Uma História de Reveillon


Em um belo dia de dezembro zé acordou com febre alta e dor no corpo.Era mais uma daquelas manhãs, sem esperança , sem trabalho sem comida em seu barraco.Foi então que sua Maria teve uma brilhante idéia! Zé vai ao posto de saúde pegar uns remédios. E assim o fez, com sua marcha tropega, seu olhar cabisbaixo, sua face sofredora, uma mistura de dor e desesperança em viver. Chegando, conseguiu falar com o doutor que assim o receitou: Zé toma a receita porém no posto não tem nada para febre e nem para dor. Zé saiu com um papel na mão , que não sabia onde botar, se jogava no chão, botava no bolso, ou usava como assoador .Avistou próximo ao seu barraco uma birosca que de tudo vendia, de palito de fosforo a feijão, e viu que ali encontrava-se a solução. Apelou para o fiado, logo veio a exclamação , zé de novo não!.Mais quebrado que milho de galinha, cheio de dor e um febrão, zé logo voltou ao barracão. Maria então lhe disse : Zé a vizinha me deu um AAS, toma e vai deitar na lona ali no chão. E assim o fez. Após três dias de febre alta e dor no corpo zé agora também cuspia sangue. Maria logo gritou: Chama a ambulância do SAMU, que com fé em Deus e padim ciço, tú vai ficar curado desse estupor. E foi aquela correria, bota a camisa surrada pelo tempo, enxota os cachorros para fora , fecha a porta e aguarda a ambulância com a vizinhança toda em festa, afinal é reveillon, e o zé vai se consultar na Unidade de Emergência. E assim chegou zé com sirene ligada, a maior badalação, teve até cerimonial para a sua chegada, com os maqueiros a carregarem nos braços o zé, que assim pensou: Isso é que é atendimento bom; não sabia ele que nem tamborete para sentar aquele hospital tinha para dar,quanto mais cadeira para carregar. Era um completo mar de gente, a se espremer pelos corredores , filas para falar com o Doutor, e assim tinha que esperar um pouco mais para se livrar de sua tremenda dor. Zé foi atendido e o médico perguntou : Seu Zé porque não procurou o posto mais próximo de sua casa ? Porém nada escutou . Após medicado, zé ficou em mais uma maca do corredor , e a única coisa que falou, foi quando viu o batalhão de mosquitos a zoar em seus ouvidos :aqui tá parecendo o meu barraco, e nada mais foi dito . A cidade então a comemorar, fogos na praia a queimar, as socialites a degustar ,e a pedir bota mais um pouco de caviar, músicas ,danças, gritos de alegria afinal chegou 2008. Aqui mais uma noite da velha rotina, quase nada a comemorar, sem a presença das iguarias somente um velho pão a mastigar, gritos só de dor, somente a alegria em poder ajudar,e vejo ao longe a tristeza da família do zé, agora em seu último passeio, sem sirenes ou alegria em chegar, indo para a nossa morada final , porque no final somos todos iguais.
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Links Utéis:

Conselho Federal de Medicina

Ministério Público Federal

Departamento de Polícia Federal

Agência Nacional de Vigilância Sanitária

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