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Veto do Taliban às campanhas de vacinação contra a poliomielite está exacerbando o grave surto da doença no Paquistão

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LONDRES, 18 Out (Reuters) - O veto do Taliban às campanhas de vacinação contra a poliomielite está exacerbando o grave surto da doença no Paquistão e ameaçando reverter o impressionante progresso deste ano rumo à erradicação global da doença, segundo autoridades sanitárias.

Equipes de saúde no Paquistão têm sido repetidamente atacadas desde que o Taliban apontou o programa de vacinação como um complô ocidental para esterilizar os muçulmanos e proibiu as inoculações, em junho de 2012.

No Waziristão do Norte, região próxima à fronteira com o Afeganistão e totalmente dominada pelo Taliban, dezenas de crianças, muitas delas menores de 2 anos, já foram vítimas da paralisia infantil nos últimos seis meses.

E há indícios, com base em exames feitos em amostras de esgotos, que em algumas das maiores cidades do país o vírus da pólio também está começando a se espalhar para fora de bolsões isolados, podendo em breve provocar novos surtos em áreas densamente povoadas.

"Entramos numa fase na qual estamos todos preocupados e atemorizados com o que pode acontecer", disse à Reuters por telefone Elias Durry, diretor da Iniciativa Global para a Erradicação da Pólio (Igep) no Paquistão.

"O risco é de que, enquanto o vírus estiver circulando e enquanto não tivermos meios de chegar a essas crianças e imunizá-las... isso possa ameaçar tudo o que foi feito até agora - não só no Paquistão como também na região e ao redor do globo."

A pólio é uma doença altamente infecciosa, que atinge o sistema nervoso e pode causar uma paralisia irreversível em questão de horas. Um plano global de erradicação no valor de 5,5 bilhões de dólares foi lançado em abril, com o objetivo de imunizar 250 milhões de crianças várias vezes por ano e de intensificar a vigilância em mais de 70 países.

Atualmente, o vírus se restringe a algumas regiões da Nigéria, do Afeganistão e do Paquistão. Em nível global, a incidência da doença diminuiu 99,9 por cento nas últimas três décadas, passando de 350 mil novos casos em 1985 para apenas 223 no ano passado, segundo a Igep.

Mas, desde o começo deste ano, já houve 296 casos no mundo, sendo 43 deles no Paquistão -quase todos envolvendo crianças em áreas semiautônomas da tribo pashtun, o que inclui o Waziristão do Norte.

As suspeitas envolvendo as campanhas de vacinação ganharam força depois que os EUA aproveitaram uma atividade de imunização no Paquistão para recolher informações que levaram à localização e morte do militante Osama bin Laden, em 2011.
Por Kate Kelland

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