Odilon Rios
Do Repórter Alagoas
Toda hora de comer deveria ser sagrada, mas não nas escolas públicas da rede municipal, em Maceió. Sem saber, cada aluno que rasgava um pedaço de pão na boca ou devorava um biscoito com suco acabou participando de uma das mais fraudes na merenda escolar do País. Um esquema medido meticulosamente, em cada grão de arroz ou feijão ou uma salsicha a mais que deveria saciar a fome. Não era bem assim.
Em Alagoas, o esquema foi descoberto em 2006 em uma parceria da Secretaria Municipal da Educação e do Ministério Público Estadual. Cinco anos depois, o MPE de São Paulo descobriu o mesmo problema nas suas escolas públicas. E pediu ajuda a Alagoas para decepar um dos braços do esquema nestas bandas.
E o quê vem das investigações deste esquema? São 17 mil páginas, divididas em dois CDs, que trarão as respostas. O alvo? a empresa SP Alimentação. O mapa da corrupção da merenda- que pode revelar quem lucrou na capital- é devassado pelo MP alagoano.
Os dois CDs são um "presente" dos promotores paulistas a Promotoria da Fazenda Municipal.
Só que a raiz disso está em um relatório de poucas páginas, feito pela Secretaria Municipal de Educação de Maceió na gestão Betânia Toledo- pouco depois da cadeira ser ocupada pelo atual secretário de Pesca do governo Teotonio Vilela Filho (PSDB), Régis Cavalcante. E obtido com exclusividade pelo RA.
E o mega esquema era tão bem articulado que tinha uma esteira de produção: as merendeiras da SP Alimentação, as contas dos pratos sujos- a merenda. E o desperdício de comida ou a falta dela. A depender se a fome ou a fartura ajudaria a movimentar as engrenagens financeiras da trama.
O contrato da SP com o município durou sete meses. Foi desfeito depois que o prefeito Cícero Almeida (PP) foi convencido a rasgar o contrato com a SP Alimentação.
Foi convencido depois de uma investigação da Semed, que começou em 20 de setembro de 2006 e terminou quase dois meses depois: 8 de novembro. Visitas a 18 escolas.