Vem aí mais um Processo Seletivo Simplificado para contratação de pessoal – inclusive médicos – para a rede estadual de saúde. Não é concurso público, não assegura estabilidade no emprego, não está previsto na Constituição Federal. O processo simplificado pretende selecionar médicos de todas as especialidades e oferece salário inferior a R$ 2.500.
Afronta? Desrespeito? Cinismo? Cara-de-pau? Tudo isso e muito mais. O governo alagoano não se cansa de maquinar estratégias para desvalorizar cada vez mais o trabalho do médico. Fosse um governo que agisse dentro da legalidade, valorizasse os médicos e se preocupasse com a qualidade da assistência à população, a saúde em Alagoas não estaria o caos que está.
Primeiro, os profissionais seriam tratados com decência e teriam um salário digno. Para isso, bastava implantar o PCCS que a categoria e o Sinmed reivindicam há tanto tempo, e que o atual governador prometeu implantar. Mas não honrou a palavra.
Segundo, seriam oferecidas condições éticas de trabalho: as unidades de saúde seriam bem estruturadas, abastecidas e teriam manutenção adequada; haveria profissionais em quantidade suficiente para atender à demanda. Para isso, bastava investir corretamente os recursos da saúde e realizar concurso público, como reza a Constituição Federal.
Mas o governo de Alagoas não age dentro da legalidade. Paga mal aos servidores efetivos e faz contratações ilegais (inclusive de cooperativa de especialidade, com o aval da PGE), paga salários altíssimos a poucos médicos para conseguir fechar escalas de plantão. E ainda diz que não faz concurso por causa da Lei de Responsabilidade Fiscal.
O Sindicato dos Médicos adverte: esse processo seletivo (análise de currículo e entrevista) é mais uma enganação do governo. É só para não dizer que está contratando prestador de serviço de boca, modalidade de contratação que virou rotina na atual gestão.
O Sindicato dos Médicos orienta: médico, não participe dessa seleção; o salário é vergonhoso, os hospitais não oferecem condições mínimas de trabalho, você corre o risco de adoecer por causa do estresse, da sobrecarga de trabalho e da impossibilidade de praticar medicina.
Certamente será ofendido ou mesmo agredido fisicamente por pacientes e seus acompanhantes, por causa das deficiências do seu local de trabalho.
Será que o salário oferecido compensa tudo isso? O Sinmed acha que não. E acha que essa situação só pode mudar se os médicos se unirem para lutar pelos seus direitos; se os médicos se recusarem a trabalhar por salários como esse e nas condições oferecidas no HGE, Santa Mônica, ambulatórios 24 horas, UE do Agreste. Os médicos têm que se respeitar. E colocar um ponto final nessa situação.
Que o governo procure outra coisa para fazer com seu processo seletivo simplificado, que não seja contratar médico.
Fonte
Ascom Sinmed