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O risco



Ana Claudia Laurindo- Cientista Social

Agora que me tornei mais alagoana do que nunca, conhecendo a dor das mães que perdem seus filhos nos finais de semana; agora que sinto na pele a dor aumentada pelo preconceito dos religiosamente moralistas; agora que tenho os olhos limpos pelas lágrimas e vejo todo o engodo de quem se diz defensor dos Direitos Humanos e assume cargos públicos comissionados; agora que recuso publicamente comer o pão da hipocrisia para anestesiar a dor, comecei a receber faustos conselhos de uma gente quase santa, que diz estar preocupada com a segurança da minha família e nos convida aos claustros da omissão, em nome da fé!

Já ouvi falar do perigoso “silêncio dos bons”! Já ouvi falar do choro de Jesus, pelos que conhecem o Evangelho e não o praticam! Por isso advirto em retorno, que grande risco corre, hoje, neste instante, a sociedade alagoana, nossa família ampliada!

É necessário rever a função social das instituições alagoanas, e os entraves que as ameaçam. O descrédito não é fruto do acaso, e nossos impostos continuam pagando a inoperância. Esse problema pode ser isolado a questões familiares? Esse problema é nosso, e o silêncio é uma vergonhosa expressão a favor da morte!

Contudo, ainda podemos piorar: quando representações institucionais se unem no intuito de fortalecer a defesa da inação social, expelindo ameaças e ironias, e a sociedade civil organizada não reage. Será necessário cada um de nós perder um filho para a vilania social alagoana, para então, sairmos da toca? Ou ainda assim continuaremos intocados, chorando escondido, para salvaguardar as parcas vantagens de ter o nome conhecido no Estado?

A morte circunda todas as casas alagoanas! O Estado falha, a sociedade cala, só o nome de Deus continua sendo apregoado, em vão! Minha humanidade não me envergonha, minhas lágrimas impagáveis unem-se às lágrimas de todas as mães silenciadas, eleitoras analfabetas dos algozes que carimbam todos os dias a sentença da impunidade.

Quanto mais alagoana me sinto, mais abraço os direitos negados e reverencio a memória juvenil de meu filho, um mártir da violência institucionalizada que subjuga Alagoas!

Artigo Original noBlog http://odilonrios.zip.net/

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