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Em Alagoas denunciar é crime



Ana Claudia Laurindo – artigo publicado no blogdeanaclaudia.zip.net/

Tenho uma biografia arranhada pela dor, nutrida na confiança em belas palavras ouvidas, quando ainda adolescente freqüentava as missas rezadas pelo hoje Bispo Católico Dom Valério Breda, na Igreja Matriz do Senhor Bom Jesus, em Matriz de Camaragibe!

Embalava a fé em cânticos como este do qual cito um trecho: “Senhor, tende pena deste povo sofredor, tem gente que ainda aumenta sua dor. Quem devia denunciar emudeceu…”. A orientação religiosa se fundamentava no direito à vida. A proteção do direito à vida exigia a denúncia.

Minha história de vida honesta, na luta amorosa para criar e educar quatro filhos esbarrou no absurdo ocorrido em Matriz de Camaragibe com um deles, com apenas 12 anos de idade. Por motivo irrelevante meu filho foi torturado por agentes públicos, como cidadã consciente e ingenuamente crente na lisura das instituições alagoanas, denunciei. O fiz por acreditar na cidadania. O fiz por acreditar na justiça! O fiz por amar meu filho!

Daí, tornei-me criminosa. Odiada por elementos estatais. Meu filho, em confusão de auto-referências, sentimento de desamor em conseqüência da injustiça vivida, virou o centro da minha vida! Dei tudo o que pude, sem reservas, mas a justiça não retornou o que lhe era devido! A denúncia na Corregedoria da Policia Civil foi arquivada após vários depoimentos de meu filho (onde ele revivia tudo!), a denúncia na Comissão de Direitos Humanos na OAB foi burocratizada e dormiu no fundo de uma gaveta, o Ministério Público de Matriz escolheu a forma que quis de denunciar e ficou em paz. Minha família foi a única que não teve mais paz!

Já em 2007 levantavam-se falácias sobre meu anjo feito vítima, na intenção de construir um perfil marginal de meu filho (aí entra a culpa social, por admitir que “marginais” percam todos os direitos humanos) e combatemos como foi possível. O ciclo se quebra em novembro de 2010, quando Alexystaine Laurindo foi assassinado por motivo torpe, sem direito à defesa, por um marginal que circulava livremente pela cidade mesmo tendo mandado de busca e apreensão contra ele.

Foi a farra de representantes da autoridade local de Matriz de Camaragibe, apressando-se alguns em culpabilizar a vítima, impingindo a alcunha que a sociedade culpada avaliza: usuário de drogas, traficante…Nosso menino lindo e limpo, tendo sua memória destroçada pela maldade do poder, que dirige a vida e a morte em Alagoas. Quem mandou a mãe denunciar?

Recebi o filho morto, acusado de pertencer ao mundo mais renegado, sem chance de defesa! Denuncio outra vez! Alagoas está condenada à morte! Se minha própria vida estiver condenada também, morrerei denunciando! Cada calúnia espalhada sobre a memória de Alexystaine será revertida em bênçãos, pois creio no Deus justo, que opera amorosamente sobre as feridas que os interesses espúrios de um mundo criminoso abre.

Insisto: Alexystaine Laurindo é um mártir da violência institucionalizada em Alagoas!
 
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In Memoriam de José Alexystaine: Tortura, Alagoas, Impunidade, Nunca mais!
 Esperança em viver com justiça
 Email: contratorturaimpunidadeemorte@hotmail.com

Site de sua mãe a Socióloga Ana Cláudia Laurindo http://blogdeanaclaudia.zip.net/

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