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Ipu (CE) alega surto de catapora e pede vacinas ao Ministério da Saúde :duas mortes e 80 casos

Lesão cutânea da catapora (varicela)



Com duas mortes e 80 casos, Ipu (CE) alega surto de catapora e pede vacinas ao Ministério da Saúde


 Os moradores do município de Ipu (CE), a 324 km de Fortaleza, estão assustados com a grande quantidade de pessoas adoeceram de catapora em 2012. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, cerca de 80 pessoas foram infectadas e 2 crianças morreram em decorrência de complicações da doença. Técnicos da secretaria municipal e uma equipe de epidemiologistas da Sesa (Secretaria da Saúde do Estado do Ceará) estão catalogando, desde esta segunda-feira (16) janeiro/2012, os casos suspeitos para confirmar oficialmente os doentes. O trabalho está contabilizando registros da doença por equipes do PSF (Programa de Saúde da Família) e agentes de saúde. A previsão é que até o final da semana janeiro/2012 o trabalho seja concluído e o número exato de pessoas que manifestaram a doença seja repassado para o Ministério da Saúde. Segundo a secretaria municipal de saúde, a prefeitura solicitou ao Ministério da Saúde que sejam enviadas doses da vacina contra catapora o mais rápido para imunizar uma parte da população que está mais vulnerável para contrair a doença. A secretária de Saúde de Ipu, Efigênia Mororó, disse ao UOL que emergencialmente pessoas do grupo de risco – com imunidade baixa e gestantes que tiveram contato com doentes de catapora – estão tomando doses de imunoglobulina para aumentar a imunidade do organismo. Na semana passada, as crianças M.E.A.L., 11, e R.P.T., 9, morreram depois de contraírem a doença e terem complicações na assepsia das bolhas, causando infecção generalizada. A menina ainda foi levada para o hospital, mas, segundo a SMS, o quadro evoluiu rapidamente. “Em menos de 48 horas a criança veio a falecer. Estamos aguardando os resultados dos exames que vão apontar quais bactérias infectaram as duas crianças, mas provavelmente foi a estafilococos”, disse a secretária de Saúde de Ipu, Efigênia Mororó. Efigênia afirmou que a prefeitura está preocupada com o grande número registrado da doença e “já caracterizou como surto”. “Nesta época do ano é comum surgirem surtos de catapora em várias cidades brasileiras, mas estamos em alerta, pois foram duas mortes decorrentes da doença aqui em localidades distintas”, disse ela, ressaltando que a demora em procurar socorro médico facilitou a infestação de bactérias nas bolhas geradas pela catapora no corpo das 2 crianças. “O problema é que as pessoas querem se tratar em casa, mas é preciso ir ao médico para obter o tratamento correto. A catapora em si não mata, o que leva a óbito são as bactérias que encontram porta de entrada pelas bolhas e infestam o corpo. Em um dos casos, a criança sequer tomou banho no período em que estava doente e a assepsia é imprescindível para combater as bactérias”, informou a secretária, que acrescentou que as duas crianças tinham a imunidade baixa e uma delas fazia tratamento de saúde contra uma alergia rara, no Rio de Janeiro. Segundo ela, moradores estão usando máscaras para saírem às ruas com medo de contrair o vírus, pois a vacina contra a catapora não faz parte do calendário básico de vacinação da rede pública. Quem tem condições financeiras em custear uma dose da vacina contra varicela disponível na rede particular já se imunizou. Mesmo com preços salgados, que variaram entre R$ 150 a R$ 200, os estoques da vacina em clínicas particulares da região de Ipu acabaram.

 Estado nega surto

 Apesar da Secretaria de Ipu afirmar que o município está vivendo um surto de catapora, a Sesa nega que o número de casos seja caracterizado surto. O coordenador de Promoção e Proteção à Saúde da Sesa, Manoel Fonseca, disse ao UOL que a população deve ficar tranquila, já que “apenas 5 casos, com 2 mortes, foram registrados pelo Estado.” “Não há motivo para pânico, nem para solicitação de vacinas contra varicela ao Ministério da Saúde, pois foram casos isolados e essas pessoas já tinha histórico de outras doenças”, destacou Fonseca. Ele afirmou que o Estado enviou 200 doses da vacina, mas que nenhuma foi utilizada. “Ainda estamos trabalhando com os números oficiais que chegaram ao Estado, e não com os que município está falando. Nossa equipe de epidemiologista está esta semana( janeiro/2012 )em Ipu tentando ver com as equipes médicas do PSF, postos de saúde, hospitais e agentes de saúde quem apresentou sintomas da doença para analisar se foi mesmo catapora”, afirmou. Para ele, as mortes das crianças ocorridas na semana passada foram resultados de assepsias mal feitas e “após coçar as bolhas com as mãos sujas, com a pele aberta para entrada de bactérias, as crianças tiveram complicação que as levaram a óbito.” “Foram casos isolados e excepcionais”, apontou. A reportagem do UOL entrou em contato com o Ministério da Saúde, na terça-feira  17 janeiro/2012, mas até a publicação do texto não recebeu resposta sobre a ajuda ao município. (Fonte:UOL)

Comentário

Casos isolados de varicela não são passíveis de notificação compulsória. Casos graves, formas atípicas, óbitos e surtos, sim, devem ser notificados. Embora a Secretaria de Estado não esteja considerando o surto, pelo que parece o município está fazendo a lição de casa: notificou o possível surto e óbitos, utilizou imunoglobulina para expostos susceptíveis e solicitou doses de vacina, em contexto de surto. Para saber se é surto ou não, se há indicação de vacinação de bloqueio e para quem, são necessárias mais informações (aglomerado de casos?, faixa etária? , distribuição temporal?...). Entretanto, sobre a notícia, algumas afirmações ,e alguns absurdos, merecem ser apontadas: 

1)"catapora em si não mata” – varicela (ou catapora) pode sim levar à morte. Sim, infecção bacteriana secundária é relativamente freqüente e pode ser o foco de complicações como sepse e síndrome do choque tóxico. Entretanto, complicações como encefalite (letalidade 5%-20%), ataxia cerebelar e pneumonite pelo vírus da varicela se associam a elevada morbimortalidade. Em imunocomprometidos observa-se letalidade em torno de 15%. Não nos esqueçamos da varicela perinatal (letalidade próxima a 30%). 

 2)“a população deve ficar tranquila, já que ‘apenas 5 casos, com 2 mortes, foram registrados pelo Estado’.” – inconcebível aceitar de um gestor do programa de promoção à saúde a afirmação de que por se tratar de “apenas” 2 óbitos (que fosse 1) não deve haver na população apreensão em relação à doença. Absurdo ainda maior por se tratar de uma doença imunoprevinível. 

 3)Enviar equipe de epidemiologistas para averiguar se o quadro clínico dos casos notificados é realmente com catapora? Dispensa comentários. Essa semana janeiro/2012  vimos o anúncio da incorporação de mais uma vacina, a vacina inativada contra a poliomielite, pelo Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde do Brasil. Mais um grande avanço (em 2011, foram as vacinas contra meningoco C conjugada e pneumococo). Esperamos que a vacina contra a varicela seja o quanto antes a próxima da lista.

Fonte:UOL-Ministério da Saúde-Promedorg


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