Algemas guardadas

Algemas

Ana Cláudia Laurindo

Socióloga e mãe alagoana

Falta alguém na minha mesa, há uma foto sobre o móvel, rolam lágrimas dos meus olhos, há um criminoso a postos, impondo temor numa cidade sem regras, e a policia não nos deu a resposta esperada.

Houve nota espargindo bravata, nota paga na mídia, de fundo elogioso, apresentando um discurso sem eficácia! O que mais, além da ameaça velada, Alagoas oferece a minha família pagadora de impostos?

Sim nós estamos aguardando. A mesma agilidade que tiveram em prender um menino inofensivo de 12 anos de idade, não aparece agora com um sociopata que se autodenomina “matador” em Matriz de Camaragibe. Qual uso estão fazendo agora, de suas algemas que machucaram as mãos inocentes de Alexystaine?

Não estamos aguardando a prisão dos líderes do tráfico carioca, trata-se apenas de um infortunado filho da má sorte que optou pelo crime, como autocompensação diante da miséria moral e social que envolve sua família, agora cúmplice de um assassinato por lhe dá guarida na condição de fugitivo. Em Matriz todos sabem e alguns estão vendo o rosto frio do assassino visitando familiares. Enquanto isso, os meus familiares correm risco de morte, outra vez. Como calar? Esperar enterrar mais um, ratificando o império do crime na região norte de Alagoas?

Se há governo aqui, que ele se materialize no cumprimento dos deveres básicos, não esquecemos que segurança social é uma política pública! A dor me verga, mas não quebra o compromisso de denunciar o crime e a omissão do Estado. Também agradeço aos que pararam de me aconselhar a calar. Desde ontem partilho as dores sociais alheias, por que renunciaria a degustação da minha própria? Meu amor por Alagoas se expressa amando a vida! Minha dor de mãe é ampla, societária, alagoanizada! Sou apenas uma entre tantas que tiveram seus filhos levados pela tirania e sepultados pela indiferença da sociedade. Nesse movimento pela vida recuso o discurso dos covardes que não ousam expressar sequer solidariedade por temer a reprovação dos mantenedores do crime.

Minha família se une e reúne em volta da mesa aguardando a ação policial condigna! Deus é o lume que nos livra da treva da revolta e da descrença, mas não será Ele quem efetuará a prisão do assassino, para isso existem as instituições terrenas pagas para executar tais tarefas sociais, assim sendo, não esperamos em Deus, esperamos a polícia alagoana agir.

Concluo, alertando que há 27 dias aguardamos. Pego emprestado a letra da música que diz assim: “naquela mesa está faltando ele e a saudade dele está doendo em mim”! 

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