não são levianas. E quem tem o mínimo de bom senso sabe que R$ 2.400,00 não é salário que se pague a um médico para que ele coloque todos os seus conhecimentos técnicos, habilidades e experiência a serviço da população em hospitais e postos de saúde superlotados, desaparelhados e desabastecidos, que não oferecem as mínimas condições éticas de atendimento à população. Esses salários e as condições de trabalho oferecidas são uma afronta, um desrespeito. E os médicos estão cansados. Não suportam mais. Por isso, estão deixando de trabalhar na rede pública estadual.



O Sinmed tem uma denúncia a reiterar. Mais uma vez será taxado de terrorista, mas antes isso à omissão. A partir do dia 7 de dezembro a UE do Agreste, em Arapiraca, sofrerá uma baixa de 10 cirurgiões gerais. O assunto já foi tratado aqui: os prestadores de serviço deixarão a escala. Os efetivos não darão conta. Com medo de represálias deverão se demitir. O hospital já não conta com cirurgiões vasculares, ortopedistas e intensivistas.



Desde a semana passada, os prestadores de serviços do HGE, em Maceió, se mobilizam no mesmo sentido: deixar o Estado. O mês – dezembro – é ímpar: na escala já não tem previsão de anestesistas nos plantões de final de ano. Pode uma emergência pública – a maior de Alagoas – funcionar sem anestesistas? O que dizer dos neurocirurgiões, que têm um contrato à parte com o Estado (com salários diferenciados), mas que estão sem receber há dois meses? Pode o HGE funcionar sem eles?



No Nordeste, mercados de trabalho como Pernambuco e Sergipe (para citar apenas os mais próximos) oferecem salários três vezes maiores e condições de trabalho melhores que Alagoas. Então, os médicos daqui estão migrando para esses estados. E não são apenas os prestadores de serviços. Os efetivos estão se demitindo e partindo em busca de dignidade profissional.



Quando o Sinmed faz essas denúncias não está fazendo terrorismo, mas buscando solução tanto para os médicos como para a população que precisa de assistência. Mas isso não preocupa os gestores. Em 2007, após uma greve que durou 88 dias, o governo concedeu um reajuste de 40,8% parcelado em cinco vezes. Após o pagamento da primeira parcela, retirou uma gratificação de percentual equivalente, que anulou o reajuste antes mesmo de sua implantação. Desde então, o tratamento dispensado ao médico é o pior possível. A desastrosa política de saúde do governo desrespeita e desvaloriza os médicos progressivamente.



Na assembleia que realiza amanhã, com todos os médicos da rede estadual – efetivos e prestadores de serviços - o Sinmed pretende tirar uma pauta de reivindicações para levar ao governo. Mas, a julgar pelo que se ouviu dos médicos na assembleia da semana passada, a dúvida é: ainda haverá no Estado médico para ser beneficiado com o atendimento das reivindicações, caso os gestores resolvam tratar com responsabilidade a saúde pública em Alagoas?


Coluna do SINMED-AL que será publicada em 29 de novembro de 2010 na Gazeta de Alagoas
Jornalista Responsável: Sandra Serra Sêca (Reg. MTE 359/AL) – Sede: Rua Prof. Teonilo Gama, 186 – Trapiche da Barra – Maceió/Alagoas – Fone: (82) 3221.0461 – Delegacia Sindical em Arapiraca: Rua Esperidião Rodrigues, 87 Centro – Arapiraca/AL – Fone: 9905.6972 - Site: www.sinmed-al.com.br e-mail: sinmedal@hotmail.com

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